:: milena
descobriu que seu nome vinha do livro de kafka: cartas para milena. seu pai não era um erudito, fora dona de uma banca de jornais. sua mãe morrera quando tinha 7 anos. era uma boa dona de casa e muito pouco dada a livros. não sabia se era seu pai quem havia lido ou sua mãe. pensou em perguntar, mas envergonhou-se. não se dava tão bem com ele. resolveu pesquisar por si própria.
já havia lido "a metamorfose" para a escola. lembrara que não havia entendido muita coisa, mas gostara do fato de alguém virar barata. deve ter alguma coisa com sangue de barata, pensava. mas nunca iria colocar isso na prova.
conseguiu pegar emprestado o livro na biblioteca. pensou com ansiedade as semelhanças com a personagem. leu em uma semana, entre escola, trabalho e deveres domésticos. um dia, seu pai pegou o livro e começou a folheá-lo, milena chegou em casa e o pegou no flagra. perguntou a ele o que fazia.
-- me lembro desse livro. dei um para a sua mãe.
-- foi daí que ela tirou o meu nome?
-- hum... pode ter sido.
-- é um livro especial, não é?
-- não sei. não li.
o pai percebeu a tristeza de milena.
-- mas lembro que dei para parecer mais inteligente. sua mãe gostava de pessoas inteligentes.
milena foi para o quarto. pensou em quanta coisa está a revelia das coisas que a geraram. não tinha sua mãe, mas sentia pouco a sua falta no dia-a-dia. assim como seu nome de nada tinha com a milena de kafka. pensou que talvez kafka escrevesse sobre a revelia das coisas, depois pensou que não era nada disso.
descobriu que seu nome vinha do livro de kafka: cartas para milena. seu pai não era um erudito, fora dona de uma banca de jornais. sua mãe morrera quando tinha 7 anos. era uma boa dona de casa e muito pouco dada a livros. não sabia se era seu pai quem havia lido ou sua mãe. pensou em perguntar, mas envergonhou-se. não se dava tão bem com ele. resolveu pesquisar por si própria.
já havia lido "a metamorfose" para a escola. lembrara que não havia entendido muita coisa, mas gostara do fato de alguém virar barata. deve ter alguma coisa com sangue de barata, pensava. mas nunca iria colocar isso na prova.
conseguiu pegar emprestado o livro na biblioteca. pensou com ansiedade as semelhanças com a personagem. leu em uma semana, entre escola, trabalho e deveres domésticos. um dia, seu pai pegou o livro e começou a folheá-lo, milena chegou em casa e o pegou no flagra. perguntou a ele o que fazia.
-- me lembro desse livro. dei um para a sua mãe.
-- foi daí que ela tirou o meu nome?
-- hum... pode ter sido.
-- é um livro especial, não é?
-- não sei. não li.
o pai percebeu a tristeza de milena.
-- mas lembro que dei para parecer mais inteligente. sua mãe gostava de pessoas inteligentes.
milena foi para o quarto. pensou em quanta coisa está a revelia das coisas que a geraram. não tinha sua mãe, mas sentia pouco a sua falta no dia-a-dia. assim como seu nome de nada tinha com a milena de kafka. pensou que talvez kafka escrevesse sobre a revelia das coisas, depois pensou que não era nada disso.
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