a million parachutes

for us

30 dezembro 2006

:: fim de ano

coisas para fazer em 2007:

1. ler os livros comprados e perdidos na estante
2. acabar os roteiros iniciados
3. fotografar mais
4. aprender a desenhar
5. organizar os escritos
6. dar mais atenção aos que me amam
7. emudecer um tanto
8. ir embora.
:: minha prenda de natal



by natacha

29 dezembro 2006

:: no distance left to run

pode indo. vou sentar aqui um pouco para acalmar a palpitação do joelho. aproveito e recupero um pouco o fôlego. não se preocupe comigo. continua e não olhe para trás que é perda de tempo. daqui a pouco me levanto e alcanço. sabe como sou. tenho um talento para alcançar as coisas mesmo que depois elas me fujam pelas mãos. não precisa me trazer água ou qualquer coisa que reponha meus sais minerais. vou abaixar um pouco a minha cabeça e esperar a pressão se restabelecer. é uma visão bonita o percurso. posso ver melhor daqui. vamos, continue. eu não te esperaria se tivéssemos em lugares opostos. pisaria forte os caminhos para deixar minha marca. e não me distrairia olhando o que passou. para frente é que se anda. só vou tirar um pouco o meu tênis e secar as minhas meias. talvez alguma sombra perto daquela vegetação.

seus pés sincronizados, eu sinto o meu coração. e como todos os amores meus são paisagens indo embora, eu fico, por enquanto, dando referencial a sua partida.

28 dezembro 2006

:: loveless

você tem cheiro de alho-poró.
:: praça clóvis _ paulo vanzolini

na praça clóvis
minha carteira foi batida
tinha vinte e cinco cruzeiros
e o teu retrato
vinte e cinco
eu, francamente, achei barato
pra me livrarem
do meu atraso de vida
eu já devia ter rasgado
e não podia
esse retrato cujo olhar
me maltratava e perseguia
um dia veio o lanceiro
naquele aperto da praça
vinte e cinco
francamente foi de graça

26 dezembro 2006

:: parachutes.radio.station - ep. 03

adoro blues. é das boas músicas americanas. dizem que o gênero nasceu das chamadas canções de trabalho na região sulina. neil young falou uma coisa muito sábia sobre as músicas com esta natureza: é uma música de fudidos. nas letras temos a presença de um eu-lírico que já se fudeu. ao mesmo tempo, é uma música espirituosa, forte e densa. hey baby, take away my love, but my blues...

para ouvir é só clicar no player ao lado.

+ down hearted blues - bessie smith
+ whe things go wrong - big bill bronzy
+ blues before sunrise - leroy carr

25 dezembro 2006

:: 4 anos de parachutes

este blog completa 4 anos de atividades. um viva para tal feito e outro viva para quem me visita!

24 dezembro 2006

:: mensagem aos cometas

já faz alguns anos que reservo algumas horas do fim de ano para escrever estas palavras para vocês. em alguns anos me foi bastante fácil, em outros tive dificuldades de encontrar palavras. cada ano que passa tenho impressão de que minha lista de destinários diminui, mesmo tendo a certeza de estar colocando novos nomes. não vou parar e contar.

ano passado tive uma impressão boa da passagem de ano. neste tenho uma impressão de incompletude... talvez as nossas vidas, a cada ano que atravessa, começa a conviver com tempos diferentes. hoje os projetos pessoais tem durabilidade variada: desde do encontro de sexta a noite até os longos escritos que podem durar anos. acho que estou aprendendo a conviver com essa idéia.

sei que a passagem de ano traz muitos significados. muitas delas eu ignoro pelo ideário de não deixar as coisas para depois. mas como muitos, dou crédito a este mecanismo de renovação da esperança.

não faço mais promessas ou planos de ano novo porque simplesmente eu não os lembro depois. fico sem saber se os cumpri com competência. melhor então pensar nas coisas boas que consigo lembrar.

e nestas paradas temporais também reservo um tempo para pensar nas pessoas que me são muito boas. as pessoas para quem tento ser. as pessoas que perderam ou ganharam significado. para onde meu universo anda inclinado.

já me disseram que ando muito sereno. penso se é uma tendência ou um caminho trilhado. acho que procurei, sem me dar conta, um modo de observar o mundo e ao mesmo tempo fazer parte dele. a ciência e o coração me ajudam em proporções justas.

não vou falar do meu desejo de que as coisas ocorram bem no ano que chega. aqui farei uma homenagem a todos os esforços, tentativas e conquistas. à índole maltratada, mas ainda convicta. ao bom humor. aos analgésicos da alma. à subversão criativa. à fidelidade a si mesmo.

aos amigos e seus temperos, a minha gratidão.

20 dezembro 2006

:: saudade

para renata perche

eu quase me esqueço de teu olhar fatigado.
não é minha intenção desarticular a falta.
outro dia pensei que o balançar dos galhos
dizia vento o teu nome,
como no final de um causo.
e a tarde passou e o vento não voltou mais.
quanta ilusão há nesta pequena espera por alguma felicidade?
eu estava a fazer outros mundos girarem,
a fazer o que é preciso para sentir menos falta.
mas a saudade acontece como febre:
parece bastante razoável mas nunca se espera que seja.
o vento que foi e não te trouxe é saudade.
o mundo que gira sem o efeito das nossas conversas, também.
:: no ônibus

eu fixava os olhos nos alertas das paradas, nos itinerários em placas de metal, nos sinais e avisos de segurança, porque olhar pela janela era fugidio demais para os meus sonhos.

18 dezembro 2006

:: meus olhos

estou chegando a uma certa idade
que não sinto falta da mocidade.
não há sabedoria, muito menos ciência
que consertem meus olhos da deficiência.

não consigo ler teus longos bilhetes
mas sei que falam de um amor incorrigível.
vejo pipas voando sem linhas e enfeites;
num azul cada vez mais possível.
:: depois de tanto amor _ paulinho da viola

é será melhor
não procurar
um novo amor
até saber
se o coração
já se refez
é será melhor
viver em paz
eu amei estando só
portanto a solidão
não é demais


se algum dia eu encontrar
um novo amor
hei de ter amor pra dar
amor e paz
por isso eu vou
guardar meu peito
até quando por direito
este amor chegar...

ando com certa leveza. corações partidos já não são tão raros. convivo bem com eles. a gente vai perdendo a ternura e talvez um pouco de imaginação. sou grato a quem mantêm a minha imaginação com alguma sanidade.
:: parachutes.radio.station.01

aí do lado vcs podem ouvir minha nova tentativa de fazer um podcast. claro que não vou fazer locução, só uma seleção de músicas que ando ouvindo por aí.

no primeiro episódio tem: the grates, robbers on high way e duke spirit.

15 dezembro 2006

:: festas

o fim de ano traz memórias das quais suspeito a autoria.

07 dezembro 2006

:: teresa cristina

não há teresa como teresa cristina. ela canta cantigas de acreditar. ela faz caras de rufladas. ela fica tensa e nervosa na doce melodia da cuíca. que teresa pode cantar que mentira de água é matar a sede e ainda ter sede de cantar?

03 dezembro 2006

:: im ready to be brokenheart

um vaso caiu e se despedaçou no chão. no ar um som sugestivo de vento. há quem procure por pessoas descuidadas ou que não respeitaram a santidade dos vasos amorosos. há quem pense em supercolas e delicadezas para reconstruir com os mesmos moldes o vaso quebrado. há alguns anos eu pensaria do que serveria um vaso se não há flor que lhe dê razão, se é só um vaso a mercê da solidão.

hoje penso que flores não precisam de vasos. estão elas todas a mercê do tempo.

e todos estes vasos partidos formarão um mosaico do que fomos, do que somos e do que poderíamos ter sido. e do qual o meu coração é apenas um caco.

:: mês de aniversário

este blog faz aniversário este mês: 4 anos. nem parece tanto. relendo alguns textos antigos, vejo muita diferença do que era para o que é hoje em dia. se melhor ou pior, não sei dizer. talvez algumas coisas mais coerentes, lúdicas e felizes. outras menos apaixonadas, menos compromissadas e menos belas. comecei o blog chorando e acreditando em amores, hoje em dia assovio passarinhos. a minha imaginação anda menos fértil mas um pouco mais direcionada. amar a esmo pode ser bom, mas estou ficando velho para isso. e acho que este blog também.

a partir de uma dada época resolvi aos poucos me concentrar nas coisas que me rodeiam. assim comecei a ver seres imaginários e cidades invisíveis. agora estou ouvindo línguas e sotaques perdidos nas frases menos importantes. ainda não sei transpor os trijeitos para estas linhas. mas pretendo.

agradeço aos leitores a fidelidade. a vocês, sempre, dedico o passar das horas se tornando linhas, palavras, artíficios, paraquedas. aos que sussurram comentários ao meu ouvido, um agradecimento especial pois me tiram a solidão intrinsica das palavras.

:: cílio

sou um cílio flutuando na correteza dos ventos.
sei muito pouco da minha natureza
e das rotas e destinos por onde deslizo.
sou um pedaço esquecido de gente
na infima materialidade dos seres capilares.

e destas piscadelas me soltei
e me perdi
sem saber se do embaralho
e da confusão
flutuei para ti.