a million parachutes

for us

30 junho 2003

:: televisão

ando pensando muito em tv. em ter minha própria tv. acabei de visitar o site da telvis e pensei no programa que a gente fazia na eca. o domínio parachutes-tv.kit.net já está reservado. mas não sei bem como fazer. não é algo que vou atualizar sempre dada as minhas dificuldades técnicas. mas gostaria de fazer vídeos. estudei tanto isso e por que não incluir nesse weblog que já é tanta coisa?

tem tanto vídeo que passa na minha cabeça... assim como tem tanta idéia que me vêem... tem tanta coisa que acontece que merece ser registrada... tem gente que fica mais graciosa em vídeo... vocês já viram o topete do alê? e as sombrancelhas da mari? e o danilo empolgado com matchbox20? e o fudge dizendo "não fode!"? e a frasca de pilequinho? e nem te vi ainda liza! e a lu dizendo "me polpe!"? e a re dando soquinhos? e a heloisa sendo a heloisa? tanta coisa...

em julho... coming soon...


29 junho 2003

:: mérito


não vou discutir o meu mérito sobre o que está escrito aqui. as pessoas acham que sou eu quem torna tudo isso o que é. em parte sim. mas se há beleza nesta tela azul é porque há muitos bons materiais. a minha realidade, a dos meus amigos, dos meus amores, dos sonhos compartilhados. aprendo mais do que aprendem comigo e sei que esse aprendizado não tem 30% representado aqui. há muito que fazer ainda. muito e muito. e isso me alenta porque está longe do fim.

quero dizer que ando bem feliz. um pouco cansado, mas muito satisfeito com as mensagens de carinho e de força. hoje estou mais do que nunca longe de fechar esse blog. ele me é querido porque há muito de vocês. lamento um pouco ele não poder ser mais variado e sofisticado, o tempo e a falta de capacidade limitam. mas faço deles motor para continuar.

começa um novo tempo para mim. os dias de universitários já se vão. alguns sonhos vão sendo cancelados para depois. outros nascem pela ocasião. sei que muita gente vai tomando outros caminhos e cada vez mais vejo que é bifurcado e não paralelo ao meu. a eles digo: "adeus e boa sorte, espero revê-los".

ao contrário de antigamente, hoje sei que não estou tão só. muitas pessoas vão comigo e foi uma decisão minha também estar com elas. a gente sempre acha que pode estar incomodando, mas muitas vezes não é isso. e só arriscando que a gente sabe se é um mala ou um alívio.

penso nas pessoas que deixei de estar próximo. penso nas pessoas que deixaram de estar próximas a mim. penso nas pessoas que nunca estiveram, embora parecessem. penso nas pessoas que sempre me viram próximas mesmo eu não sabendo. penso nas coisas que deixei de fazer, em pequenas renúncias, nas coisas que não larguei mão por teimosia ou perseverança. penso nas escolhas que fiz e sei que muitas dela fiz de coração. traí muito pouco meu coração; é algo do qual devo me orgulhar.

resistam a normatização do mundo com pequenas táticas amorosas. e força sempre.

28 junho 2003

:: songs for luiza

.analgésico #01

onda andas que não mais te vejo.
longe, mas volto, prometo.
mas é tão longe que não se viam
as canções vão ficando pra trás.
são essas dores que me angustiam,
só isso, penso, e nada mais.


anda tão isolada, indisposta,
fico pensando por que se isola.
é uma forma de me por a prova,
de vencer o que me apavora.

mas é tão necessário ir tao longe?
sim, para inibir dor que corrompe.

mas quanto a ti? nao te prejudica mais?
talvez, mas prefiro assim desse jeito.
mas dói em mim também o que dói em seu peito,
não é justo que me exima da cura e da paz.

vou melhorar e nos vêmos semana que vem.
falaremos das dores e alegrias das cancões.

sim, de elis, funk e da mariana também,
e talvez do que se passa nos corações.

(melhoras, lu, torço por aqui...)

:: tesouros


charlie brown, bete pimentinha, linus, snoopy. a invenção de schulz é um dos maiores tesouros da humanidade. acho tão precioso quanto qualquer dostoievski, kafka e faulkner. lembro-me dos episódios televisivos e fico impressionado com a sofisticação, a relação com o público, a elaboração, o carinho e a sinceridade de tudo isso.

não se pode subestimar o ser humano...



:: samba makossa

samba, samba, samba, samba...
onde é que você se meteu antes de chegar na roda, meu irmão?
a responsabilidade de tocar o seu pandeiro
é a responsabilidade de se manter inteiro.

27 junho 2003

:: blue prints

ando pensando na nossa casa. na invenção dela. quantas portas e quantas janelas. quantas cozinhas, toda ela cozinha. toda ela banhos tomados, pisos de salão de dança. varanda para escapismo. varanda para escapar. lugar para fazer sopas, lugar para tomar chás. lugar para colocar pés em águas quentes. lugar para papear.

possibilidade do secreto. possibilidade de revelações. refletores, luzes indiretas. um jardim japonês. baía para as carpas e porquinhos. árvores de fruto, vasos com morangos. perto dos amigos, perto do céu.

paredes de anotações. paredes coloridas. giz pastel. recorte. uma casa como uma caixinha de presente: aos poucos preenchida até dizer o quanto se ama.

:: landscape



aquilo ao longe é o que eu tinha para te oferecer mas você não viu.
:: dreams

tenho tido insônias, continuidades.
a noite me encobre feito asa,
encontro abrigo no silêncio das estrelas
e faço personagens dos seres noturnos.

o zumbido das luzes públicas,
o desfilar dos cachorros sem dono,
o pulo dos gatos malhados,
tudo são metáforas de minha insônia.

horas na internet baixando músicas desconhecidas,
às vezes falando com desconhecidos em línguas desiguais.
o som do teclado me alenta. releio minhas mensagens.
releio suas mensagens. o relógio recomenda: durma.
mas eu não durmo. ainda resisto sem esforço.

deixo baixo o aparelho de som,
tocando esse hip-hop amigo.
penso que a academia desconhece
a quem serve. a academia se serve.
muitos livros para ler ainda
dentro da limitadíssima lista já feita.
uma lista que constantemente é refeita
segundo minha presunção, desejo e amor.

por que não durmo, meu deus?
para evitar o sonho?

não, a realidade já está impregnada de sonhos.
sou eu quem não quer me desfazer deles.
:: uma bolsa

dentre os vários logos desse blog, existe um do qual saiu a seguinte discussão: "a mulher que olha para o mar, espera se jogar ou espera por alguém?". a bolsa que segura é a resposta.

:: afinidades eletivas

as nossas afinidades, os nossos gostos,
as nossas perspectivas, os jeitos de olhar
são tão próximos que me espanto.
é como se me visse num espelho d'água.
quando te encontrei, me encontrei.

e te encontrando, vi coisas em mim que ignorava.
conhecia, mas deixava de lado, criado-mudo.
uns sons, umas palavras, duas palavras,
algumas linhas do rosto, algum toque mais quente
que havia em ti, mas em mim também.

quando te encontrei, passei a gostar mais de mim.
:: frase

"para quem sabe ler, um pingo é letra."

26 junho 2003

:: os livros não são sinceros

quando vi que a priscila entrou no mesmo ônibus que eu, percebi o quanto a vida pega essas peças. ela é uma amiga com quem se conversa de tudo. queridíssima. todavia, ela não me viu e sentou-se num banco em frente, perto da porta de saída. pensei em lhe falar, mas sua solidão me pegou. pensei que nunca teria outra oportunidade de ficar a observando.

era um ônibus que ela dificilmente pegaria porque dá muito mais voltas até chegar a sua casa.

quando aproximávamos perto do meu ponto (e ela sabia que era o meu ponto), disse em seu ouvido sorrateiramente: "pensando em mim?"

ela se surpreendeu e disse que sim. não por causa do ponto, mas por causa do filme do wim wenders "tão longe, tão perto".

-- nossa, coisa de anjo. ela disse.

e me acompanhou feito um até a minha casa.
:: casal

o casal comprara aquele queijo suave que se falava na televisão: gruyere. ele, no ônibus, observava a ousadia da mulher em gastar tamanha quantia que poderia comprar o triplo em muzzarela. orgulhava-se dela. uma pessoa corajosa, pensava enquanto fitava o queijo.

tentava cheirar, mas o plástico envolto não permitia que exilasse qualquer cheiro. ela articulava: desceriam para dois pontos antes para passar na padaria para comprar pão italiano, não o francês que é subsidiado para pobre, mas o italiano.

jantaram só isso.

a mulher guardou um pedaço escondido para fazer uma graça na marmita de seu marido.

e seu marido achou graça.

:: sing, sing, sing

sempre quis ser cantora. ouvia as canções no rádio; era sua melhor companhia. seu pai sempre esteve viajando a trabalho, era quase um estranho. sua mãe sempre trabalhou muto e sempre esteve a ponto de abandonar tudo. talvez sua mãe a culpasse pela vida dita infeliz.

ser cantora era abandonar a velha casa. correu o risco; foi para a cidade grande com seu violão. cantou na noite. nessa época já deixara de ouvir rádio. chegou a gravar um ep que vendeu pouco.

desiludiu-se de tudo tal qual sua mãe. e percebeu.

escreveu uma linda música para ela. gravou num ep limitado. despediu-se. a critica adorou. ela mandou para a sua mãe e foi trabalhar num banco.

24 junho 2003

:: comemoração?

este humilde blog está comemorando hoje 6 meses de existência. com muitas alegrias, tristezas e acima de tudo: felicidades. vou providenciar um edição em zine para a ocasião, além de colocar a novidade abaixo mencionada. agradecimentos aos leitores.

23 junho 2003

:: coming soon

em julho vai ao ar uma novidade... parachutes.tv! aguardem...
:: a felicidade não se compra

assisti novamente a este filme que adoro. melodramático no último, mas que me dá uma paz no coração (se prestarem atenção este blog todo é melodramático). uma esperança inventada. dá vontade de ter algum valor nessa vida. um valor nobre e humano. de ter uma casa difícil, mas minha. mulher e filhos. e acima de tudo: dá vontade de ter mais amigos.

p.s. agradecimentos a dea e a frasca pela companhia.
:: espiral

há poucos dias, colocaram nos muros do cemitério da consolação espirais com material perfurante. a pedido de quem e porque, eu não sei dizer. para evitar que roubem, vão dizer os sensatos.

mas acho que nos cemitérios, o que vale é a sensatez dos mortos.

:: cristiane conti

muitas felicidades, menina cereja, neste dia. muita saúde (mesmo). muitas alegrias (mesmo). muitos sorrisos certos para você entortar. continue com a insanidade, a vida sonhada, desejos para serem completados que nem forca. lembranças de desejos resolvidos. muito amor, lá, naquela caixinha que é coração. fiz essa mensagem brega de propósito para você chorar. se não chorar, tudo bem. ano que vem eu consigo.

22 junho 2003

:: pensamento de uma amiga

"a poesia bonita não é profética. a poesia bonita é anti-profética."

interpretação da própria: "acho mais bonitinho quando você não tem certeza das coisas".

tá né? fazer o q? =)
:: milena

descobriu que seu nome vinha do livro de kafka: cartas para milena. seu pai não era um erudito, fora dona de uma banca de jornais. sua mãe morrera quando tinha 7 anos. era uma boa dona de casa e muito pouco dada a livros. não sabia se era seu pai quem havia lido ou sua mãe. pensou em perguntar, mas envergonhou-se. não se dava tão bem com ele. resolveu pesquisar por si própria.

já havia lido "a metamorfose" para a escola. lembrara que não havia entendido muita coisa, mas gostara do fato de alguém virar barata. deve ter alguma coisa com sangue de barata, pensava. mas nunca iria colocar isso na prova.

conseguiu pegar emprestado o livro na biblioteca. pensou com ansiedade as semelhanças com a personagem. leu em uma semana, entre escola, trabalho e deveres domésticos. um dia, seu pai pegou o livro e começou a folheá-lo, milena chegou em casa e o pegou no flagra. perguntou a ele o que fazia.

-- me lembro desse livro. dei um para a sua mãe.

-- foi daí que ela tirou o meu nome?

-- hum... pode ter sido.

-- é um livro especial, não é?

-- não sei. não li.

o pai percebeu a tristeza de milena.

-- mas lembro que dei para parecer mais inteligente. sua mãe gostava de pessoas inteligentes.

milena foi para o quarto. pensou em quanta coisa está a revelia das coisas que a geraram. não tinha sua mãe, mas sentia pouco a sua falta no dia-a-dia. assim como seu nome de nada tinha com a milena de kafka. pensou que talvez kafka escrevesse sobre a revelia das coisas, depois pensou que não era nada disso.

:: sebo

o capítulo que precisava ler para a prova de lingüística estava num livro que há muito foi editado. pensou em fotocopiá-lo, mas se pôs o desafio de encontrar o livro mesmo porque estava numa fase em que a lingüística poderia explicar as coisas desse mundo.

foi em uns 5 sebos até encontrar o tal livro. teve uma felicidade secreta, deixou o pacote na bolsa até chegar em casa. começaria a estudar de noite e de quando em quando se intrometeria nos outros capítulos.

abriu o capítulo a ser estudado: psicolingüística. foi quando deparou-se com algo estranho. o antigo dono trocou a palavra "oral" por "anal". achou graça. a troca voltou a se repetir na página seguinte. e quando deu por si, percebeu que todos o "oral" e suas variantes haviam sido trocados por "anal" e suas variantes. aborreceu-se. algum tarado, só podia ser. procurou alguma pista em todo livro, mas não encontrou nada.

desistiu de estudar. sabe-se lá em que mãos haviam passado o livro!

quando chegou o dia da prova, não sabia o que fazer. o professor perguntou porque tanto nervosismo, pensou em mandá-lo tomar no cú.
:: feliz aniversário

hoje é aniversário do ser da foto abaixo. saji, abraços, cara! vê se toma rumo na vida!!! =)

:: pés

olga olhou para seus pés. que pés lindos! talvez se fossem menos brancos e mais iguais poderiam falar coisas surpreendentes. o banho trouxe frescor e sabia que tinha que usar meias para evitar a friagem; encarou-os. vou vesti-los, chega de nudez por hoje.

seus pés ainda usufruiam o peso e a lisura do edredom quando olga os pôs no chão para ir até a gaveta e escolher as meias. tinha uma coleção. de etnias, nacionalidades, espessuras e línguas variadas. escolheu uma da nova zelândia com ondas em relevo.

sentiu-se mais quente, menos tendente a doenças invernais.

passou-se alguns minutos e um silêncio abismal tomou conta do quarto. viu-se só e pensou em estrelas, bandas, versos e metrópolis para evitar que se sentisse só. teve terçol.

tirou as meias. conversou com seus pés sobre como poderiam fugir, sobre o disco novo do radiohead, sobre casas com tetos solares e sobre políticas públicas até o momento que cansou, enfranqueceu-se e começou a tossir.

21 junho 2003

:: vogais

estou absolutamente chocado. acabei de saber que a língua portuguesa não tem apenas 5 vogais a saber: a, e, i, o e u. sim, amigos. a língua portuguesa, essa nação em que desenvolvo essas coisas amorosas tem na verdade 12 vogais! sim, 12. uma duzia.

toda minha vida pensei que fossem 5, como os 5 dedos da mão. agora que sei que são doze, eu poderia ter tido 12 dedos!!! e onde estavam vocês, 7 dedos, quando eu precisava! quando eu pegava o talo do creme do bolo! quando eu contava o quanto eu amava alguém.

e se ao invés de associar aos meus cinco dedos, eu associasse com os meses do ano? que outro sentido a minha vida faria? por que nos ensinam 5 se são 12? explicação acadêmica: 5 é um jeito simplificado. poderiam pelo menos colocar isso nas cartilhas, pô!!!

a lista que eu tenho aqui ainda tem nove. minha irmã ficou de achar os outros três. talvez doze sejam muitos mesmo. esses três poderiam me ser essenciais e não saber.


:: Flush garden

Pensa que eu não vi
De manhã bem cedo
Você com o regador
Camiseta de jardineiro
Sorriso esperançoso
Toda a calma do mundo no olhar
Curvado e contemplando
O seu jardim de trevos de quatro folhas
Enquanto o regava
Como em uma oração
Pedindo para o mundo ter mais esperança?

(por liza serafim)
:: hoje estou lyric para vc

a lyric, a time, a crusade, a line
one minute, a friend, a road without end
a lyric, a time, a crusade, a line
one minute, a friend, a road without end

p.s. quer ter um estrada sem fim?
:: fim do inferno astral

ainda que ache que é meio precipitado dizer, vou declarar meu inferno astral como encerrado. e se depender de mim, não haverá mais tantos momentos obscuros e sofridos como esse. desafio esses seres mitológicos a fuder de novo com a minha vida! se fuder, tem troco, só digo isso.

obrigado aos amigos, como diz drummond, essa palavra-tudo.
:: registro

hoje foi um dia de decisões. serenas decisões. talvez eu as não percebesse assim se fosse qualquer outro dia. mas faço um quarto de século como dizem por aí. e esse texto é um registro, porque quero lembrá-lo com detalhes.

acordei cedo. tomei um banho e fiz a barba. arremessei algumas bolas na cesta improvisada que tenho em casa. acertei muitas mesmo não pensando insistentemente em acertar. olhei para o vaso de trevos de quatro folhas e decidi: vou cuidá-lo. terei sorte, tenho sorte. vou dá-los aos amigos, aos convivas, aos amores para que tenham também. é preciso um pouco.

encontro o cartão da liza. receio em abri-lo. não quero estragá-lo, passo quase uma hora pensando em uma forma de não danificá-lo. é lindo: giz pastel e recortes de frases. penso nela... é um dia feliz.

vou ao cinema. encontro a frasca, ela me dá um presente, dois. o cd do los hermanos e uma bolsa para que guarde minhas coisinhas. a paula e o leandro chegam, vamos comer pizza. morango com chocolate. a mariana aparece. linda, eu a amo com mtas forças. a paula e o leandro tem que ir, o saji chega, vamos ver o novo do furtado, também chega a fer.

o novo filme do furtado é maravilhoso. faz mto tempo que não vejo um cinema brasileiro bom. barato e inteligente. tenho esperança no cinema brasileiro novamente. roteiro lindo, tema jovem, engraçado, pedro cardoso o cardoso.

saio do cinema extasiado como há nunca ficava. penso que muitas pessoas acharão defeitos nesse filme, afinal, eles existem. mas saio com a convicção de que se eu tivesse que dar dinheiro, daria ao furtado.

vamos na paulista. tomar um suco, conversamos sobre dificuldades, alegrias, rimos. preciso ir embora. no metrô a nívea me liga, sua voz me alegra mais. diz que está na cama, me deseja felicidades. depois a renata e o fudge que me escreveu um poema lindo.

chego em casa. tenho frescor. a liza me liga como prometera. está sensível, pergunto se recebeu meus presentes. diz que sim, que conheceu a rossana e que se emocionou. peço para comentar a seleção e ela diz que o fará. percebo por ela que há muito mais sentimento nesse mundo do que havia pensando.

ouço o recado da luiza. está quase sem voz. parece sofrer. sinto sua falta. espero pelo amanhã.

hoje senti que poderia viver até os 80. vi um horizonte, não só especulei. acho que aprendo a envelhecer mesmo tendo tanta ansia e vontade. não foram muitas as pessoas que lembraram. penso quantas já esqueci também. não me culpo e não os culpo. há outros compromissos mais importantes entre nós. penso nas pessoas que celebraram comigo: frasca, ale, fernanda, leandro, paula, renata, fudge, nivea, luiza, mari e liza. talvez outros também tenham e eu não tenha sabido. estou feliz, mto feliz. penso que posso ser qualquer pessoa que queira. posso viver outras vidas. posso ser eu mesmo.

vou vivendo, acompanho quem quiser que eu acompanhe. deixo quem quiser me acompanhar. decidi.

19 junho 2003

:: sexta-feira, 20 de junho

amanhã, vou acordar cedo.

tomar um banho com um sabonete novo e roubar um pouco de condicionador da minha irmã. usar uma roupa fresca e colorida. vou preparar um chá, deixarei o café para o sábado. camomila como recomendado. prepararei torradas no forno, já que não tenho torradeira elétrica. ligarei o computador para ler os emails e abrirei a janela para sentir o calor ou o frio do dia.

comprarei o jornal do dia. lerei as notícias enquanto os noticiosos televisivos mostram o que já saberei. depois anotarei as receitas que puder dos programas femininos, pensando em substituições de elementos. baunilha por chocolate. assistirei aos desenhos repetidos até me aborrecer um pouco e começar a ler "a viagem" de virginia woolf.

vou deixar tocando uma compilação que fiz para a liza. vou rever as compilações que já me deram. vou arrumar um pouco o meu quarto e deixar os livros e as fitas vhs organizados por autores e diretores. vou gravar uma nova compilação com coisas que baixei hoje.

vou ao cinema, encontrar amigos velhos. assistiremos ao novo do furtado. e almoçaremos pizzas variadas. depois, voltarei para casa. para pensar nesses dias. pensar se eles estão me consumindo ou eu a eles.


18 junho 2003

:: carta

cara luiza,

pensei em escrever uma carta recontando como nos conhecemos ou como nos apegamos. história que já foi dita e ouvida e que por mais que seja querida, quase não teria invenção. talvez daqui a alguns anos posso recontá-la com maestria de cronista, mas hoje me falta experiência e talento.

hoje vou nos reinventar. fazer de conta que a vida é menos exigente e apressada. vento na cara e mão que se sente. hoje não terá dor, cólicas, pequenos sangramentos. a vida vai pedir calma, mais tempo para seus e preparação para a noite. sim, luiza, hoje vou inventar uma noite com música e letra de cortar o coração. vozes profanas, desesperadas de gritos ou contidas feito lágrima. talvez sua coluna aqui nunca mais volte, mas hoje esse blog é sua coluna. vou vesti-la com cores e cheiros e não se arrependerá do tamanho dos cabelos. sapatos vasculares e danças em disritmia.

hoje arquiteto lua e sol concomitantes e estrelas polares. oração de querer bem. filhos, talvez dois.

deixo para os outros recontarem com detalhes e requintes a história que começamos. hoje construo, reelaboro, invento. só não invento esse amor que me faz inventar.



17 junho 2003

:: rubem braga

o que falta neste mundo são leitores de rubem braga!
:: polaroids


a chris é uma dessas meninas loucas que não se encontra por aí. tem que olhar pro céu, tem que mandar as coisas pra puta que pariu, tem que ter uma transa escandalosa para perceber o fino de seu humor. imagino ela com uma garrafa de vinho barato, atrapalhada com papéis velhos e apertando freneticamente o search do aparelho de som. um dia, o sol vai nascer só para você, todo mundo vai achar que não, mas você e eu sim.

(veja a exposição online de alguns polaroids dela e seus amigos)

http://floozybabie.blogspot.com/
:: do sétimo andar

pelo telefone, ela:

-- ouve!

e coloca o telefone no aparelho de som:

"Fiz aquele anúncio e ninguém viu
Pus em quase todo lugar
a foto mais bonita que eu fiz,
você olhando pra mim
Alto aqui do sétimo andar
longe, eu via você
e a luz desperdiçada de manhã
no copo de café
Deus sabe, o que eu quis foi te proteger
do perigo maior que é você
E eu sei que parece o que não se diz...
o seu caso é o tempo passar
Quem fala é o doutor
Parece que foi ontem, eu fiz
aquele chá de habu
pra te curar da tosse e do chulé,
pra te botar de pé
E foi difícil ter que te levar
àquele lugar...
Como é que hoje se diz?
...você não quis ficar
Os poucos que viram você aqui
disseram que mal você não faz
E se eu numa esquina qualquer te vir
será que você vai fugir?
Se você for, eu vou correr!
Se for eu vou...!"

ela, voltando:

-- essa música vc fez pra mim.



16 junho 2003

:: nivão


hoje é aniversário da nívea. mtos beijos pra vc, querida.
:: trevos de 4 folhas

vou deixar para amanhã a colheita de seu trevo de 4 folhas. a noite, estão com frio, encolhidos, revoltos no meu dedo, rescusando o trabalho noturno e as horas extras.

:: flores colombianas

deve haver algo de realismo fantástico em se dar flores colombianas de tamanho de uma mão. flores que preenchem a sua mão quase subtraindo-a.uma mão aberta a recebê-la.

imagino a fortaleza que devem ser suas cores. mais vermelhas que amarelas (o congresso internacional do medo diz que as flores amarelas representam o medo). o caule duro feito colher. e a responsabilidade em fazer o arranjo em vaso digno.

e mais fantástico deve ser vê-las orgulhosas desfazerem os cuidados dados para se voltarem a janela, fazendo pouco da gente, e se virando ao sol.


:: a viagem

fui comprar o presente para a luiza e para o saji e qual a minha surpresa ao encontrar esse romance que ignorava inconscientemente a existência: the voyage out, de woolf, seu primeiro.

o editor ainda teve o trabalho de contar a história do livro, desde sua concepção até as suas várias reimpressões. gentilmente, coloca no pósfacio trechos modificados e/ou que não entraram no livro. uns extras tal como um dvd.

resta-me então 2 livros de woolf para ler nesta vida. como dizem lá no exblog o mundo: virginia, não reclame.

15 junho 2003

:: um presente para vocês

vou deixar um link pro manuscrito de uma pequena antologia que organizei pra mandar pro projeto nascente. chama-se: notas ao luc , apropriado na cara dura do one i love que inclusive faz parte do arquivo. é preciso ter o acrobat reader .

sendo assim, acho que já está bom, como diz a cereja, vou pra lá...
:: samba que fui
(cavaquinhos, pandeiro, samplers, barulhinho de coisa valvulada - para o fudge)

fiz a cama, trouxe o jornal da rua.
pão na chapa com café adoçado.
fechei a janela, o violão pontua
refaço esse samba começado.

meu coração machucado me diz
que morada não quer mais ser.
que não há porque ser feliz
que não tem porque acontecer.

(refrão)
mas a vida tem dessas,
hoje, fiz festa e deboche de você.
e mesmo que ainda não esqueça,
hoje, não vou me deixar embrutecer.

vou abrir as portas da sala,
vou tirar a mesa do lugar,
vou estrear a minha nova ala,
vou tirar dessa tristeza, o samba.

o sol saudoso! pois entre, por favor!
que não há nessa ventura o estar sozinho.
a gente aprende a dançar a custa do amor,
bamba, vive tropeçando e errando o caminho.

(repete refrão)

ah, vou sambar até não mais aguentar,
se me visitar, encontrará a porta aberta,
as roupas na cama, a sala para arrumar,
pão frio na chapa, o café na travessa,

aquilo no varal, é minha alma a secar,
e isso no lixo, os rebentos que tinha.
eu vou embora, eu vou deixar de amar.
eu vou embora hoje, mas volto, um dia.

(repete refrão)

lá lá lá...

:: pensamento

sabe o que há de errado com esse blog? ele é por demais sentimental. ele é muito simplista. ele não tem uma visão geral das coisas. ele tem uma opinião que toma por verdadeiro. seus sentimentos são sinceros mas suas falas são hipócritas. não há construção nele original. são sempre pedaços de outras coisas. tudo é mto dirigido. tudo é particular. deleitem-se os que conseguem aguentar tudo isso.
:: grande hotel

foi um risco. fui no show do kid abelha com a fer (querida e sempre) choroso, com medo de ser choroso. e se eu cantasse com toda minha intenção grand'hotel? o que faria? mas foi um show muito bom. cantei tudo com a alegria devida. não me embrutecerei, aviso. deixem-me alerta. prefiro as feridas abertas ao léu, prefiro chorar sempre; prefiro me expor ao ridículo a me tornar um embrutecido. não quero isso. tento me convencer. não há tempo para essas coisas; a vida pede urgência para mim. penso que nunca terei a sabedoria da paciência e por enquanto não me importo com isso. é muito poouco tempo. outra beleza não há.

14 junho 2003

:: aniversário



a gente tem umas manias esquisitas. eu costumo no aniversário ir sozinho ao cinema. acho que é uma preparação para pensar o dia inteiro na vida. lembro-me de ter assistido ao paciente inglês em uma dessas vezes. saí muito triste, mas empolgado com a porque o cara tinha ido buscar sua amada na caverna. tentei imaginar os sentimentos de impotência e dificuldades que o cara teve até conseguir voltar . imaginei que leria cartas como aquelas que ela escreveu para ele. sei que muita gente acha esse filme melô, mas eu adoro.

nesse ano, acho que vou assistir ao filme novo do furtado, "o homem que copiava". o furtado é um dos poucos diretores que me interessam no cinema nacional. talvez o beto brant e os salles. meirelles talvez.

este é um convite. quem quiser ir comigo, será um prazer. sempre fui só, esse ano mudo as coisas e compartilho. espero respostas.

:: blues

a realidade é muito dolorida. vou inventar uma operação nos meus olhos e enxergar tudo monocromático. tudo azul. tudo potencialmente sendo céu. assim sentirei-me melhor na hora de ir.
:: layout mulheres apaixonadas

como vcs perceberam, o logo mudou. se vcs derem um reload, o logo muda de novo. a andrea me deu a idéia de colocar fotos enviadas por vcs, leitores queridos. entao, mandem para:




:: não venha me ver

por favor, não venha me ver
estou com essas cicatrizes
e o cabelo torto.
faz muito tempo que não tomo sol
e minha barba está grande e tosca.

não venha me ver,
tenho sido choroso
a qualquer fio de beijo terceiro.
por favor, deixe para depois
um outro dia, uma outra vez.

não venha me ver,
deixe-me aqui, cuidadando dos meus.
o trânsito não compensa,
moro longe, sempre longe demais.
é difícil atravessar a avenida.

os ônibus são intervalados.
não tenho café ou conselho.
a minha tv é ruim e não tenho dvd.
não posso com teus minos,
não venha me ver.

13 junho 2003

:: heloisa encontrada

querida heloisa, qto tempo faz que não nos falamos? só hoje pude escrever essa mensagem que nem sei se lerá. nunca sei das suas coisas, esses últimos tempos muito menos. conversas engarrafadas, cada vez mais difíceis. faz bem você evitar. eu tento mas não consigo. me conveceu que está melhor, então, será minha última fala aborrecida, blá-blá-blá de querer bem.

coma melhor, evite desgastes desnecessários. sei que gosta do trabalho e do estresses porque indica vida, mas há outras maneiras menos tempestuosas de sentir a vida. pode ser que não as queira e eu estou só dizendo que existem. estou ainda pensando em seu presente. estou receoso porque tenho a impressão de que não a conheço mais, embora que um pouco. antes eu tinha uma segurança baseada na certeza que tinha simpatia por mim. hoje, tenho vontade de acertar um presente adequado a seu momento. mas será um presente de longe. um risco maior de gosto ou desgosto. sinceramente, não sei o que fazer.

feliz aniversário. muitas felicidades. que possa se deliciar com as guloseimas e mensagens de hoje. este post é doce, açúcar de confeiteiro. faço bastante para que você sorria de satisfação. mesmo que seja uma piada sobre o ridículo. agradeço o tempo gasto com minhas coisas, embora você mesmo diga que não é necessário.

gostaria de dizer algo mais tenro. te dou um abraço um dia desses e espero que nele esteja toda bondade possível. e que vc possa perceber que isso tudo é menos blá-blá do que parece.

muitos bjs. não esqueça seu presente.

márcio
:: chá mate

a vida é mto curta. senti isso hoje tomando um chá mate. me deu um pânico repentino. pratos quebrando, ônibus apressados e visão imaginada de outra vida.

meu jeito desarticulado enriquece minha alma porque exagera os defeitos humanos. acho que não sou bonito e isso dificulta que as pessoas se apaixonem por mim, mas às vezes, sim.

fiquei com medo de acordar amanhã e enfrentar o dia. perdi meus parâmetros de bem estar e quase me torno choroso. a renata me diz coisas que me fazem pensar; reencontrei-a depois de mto tempo. falamos sobre amenidades. a liza me ligou dizendo para não me preocupar, está momentaneamente (e que haja infinito nisso) feliz.

e percebi que a vida é curta. que está tudo perdido, mesmo que se encontre agora. que qualquer luta contra a eternidade é realmente já vencida como o andré que desafiou as palavras.

e o que eu faço com esse blog e com outras coisas mais é inventar vidas para alongar essa, para perpetuá-la como os números irracionais.

está na hora de parar com isso. está na hora de tomar mais chá com a re, de visitar a liza, de sentar com o andré e enganar as palavras. está na hora de ligar para a bruna e ir assistir "a festa nunca acaba" com a priscila, de ensaiar e compor com a mari e almoçar mais vezes com a luiza. de sair com a frasca e bancar o alcoviteiro para o fudge; de planejar esbarrões com a ciça e conversar melhor com a dea. de mandar um email pro ponts e encontrar um modo criativo de dizer a helo o qto quero bem e tantas coisas mais que agora não consigo lembrar.

está na hora de juntar dinheiro e morar longe, longe mesmo, para convidar as pessoas a me visitarem.

a vida é curta para tudo que quero fazer. quero encontrar para a re uma bolsa para europa. quero ter uma máquina de xerox para o zine. quero um estudio para gravar as músicas da mari, quero fazer rádio com a luiza. quero entender de habermas, bordieu e certeau para falar com a pri, quero bandalheiras pro saji e frasca, quero estudar medicina para salvar a liza, quero jogar tudo que já escrevi no lixo, quero socar a cara do bush e dirigir a julia roberts. quero pular de paráquedas e ter a sensação de que talvez não o abra.

quero escrever um livro de poemas que possa ser dado de presente; quero descobrir uma maneira de estar no japão em menos de um dia. quero poder cantar, não quero mais dançar. quero me apresentar ao vivo com a banda. quero ter a chance de consertar meus erros, quero ter a chance de cometer outros.

quero a vida sonhada mesmo que saiba que ela é curta como qualquer outra.

11 junho 2003

:: epifânias

uma foto de uma menina com os braços abertos.
-- o que você acha?
-- alguém dizendo: "posso voar" ou "abrace-me". uma questão: será possível voar abraçado?
-- é para isso que servem os parachutes.
-- aaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhh!!!

(com co-autoria de liza serafim)

10 junho 2003

:: presente

meu aniversário está próximo e não sou mto de pedir presentes, mas vou abrir uma excessão. galera, me dêem palhetas autografadas por vcs! por dois motivos: 1. nao aguento mais fazer palhetas com cartoes de telefone. 2. se vcs assinarem, tomarei mto mais cuidado em não perdê-las.

09 junho 2003

:: ando pensando

penso se a nossa vida não é sonhada por demais,
se ela está se liquefazendo de tantos planos e invenção.
se ela é uma grande fuga dos reais problemas do dia-a-dia.

esta vida sonhada
em que há sempre uma trilha sonora,
em que há poesia em cada palavra,
em que há drama em cada ação,
em que me aproprio dos conceitos e normas
e os faço mais divertidos,
em que há tanta esperança,
mas tanta,
que se desconfia.

08 junho 2003

galera,

o zine da amorosa cia pneumática (http://www.amorosa.tk) está querendo fazer uma edição especial para o dia dos namorados que foi reinventado para o dia do amor e queremos a sua ajuda.

mande-nos uma declaração de amor para o seu amado (a)!!!

marcioyonamine@yahoo.com.br

pode colocar o nome do amado(a) ou não.

o zine sai na quinta!!! por favor, corram!!!

[]s

márcio
:: guitarra elétrica

a corda si do meu violão rompeu-se, acabo tocando todas essas tablaturas que baixo da internet na guitarra mesmo. hoje estava tocando "eu sei" de um jeito elétrico e mais melancólico. e parecia outra música, mas com a mesma potência original. e mesmo cantando, me parecia um outro jeito de cantar. como se cantasse para você fosse diferente de tudo que havia feito antes.

pensei que o amor fosse algo assim. o amor é um jeito diferente de tocar velhas canções. é reinventá-las ao modo que ao amor convier.
:: domingo

hoje eu vou tirar o dia para consertar os erros...
... todos esses erros de grafia e português.

07 junho 2003

:: para fernanda frasca

faz muito tempo que a gente se conhece, não é mesmo? desde seu primeiro ano na facu que a gente vai conversando, jogando conversa fora, falando besteiras. 4 anos já. e para muita gente parece uma vida, para mim parece que foi ontem. você andava bastante com a camila, mas as coisas mudam e você também mudou. os mais próximos são outros e eu até.

sempre prestei atenção se você vacilava, se você se enfraquecia às vezes. muito dificilmente vi isso acontecer. mas algumas vezes, aconteceu. uma palavra fudiga, um comentário mais misterioso e doméstico, um silêncio um pouco maior que o normal. há nos seus gostos, acho, um pouco dos seus desejos. há nos seus surtos, um pouco de sonho. há na sua serenidade, força e coragem. há na sua virturde, uma vontade de ser mais.

quero dizer o quanto foi e é importante para mim. o companheirismo desmedido, a presença nas horas mais fortuitas. na maioria dos momentos de felicidade nesse quatro anos, você esteve presente de alguma forma. não sei o porquê e talvez nem seja importante eu saber. o fato é que parte de mim e da minha história. espero fazer parte da sua.

muitas felicidades. você merece pacas. leitora fiel desse blog, agradeço toda a atenção.


márcio yonamine
:: do caderno secreto de olga camus #03

sete

platão, amo.
você é uma idéia.
amo você como idéia.
e me foge seus toques,
sua percepção sobre mim.
amo a idéia de que você existe
e que talvez eu existisse menos sem você.

oito

será que gosto de você?
minha insegurança permite mais que uma resposta.

nove

tenho pressa. almoço rápido. há mta coisa a fazer.
você não está aqui e de quando em quando nem sinto sua falta.
mas agora sim.

:: notícias quentes

acabou de sair a mais nova edição da amorosa companhia pneumática. o número quatro já está aí.

recomendo a leitura de as horas, um blog epistolar.

e por fim, o blog da liza e do djalma, cartas ao poeta. para que não embruteçam.

06 junho 2003

:: desfeito em luz

sopro teu
só pro meu prazer.
soda quente
e tapetes africanos.

renovai suas frases de desculpas, por favor...

devagar, meu bem.
devagar, meu bem.
devagar...

porque eu não sou desfeito em luz.
eu não sou desfeito em luz.

meu avião não vai para alegre, não.

cansa-te.
cansa-te.
laaa laaaaaaiaaaaa....

(luisa mandou um beijo)

:: visitas

espero sua visita.
fiz muffins e esquentei o café.
há flores por todos os lados, embora o inverno.
comprei revistas. gravei cd's.
os meus livros estão organizados.
a minha câmera tem fita e bateria.

vou contar para você um segredo:
estarei por aqui.

05 junho 2003

:: paula

paula era mulher da vida. tivara uns 600 reais por dia e só trabalhava de noite.

nas quartas-feiras ia para o mercado municipal para comprar iguarias. só ficava a mostra a sua tatuagem perto do cocx. todos os vendedores a tinham como boa cliente. comprava mtas coisas refinadas.

paula não trabalhavam de quarta. cozinhava pratos sofisticados que aprendera com um cliente que era chef. ele foi morar na frança e casou-se e desde então paula começou a frequentar o mercado municipal.

jantava sozinha, fazia questão.

até que em uma quinta-feira encontraram-na morta em sua cama. sobre a mesa restos de sopa de legumes e ervas . o pudim estava intacto.

:: midori

midori era uma palhacinha. todo domingo limpava a entrada do parque e fazia as suas. as crianças amavam; os pais agradeciam.

ninguém sabia exatamente quem era ela. descia do ônibus já pintada. já ofereceram ajuda de custo, mas recusava com um grito surdo e todos riam.

um dia, midori deixou de vir. as crianças choraram de saudade. os pais organizaram comissões de busca e chegaram a contratar um detetive, mas acharam mais barato e conveniente contratar um palhaço.

cinco anos depois, midori veio a praça com seu filho para que brincasse com o palhaço. algumas crianças reconheceram e pensaram que ela tinha voltado.

01 junho 2003

:: do caderno secreto de olga camus #02

quatro

é junho. o inverno é próximo.
o que costumamos pensar no inverno?
você nem sabe o que ando pensando,
faz de entendido como se soubesse meu próximo passo.

qual é o meu próximo passo?
sinto profundamente que você sabe muito pouco.

cinco

ontem usei vermelho para que se apaixonassem.
quando o sol estava indo, confundiram-me com o céu.
e foi assustador como olhavam através de mim.

seis

quando falo e não paro de falar,
era só para parar e falar: tenha um bom dia.
:: dig, nestor e falecia

o mais velho se chamava dig, o malhado era nestor e falecia era única fêmea e a mais nova. estavam se acostumando ao lugar, a comida era para gatos, mas nada que não pudesse ser saboreado. era uma praça onde uma mulher vinha todo dia alimentar os gatos. mal sabia eles que os cachorros eram tão benvindos se não fosse pelo mal cheiro que ocasionam. gatos são mais higiênicos dizem.

dig separou a carne do osso e ofereceu a falecia. nestor tentava entender porque os gatos eram diferentes dos cachorros. as pessoas passavam e diziam: "que lindos! se o mundo fosse assim..."

de tarde, um carro passou. uma menina gritava para os pais, chorosa:

-- mto maus! mto maus!

-- tudo bem minha filha, perdão...

e os dois adultos recolhiam os três de volta para casa.