a million parachutes

for us

29 setembro 2006

:: a noiva e a bússola

a cidade de amandina é conhecida pelos grandes hélices em que são produzidas energia de cataventos, mas esta cidade também é conhecida pelos casamentos realizados em lugares fechados, quase secretos.

o padre nos contou que alguns anos atrás, num casamento muito esperado pela cidade, aconteceu algo muito inusitado. ele nos disse que a noiva, moça muito alegre e de boa família, encomendou um vestido muito bonito, com peças prateadas e outras partes muito leves.

quando chegou a colina onde seria feito o casamento, ao receber a mão da noiva pelos braços do pai, o noivo percebeu uma certa resistência vindo dela. quando deu por si, a noiva estava sendo levada pelo vento.

o vento gostou muito do vestido, mas assim como seria estranho uma noiva sem vestido, o vento resolveu levar a noiva para que o vestido tivesse razão.

como o vento não tinha má índole tentou explicar o encantamento que teve para a noiva. ele tentou lhe dar um outro vestido de espumas de nuvem.

a noiva, que era pessoa esclarecida, sabia que a nuvem se dissiparia em chuva. então, ela disse ao vento que o vestido era a representação de seu amor e que teria que oferecer a ela algo que fosse tão bonito quanto.

mas o vento não sabia o que oferecer porque não sabia o que era o amor porque ele mesmo nunca havia amado. o vento pensou e então lhe veio a cabeça a bússola que carregava.

fizeram a troca: o vento ruflava o vestido; a noiva, nua, levava um presente para o seu noivo para que ele nunca se perdesse.

para o vento, a bússola lhe ajudava a atravessar continentes, mas para a noiva o instrumento funcionava de outro jeito, com nortes de coração.

desde então o vento ficou sem direção. ele não entendia o que havia se dissipado em si...

resolveu aprender com as estrelas, o astrolábio. e se fez correr ainda mais forte.

o vento amava o movimento.

desde então, amandina celebra os casamentos em lugares fechados.

e com um varal do lado de fora com vestidos pendurados.



em co-autoria com gilda.

25 setembro 2006

:: o vestido de luciana

a tua dor é um vestido de linho em costura.
suave sobre a pele, mas desatento às agulhas.
a linha que sobra, o sentimento resignado.
a falta de acabamento, saudade.

e desfilas, intensa, nos holofortes de teu quarto.
e caminhas, sozinha, sobre o chão frio das lembranças.
e amas, com freqüência, o excesso dos significados.
e significas, torta, a falta de amor e excelência.

coloca roupas de domingo, aproveita o domingo.
costura uma bolsa e leva teus sentimentos para tomar sol.
o vestido, pendura no armário a prova de pó e mofo
para mais tarde o recuperar,
dar acabamento
e passar.

22 setembro 2006

:: tula

não foi uma desavença espacial que nos desencontrou. foi uma dificuldade temporal.
:: paulinho da viola

baby, você já presenciou "para um amor em recife"? então vá.

21 setembro 2006

:: lisa

quando eu penso nela, percebo que os tempos das coisas oscilam diferentes. que os meus braços estão desincronados com a cabeça; esta com o joelho e cotovelos e todo resto com o coração. os olhos enxergam uma curvatura que só na teoria das fisicas poderia se explicada. e que lábios ensaiam despedidas e reencontros. e que a pele sabe saudade.

por um momento muito rápido posso sentir a grandeza do mundo, posso verificar a diversidade das pessoas e posso viver vidas que não poderia.

penso nela para deixar de pensar nela.

18 setembro 2006

:: the science of sleep



quem vai comigo?

17 setembro 2006

:: sonhos

-- o que faz você se lembrar de tantos sonhos?
-- o que faz você esquecer de todos?

16 setembro 2006

:: losangofones

um blog novo para falar de música, shows, cinema, teatro, livros, etc...

www.losangofones.blogspot.com

apareçam!
:: click

quando amanda se emociona, ela inclina o pescoço e ouve-se um estalo. que tenso é o silêncio desde então.

15 setembro 2006

:: dentes



os dentes são a linha em que se escreve beijo.

13 setembro 2006

:: gilda

o sorriso é tão grande que gilda se atrapalha ao escovar os dentes.

12 setembro 2006

:: joana

eu olho para joana e mesmo que ela me sorria tantos mares, sei que ela irá chorar sois.

11 setembro 2006

:: madeleine

colocar o disco novo de madeleine peyroux.
aquela sensação de reencontro depois de muitos anos.
-- olá, tudo bem? você não mudou quase nada,
mas se eu te dissesse o quanto eu mudei...
-- mudou nada. você continua gostando de mim.
-- pois é. continuo.
:: uma

ela deixa a unha crescer para ver se me alcança.


10 setembro 2006

:: morro dois irmãos

eu cantei morro dois irmãos com o chico buarque.
pensei, momentos antes dos últimos versos,
que talvez eu exista além do tempo,
do espaço,
de quem me esqueceu,
e daquele coração que nunca me amou.

09 setembro 2006

:: rise and shine

acordei cedo por um acidente.
acabei assistindo ao nascer do sol.

não está tudo perdido.

08 setembro 2006

:: de cama

passei o dia inteiro imaginando uma pastilha efervecente de coração sendo diluida num copo de água... o amor são as bolhas, a água ou o copo?
:: dance to end of love

eu vi você dançando sob as luzes psicóticas de um globo de vidro, imaginando-se coberta de raios como se pudesse manipular o instantaneo do seu agora.

como se o agora fosse o tempo certo para o amor.
:: someday

um dia, quando tudo isso acabar, vou tirar a minha quilmes da geladeira e brindar os lábios rachados.
:: desilusão

ela não quis me falar. o seu silêncio consentiu. ela deu ao tempo a chance de minimizar os danos. e só tempo dirá o tamanho da desilusão.

07 setembro 2006

:: parachutes.tv _ jamie cullum

:: parachutes.tv _ paulicéia.city.01



para aurea horbach

04 setembro 2006

:: simone

olá simone, como vai? lembrei-me outro dia, enquanto regava meus vasos, do quanto você gosta de cravos e girassóis. ficará feilz ao saber que andam saudáveis embora ainda não haja flores. segui seus conselhos e coloquei cascas de ovos quebradiços na terra. servem bem de adubo além de criarem mosaicos com as sombras das folhas. já sinto o perfume das flores transgredindo o cheiro de concreto e fumaça. você ainda não poderia ficar por aqui por que sua alergia é das crônicas. o seu pescoço longo incharia, deformaria o arco que faz com seus ombros e teria dificuldade em respirar. ainda com dificuldade de respirar?

eu nunca reparei neste artíficio feminino de contornar os olhos com lápis. seus olhos sempre foram muito belos, simone. o lápis era somente os pingos dos is. essa sua mania de não usar sutiã sempre me pareceu muito avançado. recusou sempre o batom. nunca me marcou com batom. seus olhos tensos e pedintes quase sempre foram mais convicentes que sua boca. até quando me disse coisas bonitas que tenho vergonha de ficar ouvindo. ofegante, quase chorando, dizendo que tinha dificuldades em respirar.

quero agradecer pelas sementes. daqui há uns dois meses virá a primavera e talvez floresçam os mais apressados. daí você pode vir para cá, instalar seu varal, desfazer sua maleta de maquiagens e respirar o que lhe falta.

03 setembro 2006

:: parachutes.tv _ cachorro grande



let?s rock n roll baby!
:: zona

as putas me amam. e não é pelo dinheiro. não lhes dou gorjeta.

01 setembro 2006

:: vou ver teresa


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vou ver teresa cantar que as coisas passam.
as tempestades,
as desilusões,
algum sentido para a dor.
os silêncios longos,
as pausas tensas desritmias.
a alegria das notas
e batidas
e sincope.

vou ver teresa cantar que tudo se transformou.
que eu posso aprender tocar pandeiro.
e que um dia me receberão os sambistas
em suas rodas vivas e fluxos e amor.

porque eu também terei amado tanto
a ponto de compor sambas bonitos
que teresa cantará como se fossem para ela.