a million parachutes

for us

31 março 2005

:: 3 am

são três da manhã e não consigo dormir. sei que tenho que descansar porque o dia será longo e terei que me concentrar em muitos pontos e em intervalos cada vez menores. mas o silêncio da noite é ensurdecedor. penso numa época em que a serenidade da noite me tranquilizava. ligava o rádio e ouvia aquele som mal equalizado. todos os meus rádios estão quebrados. os outros estão em outro lugar que não fará sentido ir pegá-los. afinal, são três da manhã. todos estão dormindo. e eu, consciente da madrugada, crio um intervalo que não fará sentido a ninguém. por isso estou registrando. para saber que não é alucinação minha ou sonho decantado entre pensamentos atordoados.

o barulho do teclado me soa aconchegante. sinto-me produtivo embora as palavras, as frases e os temas estejam tão vazios... outro dia me chamaram de poeta. até gostei, confesso. gostaria de ser poeta, mas poeta mesmo. desses que publicam e vivem de escrever coisas cheias de sentido. mas sei que sou limitado. não me dou bem com meus fantasmas. o que posso fazer é escrever duas ou três sacadas imaginando que estou sendo o mais sincero possível. porque é isso que me atormenta: ser o mais sincero possível nas mentiras, nas invenções.

na forma com que eu represento meus sentimentos de querer bem.

a vida vai se esvaindo. o tempo vai passando. penso em neverland, sempre imaginei algo onírico ou o paraíso mesmo. cheio de anjos redentores e nuvens. me ocorre, às 3 da manhã, que neverland está atrás dos objetos, das pessoas, dos sons dos teclados. essas coisas não são portais para neverland. são a sombra da própria neverland. quero enxergar o invisível. o que está por trás, o que meus olhos limitados não podem ver, mas o coração consegue com duas ou três rufladas.

vou dormir. me perdoem o cansaço e as besteiras. às 3 da manhã é a hora da solidão ver as reprises da tevê.

30 março 2005

:: novela

"losangofones" é uma novelinha que estou escrevendo. digo novelinha porque não sei bem onde vai parar. tenho na cabeça de algumas coisas que acontecerão, mas o final mesmo não está fechado. quem quiser acompanhar só a série, fiz um blog só para ele.



mas não se preocupem que eu publico aqui também.
# losangofones #03

nem sou tão jovem assim. aliás até me aborreço com as adolescências. tem todo aquele jeito revoltadinho, mas escorrega no piano quando aperta. prefiro muito mais admitir que sou infantil a crer com eloquência o fato de que sou adulto. ok, pago as minhas contas, com dificuldade, mas pago. e dizem que isso me faz um adulto. quando saí da casa dela, lembrei que tinha que pagar a última parcela do meu mp3 player. pensei em deixar para depois, alguma multinha e belê. me perguntem se fui direto para o trabalho?

nessa hora de medo dos juros etc que a gente vê que é um porra de um adulto.

cheguei alguns minutos atrasados no escritório. o chefe, um sujeito gente boa, olhou um pouco feio. mas estava tão atolado de trampo que desencanou, afinal, eu sabia fazer contas e panilhas e adiantava a minha parte sempre que podia. o cara sacou a minha produtividade e liberou que eu saísse mais cedo. um amigo meu me disse que não deveria fazer isso, porque o cara poderia inventar qulaquer outro trampo a mais. mas é muito sussa. o tempo que me sobra vou para o centro.

e nessa hora vejo que sou uma porra de uma criança. torro boa parte da grana em cd´s esquisitos.

só que naquele dia eu não estava com a costumeira ansiedade de encontrar algo interessante e desconhecido. vi até uma versão japonesa do revolver dos beatles muito barata. mas o estranho é que eu estava procurando algo diferente, algo que atendesse a um outra vontade. saquei que estava pensando nela. porque eu parava um tempo maior nos cd´s que ela tocou. nisso me ocorreu que tudo que eu pudesse comprar ela poderia já ter. comecei a ficar nervoso... pensei em bisbilhotar de novo a discoteca dela para ver o que ela tem de menos. mas e se ela tiver de menos porque nem gosta tanto assim? cheguei a conclusão de que era tudo muito novo e que não precisava me encanar tanto.

comprei uns cd´s virgens e resolvi gravar o meu playlist. talvez uns pavements, talvez uns the thrills. talvez ela goste de uns coldplays toscos gravados pela galera em shows... caracas, não conseguia escolher. coloquei o mp3 player e estava tocando creedence e tive o nome da minha coletânea: commotion.
:: navegar

é preciso voltar a contar histórias.

29 março 2005

:: friendship

estou pensando nos meus amigos. penso em um de cada vez. um me leva a outro. por afinidade, por contraposição. alguns nem se conhecem, outros tantos nem sabem que considero um amigo. já me falaram sobre os graus de gostar, mas amizade tem outras tantas implicações. sinto saudades, muitas. pensei em ligar, todavia. tenho esta estupidez de deixar para lá, como deixo muita coisa para lá para suportar dores que me paralisam. os amigos, os seus significados e o eterno movimento que evocam, me dão alento. mais: esperança.

com os amigos, a gente nunca pensa que será o momento último. os amigos estão aí para dizer que há um dia após o outro. mas hoje estou pensando em um momento último. para alguns poucos, disse com alguma exatidão o que sentia. outros nem sabem, mas desconfiam. há estes mistérios nas amizades... ninguém conta, nem eu, mas posso dizer que não sou o último.

:: sky lamb

se no meu peito coubesse o amor, então eu seria um céu.

28 março 2005

:: all is full of love #02



de olhos fechados nos protegemos
dos ventos e seus pequenos seres sólidos.
mas tome cuidado em não deixar de enxergar
os amores que passam a centímetros da gente.

eu sinalizo para que me reconheçam.
:: all is full of love

meu amor, entoe vibrações e ecos
que os inspirarei para dentro dos pulmões.
impregnarão minhas artérias e músculos
e tecidos e as células e as queimas de energia.
e lhe darei no expirar, além de beijos,
gás carbônico de amor sufocante.


e da minha pele sairá fluídos de eu te amo.
e a minha saliva terá a cor dos que se comovem.
e, meu amor, vou me alimentar dos brilhos
dos teus olhos nos meus olhos fotossintetizantes.
minhas pernas se perderão nas suas raízes
e deslocarei suas raízes para terras novas.
amor é terra a vistas de desbravamentos.

e meus cabelos serão folhagem e flor dos teus sonhos.
e, meu amor, meus olhos desabrocharão corações e pétalas.

26 março 2005

:: fendas para transbordar


[tereza ruiz . rua teodoro sampaio]
:: dead man walking

[vale do anhangabaú]

:: orla



que mar banha essas costas?

25 março 2005

:: o mundo

você não tem a sensação de que tem muita coisa lá fora?
que tem muita coisa para ver,
tanta coisa que não vai dar tempo de ver nessa vida?
e que mtas delas merecem ser vistas
e precisamos de algum modo vê-las?
:: a noite dos tambores silenciosos

os doze grupos da cidade chegavam com seus batuques ao centro da cidade. não havia bumbo que fizesse o chão tremer, mas não era necessário. os passos coletivos ditavam um ritmo de carne. aline esperava encontrar fernando que tocava tambor em um grupo do outro lado da cidade. no carnaval passado, viram e se apaixonaram. esse ano entregariam seus corações a um pacto, mesmo que suas familias não se reconhecessem.

fernando fugiu do cortejo minutos antes de todos se encontrarem na praça principal. aline já o esperava num fundo de bar. os dois se beijaram e trocaram juras rimadas. a meia-noite, como a tradição, fez-se a escuridão e todos os grupos pararam suas batucadas para homenagear os mortos. aline e fernando cessaram seus beijos. ele tampou a boca de aline que ofegava. e dentro dos silêncios dos tambores, todos ouviram corações e sabiam pelas batidas os que estavam ali pela primeira vez, os que não chegariam até o próximo carnaval, os que cumpriram suas juras e os que estavam dispertos para o amor.

e os mortos emudeceram e permitiram que a vida continuasse. e aline e fernando continuaram.

:: mar de dentro

sobre o farol, a vista do mar de fora.
orla, ondas, rochedos, horizonte curvado.
o mar de dentro, o farol que faz vigilia
vê mais que chegadas e partidas.
:: não precisa

caso me entenda, por favor, explique-me.

23 março 2005

:: msn

eu deixo janelas de msn abertas mesmo quando as pessoas já estão offline.

22 março 2005

ana,

estou começando a preparar as malas. não sei se é a mesma sensação que você sente ao partir, até porque não sou eu quem parte, mas tenho a impressão de um trabalho serenamente poético. há muitos cálculos, mas nenhuma exatidão. algumas roupas, toalhas, tênis e produtos de higiene pessoal. penso em como registrarei as boas impressões, além das retinas e dos ouvidos. fotografias, anotações. mas já estou resignado que metade do que te abarca não caberá na minha falha memória.

embora seja um encontro, sinto clarinetes de despedidas. talvez seja esse seu jeito de estar sempre partindo, talvez seja esse meu jeito de encontrar deslocado. choverá? precisarei de blusas e outros aquecedores? ou fará muito calor? não arrisco a água, mas os pés na areia faz muito tempo que não os vejo. será também um reencontro, então.

tomarás o mundo novamente. e eu, a tua cidade e teus ares.

márcio

p.s. pistaches iraquianos já reservados.

:: is this the end of world ?

eu sou do tipo para se amar no final da vida.
:: já tive

já tive dedos compridos,
eu podia tocar piano.
eu podia compor sonatas
para dizer que a vida flui
de uma maneira diferente
para cada um.
potencialmente amorosa
para mim que nasci
com dedos compridos.

hoje meus dedos são curtos.

21 março 2005

:: porque eu sou melhor com suas invenções

querida, não se embruteça.

" Então Nuvoletta refletiu pela última vez em sua leve e longa vida e minguou todas as suas miríades de pensaventos num só. Cancèlou todos os compromissos. Subiu pelos baluastros; gritou um núvil nominho ninfantil: Nuée! Nuée! Um tule ondulou. Ela passou. E dentro do rio que fora uma corrente (pois milhares de lágrimas tinham ido por ela e vindo por ela que era dada e doida pela dança e seu apelodo era Missisliffi) cai uma lágrima, minúltima lágrima, a mais leve de todas as lágrimas (falo para os fãs de fábulas de radiamor, lunávidos pelo ar vulgar de estrelas de celenovelas),pois esta era a milágrima. Mas o rio escorregou lago por ela, sorvendo-a de um trago, como se mágua fosse água: ora, ora, ora! Quem quer chora, quem não quer vai se embora!"

james joyce em finnegans wake / trad. augusto de campos.


:: boa tarde, eugênia

agora que você deixou de culpar a vida atribulada pelos seus horários horrorosos, anda dormindo até tarde sem culpa e nem cartório. faz vestidinhos de pijamas e usa pantufas de salto.

não corre para pegar o ônibus, usa óculos escuro de noite. manda preparar café quando cheira pão fresco da padaria. empina pipas logo após as grandes chuvas e ensaia mamobras de skate em muros alheios. você nem sabe o quanto tento falar contigo, mas esse seu celular fica carregando a carga todo dia. já esqueceu que também serve para falar. mando mensagens eletrônicas e você responde em branco esperando que eu adivinhe se é um leve aceno de sim ou um imperativo de não.

e eu sempre acerto.

já viram você de tarde, comprando o jornal de amanhã. logo, você eugênia, que já esqueceu que existe o amanhã -- ou muito certa está de que ele não existe tanto assim. anda escrevendo para caralho, as coisas transbordadas do coração. apaixona-se de 24 em 24 horas, como um seriado de tevê. falsifica carterinhas de estudante e consome litros e litros de novas cervejas cariocas.

eugênia, boa tarde, aqui quem fala é alguém que você pediu, em outra existência, para lhe comprar algum engov e não deixou trocados.

18 março 2005

:: mar bravio

até que os bons engenheiros se decidam pela colonização, é sobre o mar que podemos ensaiar os nossos vôos baixos. sobre a diáfana e tensa película que separa o mundo das águas, o mundo dos ares e o mundo dos que não sabem o seu lugar no mundo.
:: poeteza

se sou poeta, não sei dizer.
sei que sou demasiado humano.
e há poesia no demasiado e no humano.
estou cheio de poesia.

agora, se sou poeta, é outros quinhentos.
poeta deve ser aquele cara
que não enxerga o demasiado
e nem humano.
para ele, deve ser tudo poeteza.
:: 01:42

já tive tanto amor, hoje tenho saudade.
as palmas das mãos que eram para cima,
hoje apoiam sobre os joelhos o tronco que pende.
o meu rosto que tomba ignora a boca e os beijos.
o cabelo raspado, seguros contra as ventanias.
o tênis macio para os pés que se aproveitam
cada vez mais das tecnologias de locomoção.

já vi tantos significados, hoje vejo fantasmas.
sei o nome de uma centena de cores, mas uso 12 ou 13.
já tive notas musicais, ritmos e harmonia
hoje em dia são só sussurros que produzo.
porque me resignei com a solidão do eco
e deixo o silêncio me acobertar.

já tive tantos planos, hoje tenho memórias.
as caixas, as receitas, o calendário, rascunhos.
os vídeos, as gravações, anotações e desenhos.
já solei um blues, já fiz linha de baixo para jazz.
já sonhei com uma felicidade possível
e já a vi escapar por entre os dedos.

já tive tanto de mim que hoje já se esgotou.

17 março 2005

:: million dollar baby

a regra é se proteger sempre.
nunca baixar a guarda.
todos perdem uma luta pelo menos uma vez na vida.

e às vezes perder é uma vitória.

16 março 2005

:: time.machine

a máquina do tempo que inventei
enfim me vencerá.

15 março 2005

:: sides

eu sou um plano b.
:: nuv.oleta #97

cadernotou pequenas tintas aéreas. os gotábulos voam contra e pum no papelivro. formaram-se palavras, borboletas, ariranhas e outros objetos imaginários. nuvoleta recomçou a contadizer sua história de vida e de morte. com o dedo, digitou sua identicrase no papelivro e abriu a temporada dos sonhos refeitos.
:: closer

te perdi naquela foto.
:: kriptonita

lembro-me de uma noite em que, deitado na minha cama e olhando através da janela, o céu me foi sendo revelado. as nuvens fizeram bailado e se dissiparam, como se no céu fossem apenas névoa. e aos poucos, o espaço sideral foi se construindo e pude ver planetas, cometas e outras entidades científicas. senti meu corpo sendo tomado por aquela imensidão que estava tão longe e ao mesmo tempo me encobria. pensei nos mistérios que nunca solucionaremos ou que não teremos tempo de solucionar. a finitude da vida. se as constelações se importam se eu amo ou sou amado. se serei forte para ser eu mesmo e não um outro. se as crenças continuarão...

e nesse momento entendi o buraco negro. que nem a luz conseguia fugir de sua magnetitude e que ele destroçava a matéria.

e entendi porque inventamos a anti-matéria.
:: losangofone #02

(#01 lá em baixo)

o sofá dela era bom. além de não ter dor nas costas ainda dormi as oito horas necessárias. ouvi o barulho do trânsito e pelas luz que escapava das persianas percebi o adiantado do horário. no banheiro, lavei o rosto e estava com uma cara boa. quando eu voltei para a sala, ela já havia aberto a janela e pude ver as revistas, discos, fotos que havia me mostrado na madrugada. ela recolheu as garrafas de cerveja e levou até a cozinha, comecei a empilhar as revistas e guardar os discos. voltou com um copo de leite e um cigarro e fez uma cara de quem acha bonitinho ajudar. sorri.

-- tu volta lá hoje? ela me perguntou.

-- acho que nem. tu vai discotecar hoje também?

-- não, só às quinta, até o final do mês. o que vai fazer hoje?

-- pensei em pegar um cinema, algo light, nada pancadão da l.ove.

-- tá passando uma mostra do woody allen, só que são os filmes mais novinhos dele... tá a fim?

-- claro!

então eu tinha um encontro a noite, veja só. e eu nem tinha roupa para tanto. só umas coisas muito velhas. pensei nesse apuro... mas se ela tinha coragem de ficar de calcinha bege e uma camiseta surrada do iron maiden, eu não tinha com o que me preocupar. perguntei pelos meus óculos. ela respondeu que estavam no quarto dela. perguntei por quê. ela não respondeu e saiu bebendo o leite e bater as cinzas do cigarro. fui até o quarto dela. com a luz do dia, me pareceu um outro cômodo. muitos livros pelo chão. cd´s sem capas. as roupas de ontem sobre uma cadeira. peguei meus óculos que estavam sobre o criado-mudo e saí.

-- preciso ir. to atrasado para o meu trampo.

-- belê. não quer tomar uma ducha, comer alguma coisa? tenho uma coisa para você.

foi para o quarto e pegou um cd com uma capinha toda desenhada.

-- para você.

coloquei o óculos para ler. era o setlist de ontem. quando olhei para ela para agradecer, algo aconteceu. naquele momento mínimo entre ler "jesus and mary chain" e fitá-la. o sorriso dela me pareceu o mais bonito que já havia visto. beijei com delicadeza. ela segurou minha cabeça e intensificou o movimento. quando nos encaramos de novo, ela e eu estávamos sem graça. fui para porta e agradeci o cd. ela deu aquele adeusinho de pulso. fechei a porta.

voltei para lhe perguntar se iria passar "poderosa afrodite", ela estava ainda na mesma posição. ela disse que não, que eram os mais novos mesmo.

-- ah, pena, adoro o coro.

e fui.

:: estrelas

e quando as estrelas cairem,
e for molhar meus cabelos,
sorte será se tiver um guarda-chuva,
que não me proteja,
mas as guarde.

14 março 2005

:: meeting liza serafim #01

separei o dinheiro da passagem e algumas músicas para gravar um cd. na quinta-feira, lavo o que faltar de roupa e compro pasta de dente, lenço, flor. fará calor em excesso e talvez chova. melhor levar também um guarda-chuva. ela precisará de guarda-chuva? porque eu sempre esqueço e posso deixar sem querer na casa dela.

esconder um pouco a tremedeira da mão e o jeito cansado. acompanhar o passo apressado dela. e não ligar quando, absorta, ela me ignorar.
:: nova antologia

galera, vou fazer uma nova antologia de posts para uma possível publicação. já tentei uma vez, mas desencanei... vamos ver se dessa vez vai. a capa será da dani.

preciso de um título, alguma sugestão? mande para o email: marcioyonamine@gmail.com

agradecimentos a dani e a chris pelo incentivo.
:: show da luisa mandou um beijo

na próxima sexta-feira, dia 18, a "Luisa mandou um beijo" fará o show de lançamento em São Paulo de seu novo cd! Junto, haverá a festa de lançamento da primeira edição da revista "Club de las serpientes", que traz uma matéria com a banda.

Local: Funhouse (Rua Bela Cintra, 567 - São Paulo)
Horário: 23h
Preço: R$ 5 (entrada) + R$ 10 (consumação mínima)
:: e a vida continua

se você consegue parar o tempo com um registro inexato como o do coração, sabe bem que só resta para vida é continuar entre ruínas e pistas...

13 março 2005

:: placa

"coração em concordata fechado para balanço.
esperando a nova lei de falência."

:: constantine

o que me impressionou são as asas e o tamanho do abraço possível.

12 março 2005

:: praia

ela : já entrou no mar?

eu : já sim

ela : e qdo olhou pra areia o guarda-sol que vc tinha como referência acabou ficando numa direção totalmente oposta da que imaginava estar? não foi ele que mudou...foi vc que se perdeu na levada das ondas...né?aí vc só volta a achá-lo , se parar...e olhar pra areia de novo. ele tá lá! =* eu pensei nisso agora. qdo criança eu ficava encafifada com isso... via minha mãe acenando brava do guarda-sol e não entendia como ele mudava de lugar. hahahahahahaha tontinha..

eu : a culpa é das ondas que nos fazem perder a referência.mas a referência nunca está perdida.

ela : vamos achar o nosso guarda-sol!
:: espirro

uma metáfora que nasce é uma fadinha que diz saúde.
:: auto-retrato #02

minhas mãos estão sempre quentes. meus pés, quase nunca. a minha pele muda de tom por causa da cidade: marcas de janelas de ônibus, camisetas, prédios espelhos, falta de árvores.

na minha cabeça, sobrevivem muitas lembranças. se todas elas pudessem marcar minha pele, eu seria a sombra e luz refratada de outra cidade.

11 março 2005

:: a noite

vou deixar que a noite me encubra com seus signos
e desloque em mim a consciência do fim.
que me confuda em meia-luz o começo e o meio
e não reste a necessidade de esperar.
o vôo cego do pássaro através dos prédios,
ouço as rufladas entre tosses e gritos de torcida.
no meu coração vazio, o espaço para ecoar
mensagens de amores que não se realizaram
por pouco, muito pouco. amores de vésperas.
amores cuja única condição era apenas um encontro.
vou deixar que o sol refaça os caminhos
que há muito já abandonei por falta e judiaria.
deixar que me queime, a chama, o calor
que transforma, executa e joga para a atmosfera
outras esperanças e teses conjugais.

vou deixar que me leve a tarde,
na troca de guarda. no intervalo morto.
onde uns perdem todas as fés.
e outros as conquistam.

:: sem foco

parachutes : cara, imagina a gente montando uma produtora? não ia dar certo.

pin: de loucos!

parachutes: a gente teria de contratar alguem para nos focar! "marcio, dani, foco por favor!"

pin: vão dar tapas na cara da gente! VOLTEM!!!

parachutes: aih a gente olha para a pessoa contratada: "quem é voce?" ela:vcs me contrataram para foca-los! a gente:ah, é. a gente:bonito seus sapatos. ela: é mesmo. vcs gostaram? a gente: nossa, mto. podia colocar umas estrelinhas. ela: eh mesmo.aih teriamos que despedi-la pq ela tb perdeu o foco. ou contrata-la por nao ter foco nenhum!!!

pin: hahahahahaha...e fim da produra

parachutes: eh!

pin: e eles viveram sem foco para sempre!

10 março 2005

:: losangofones #01

estava tocando um flaming lips novo, achei estranho. normalmente, a galera curte as coisas antigas dos caras porque tem mais guitarra distrocida e uma batera mais pesada. uns 3 gatos pingados foram para o meio da pista inventar um jeito de dançar aquela música cheio de barulhinhos eletrônicos. o resto aproveitou o break para encher o copo e a cara, dar uns agarros nos campanheiros no banheiro ou tentar arranjar algum e fumar perto das mínusculas janelas no fim de um corredor sinistro.

olhei pa a o d.j. e era uma mina. não saquei na hora que era ela o dj, não tinha jeito de quem se expõe facilmente gostos musicais. cabelinho curto, um pescoço lindo e roupas com cores até neutras dentro da saturação comum da casa. ela me encarou por alguns segundos e voltou para o seu trabalho. saquei que era ela quem mandava nas pickups quando colocou os fones de ouvido. fui pegar alguma bebida, necessariamente eu passei perto dela. na volta, cheguei perto e sorri. nem curto muito a área perto dos d.j.´s porque tem sempre alguém bajulando ou pedindo alguma música básica. mas continuei ali. a música terminou e ela já engatou um le tigre para a galera voltar a pista. percebi que ela nem ficou tão feliz.

-- já ouviu o "yoshimi" em 5.1? perguntei.

-- não ouvi. mas dizem que é ducaralho. você ouviu?

-- nem. nem tenho aparelhagem para ouvir uma coisa dessas. me contento na boa com o disco estéreo.

-- a história desse disco é mto boa...

-- posso te pagar uma bebida? fala mais.

passamos a noite falando de música. ela contou sobre suas peripécias como guitarrista e o monte de merda que deu na vida por causa disso. teve que arranjar um trampo nada a vê de telemarketing e mantinha o tesão pela música sendo d.j.

já estávamos na quarta dose de vodka, breacos para caralho, quando ela me perguntou se estava com alguém. respondi que não porque era um desses dias em que saía para a balada só para curtir uma música e as pessoas.

-- quer ir para casa ouvir um chet baker?

-- chet baker é foda. mas tenho que trampar amanhã.

-- te gravo o meu set list de hoje.

naquela altura do campeonato me pareceu um bom negócio. fazia tempo que nenhuma mina pagava para mim. nem pensei se ela tinha boas ou más intenções. tava a fim de ouvir música e talvez beber umas brejas malzebier. acabei indo. nunca ganhei um set list na vida.
:: auto-retrato #01

meu nome é marcio e tenho 26 anos. comemoro meus anos no começo do inverno e no fim do signo de gêmeos. os planetas me dizem que sou difícil, o frio ajuda. mas sou avesso a conjução e temperaturas, embora minha pressão caia de vez enquando. meu nariz sangra às vezes e tenho tremedeira na mão. tenho uma cicatriz sobre o olho esquerdo que as minhas sobrancelhas grossas não conseguem esconder.minhas unhas são feias, mas meu cabelo é bom. minha barba é torta e meu nariz é pequeno. todavia, as pessoas dificilmente me reconhecem na rua, sou um tipo comum na multidão.

09 março 2005

:: blues

-- comprei lápis de cor.
-- faltava cor?
-- faltava lápis.

08 março 2005

:: homme qui aimait les femmes

já há algum tempo me dedico as personagens femininas. torço com certo afinco por elas. sempre quis saber por que isso. nas aulas de roteiro, eu desvirtua as histórias dos outros para que as mulheres se tornassem as protagonistas. psicanaliticamente, talvez haja muitas explicações. mas me contento com o simples "eu amo as mulheres".

perguntava-me se havia uma literatura feminina, ou uma música feminina ou mesmo uma arte feminina. muitas vezes ao dizer isso, imagina-se que é um modo de dar chances as mulheres. não sei se isso existe, penso bem. tanto é que obras escritas por homens que tem uma boa personagem feminina me atraem.

gosto do humor suave da mulher. mas tb gosto qdo ela se torna carrancuda por subversão. as mulheres são os melhores subversivos. não quero entrar numa discussão sexista.

tudo isso para dizer nesse dia (dizem que quem tem dia comemorativo é quem é oprimido de alguma forma) que eu as amo, a todas. uma mais que outras.
:: love

nesse mundo sem fé não existimos.
:: vc

vc é cama para meus cansaços
e estrelas para noite sem teto
vc é cortina de enganar o restinho de sono
e caneta de cores novas para papel em branco.
vc é a letra que faltava
e a nota que estar por vir.
:: namorados

o namorado dela é um cara legal. provavelmente sabe muito mais do que ela própria poderia saber. porque o convívio ensina coisas que a gente nem desconfia. e ela convive tanto que já enjoou de si mesma. mas o namorado dela é paciente. presta atenção em detalhes e sabe que tem um amor delicado a oferecer.

e quando ela se deixar, ela vai ser a namorada dele.

06 março 2005

:: café da manhã

-- morango, morango.
-- chocolate, chocolate.

a geladeira se abre,
alguém pega chocolate.
fecha a porta:

-- brrrru... que frio!

-- morango, morango.
-- chocolate, chocolate.

a geladeira se abre novamente,
alguém pega chocolate,
fecha a porta:

-- que sorte que o chocolate tem !
:: através da janela

a mulher já faz algumas horas que está na banheira. moça, não desista! enxagüe-se e vá cuidar da vida!
:: no ônibus

quando voltava para casa, vi duas mulheres muito diferentes entre si. uma carregava uma criança de colo, a outra vestia roupas multicores. conversavam como se há muito se conhecessem e que há muito não se vissem.

falaram sobre os tempos idos e a multicolorida, ao ver o bebê, perguntou sobre os tempos de agora. a voz da outra envelheceu por um instante, mas retomou o fôlego. e quando a multicolorida tocou a cabeça do bebê, percebi que na amizade das duas havia algo novo.

e que talvez anos atrás algo novo as havia separado. e que algo novo as haveria de aproximá-las.
:: registro

hoje encontrei com a luciana, está linda. a giu precisa se decidir melhor por si mesma. a renata anda insatisfeita, mas acho que sou eu que me acostumei em vê-la bem resolvida. o alexandre parece estar amadurecendo. encontro singelo, mas muito agradável.

os outros não apareceram.

quanto mais velhos ficamos, mais percebemos que nossos pedaços formam uma unidade quando são pedaços.

05 março 2005

:: rosa

o que sobrou de sua infância de menino foi uma cortina que fez com as rabiolas das pipas.
:: liza

sonhei que você pegou minhas mãos e estalou todos os dedos.

04 março 2005

:: klimt

do seu ombro em diante, querida, começa o céu.
:: grazi

ela tem usa uma saia balão e toca baixo. canta desventuras e sorri.

é como se a vida se concentrasse em algumas notas graves.

03 março 2005

:: flores

e eu que já havia desistido das flores
me vi em terra-roxa sem saber que era minha nova morada.
e aos poucos as ventanias trouxeram as sementes,
vestígios de vida, lágrimas sem sal, pequenos raios solares.

e eu que só tive a idéia de construir uma cadeira
e me aconchengar nesse terreno até que chegasse a minha hora,
acabei construindo uma poltrona para deitar meus cansaços
e um guarda-sol para ler os livros antigos de noite.

e eu que já tinha o corpo cansado e triste,
respirei melhor com a pausa. a tremedeira da mão se foi
com os frios da estação e dos homens
e o sangue do nariz nunca mais caiu.

e eu que já havia desistido das coisas do amor
me vi cercado pelas flores que chegaram sorrateiras.
e eu que já sonhei com paráquedas e colchão multicolor
acordo com esse tapete para ti, bem vinda.
:: cristina

cristina já teve grandes amores. já ficou doente, já cometeu loucuras. coisa que a maioria teve vontade, mas pouca gente teve a graça de fazer. em seu quarto, há vestígios de uma vida atribulada. cartões postais enviadas a si mesma, filmes gravados da tevê, cartas, fotografias tremidas, objetos roubados. a única lucidez que havia era sua cortina.

ocorreu-me perguntar sobre a cortina enquanto ela abria para que entrasse um pouco de sol. ela hesitou e se virou.

-- márcio, você é poeta. você que invente.

e quando abriu a cortina, todos os seus objetos mudaram de cor.
:: anatomia amorosa.

um pé não se dá com outro.
as mãos se acareciam.
os olhos nem se vêem.

e o coração, tão só,
pende para um lado,
o lado de dentro.

02 março 2005

:: café do farol

agora o café do farol tem um fotolog.



visite nossa cozinha.
:: duras palavras

-- você não é um pessoa muito fácil de se amar. para te amar precisa ter mta coragem ou ser mto maluco.
:: carta da temperança

Acontecimento marcante a nível psicológico aos 14 anos
* Moderação e ponderação
* Espírito indagador
* Ciência e tecnologia podem atrair vc
* Motivação pessoal
* Precisa trabalhar sua parte emocional; conflitos
* Sempre precisa esperar
* Natureza íntima elétrica
* Deseja ver coisas diferentes
* Poder de cura pelas mãos ( Reiki, Cristais, Passes Magnéticos, etc)
* Inconformismo
* Transforma os ambientes por onde passa
* Mente aguçada
* Deseja clareza por parte dos outros
* Sintonizado com as tendências mundiais
* Amigo e participativo
* Relações afetivas tem sucesso se baseadas na amizade mútua
* Luta pela liberdade
* Quer alçar vôo e atingir o alto
* Comportamento às vezes utópico
* Telepatia
* Quer experimentar coisas novas
* Precisa estipular metas
* A saúde pode ser muito testada
* Princípios firmes
* Sensibilidade a sons
* Apreciador de uma boa música
* Quer agradar a todos
* Observação
* Não pode estar preso a dogmas ou doutrinas
* Funcionalidade
* Inventividade
* Cooperativismo
* Pode cuidar ou assumir a responsabilidade de alguém doente na família
* Confronto de idéias
* Teimosia em relação às suas idéias
* Deseja superar-se nas tarefas
* Incondicionalidade
* Atenção à área neurológica, muscular, glândulas, próstata, cabeça e pressão
* Apartidário
* Segue sua cabeça e é seu líder
* Cuidado com a intolerância!

by chris o.

01 março 2005

:: mariana blues

ela estava me contando histórias que para mim não havia sentido algum. cheguei a pensar que estivesse lesada, porque trocava nomes, falava de situações que eu não entendia e sobre outras bossas que eu desconhecia.

foi quando notei que ela achava que já tinha me contado tudo aquilo.

foi quando dei conta de que cada vez mais eu estava ausente e cada vez menos fazia sentido além de um habito que estava perdendo. eu costumava saber de suas histórias quase no momentos que aconteciam. éramos como confidentes. hoje em dia, quase não temos tempo e engajamento para tanto. porque as histórias são longas e complicadas e não queremos aborrecer a pressa do mundo adulto. alguma coisa se perdeu. a infância comum, talvez. alguma cumplicidade. interesse, tempo, projetos.

faz alguns anos que não nos falamos.
:: amanda

ela me abraçou tão forte que quase me apaixono.
:: christiane o.

gostaria de ter te inventado.