a million parachutes

for us

29 abril 2005

:: o que eu sei sobre o amor?

que o sobrenome é bem mutável....

28 abril 2005

:: sorte

naquela casa, na sacada, havia um vaso com raros trevos de quatro folhas. um dia, uma moradora, seguindo conselhos suspeitos, colocou uma mistura de grão sobre a terra com a finalidade de tornar as raízes mais fortes.

a planta acabou fenecendo.

poucos dias depois, antes que a moradora resolve-se por jogar o vaso fora -- não o fizera antes por profunda tristeza -- começou a lhe visitar por esses mesmos grãos um pássaro também raro.

outros conselheiros igualmente suspeitos reconhecem em suas ciências que essa espécie traz sorte. mas a moradora ainda não sabe a sorte que tem.

27 abril 2005

:: love

ninguém estava reparando que ela cantava para dentro de si aquela música tão bonita. mexia os lábios com movimentos exatos. os seus olhos umedeciam, mas não vi uma só lágrima. quando a música acabou, ela tirou um lencinho da bolsa e fingiu enxugar a testa e rapidamente retocou os olhos. ela encontrou meus olhos e sorriu. eu sabia o segredo dela. e ela sabia que eu nunca iria aprender aquela canção.

25 abril 2005

:: ciranda

sou rosa vermelha
ai, meu bem querer
beija-flor sou tua rosa
hei de amar-te até morrer
:: circunstância

só assim, considerei que meu duplo era você,
que estavas tão perto que não pude enxergar.
e despropositalmente, pisei-te, beijaste minha sola,
senti cócegas e me apaixonei.

_2001
:: guia prático de amor platônico

sonhei que sabias quem eu era
e que tinhas segurado as minhas mãos para me dizer
que, apesar de tudo, não era de teu interesse julgar.
sonhei que sabias quem eu era
pois era uma condição do amor pleno.

se o amor fosse uma idéia, talvez não sonhássemos
com tanta freqüência. Porque não necessitaríamos
de tanto tempo para compreendê-lo, em vão.
sonhei que o conhecimento era uma forma de amar.

e se tivéssemos um guia prático,
ainda gostaríamos que fosse absurdo
abusar de tanta técnica e resultados.
porque o bom amor está à revelia
de sua total realização.

talvez, o amor esteja na estrutura
simples de um gesto como um beijo,
um abraço,
olhares,
e no sono justo para alguém que trabalhou o dia inteiro.

ou talvez no simples desejo que fosse perfeito.

_2001

24 abril 2005

:: sonho

sinto-me confesso, questões acerca da gratidão.
pequenas noites de insônia até as cinco,
quando cansado de me preocupar,
despenco aos pés do sono injusto.
o que aprender sobre o mau hábito de não dormir?
sonho.

:: amanheço

estou colhendo estes feixes de luz
que clandestinamente atravessaram a janela,
para fazer um arranjo com folhas e frutos.
assim, a mesa do café da manhã
fica bonita e podemos melhor nos acomodar
para contar os nossos sonhos.
narrativas de além-mar, além-terra, além-além.
contar as histórias que antes
líamos em livros, antes da nossa decisão
de ser um. abre a primeira página
desdobra o primeiro plano, toca o primeiro acorde
que daqui a pouco preciso trabalhar.
como poderíamos escapar?
não, não fuja porque podemos vencer!
ouve as personagens,
veja a imensidão da paisagem (cenográfica).
que importa as técnicas,
as falácias e os bem-dizeres?
os críticos nos odeiam... mas eu te amo.
acorda vai, acorda...
que já é tarde, o café não está pronto
e o ônibus já vai passar.

acorda para dormir de novo.

_2002

:: templates

quis raspar a cabeça, mas não tive coragem.

22 abril 2005

:: brunalinas

-- cê acha?
:: barulho

quem caminha no telhado? é você, kid a?
:: sonhos que vão

vamos fugir para um lugar
onde não saibam nossos nomes.
onde se pode querer esquecer
a história de quem fomos.
mandar que parem de cantar
quando as músicas forem longas
ou quando possuírem letras tristes
de amores que acabaram,
que foram rompidos, que não se acharam.
a gente inventaria a nossa própria melodia
temperada com cravo e pouca canela.
e pouco a pouco nos odiaríamos.
você, por eu esquecer o teu aniversário.
eu, por não te olhar com os meus olhos.

vamos fugir para fugir para fugir para fugir
para onde nos queiram bem.
para onde nossos sonhos se concretizem
e para que a desesperança de ser dois
seja a esperança de ser um caminho.
:: brunalinas

-- eu vou casar.
-- contra quem?

20 abril 2005

:: dora

ah, dora, não me venha com esse discurso de quem sofre por amar tanto. já reverti todas as suas lágrimas para um fundo de pensão e as terá de volta quando lhe faltar realmente amor. cansei do seu desejo de felicidade, essa felicidade absoluta e frágil que de tão perfeita soa falsa. já te disse tantas vezes que é boa contadora de piadas, mas quantas vezes renunciou a uma boa risada só para soar série e competente? quantas vezes deixou escapar a chance de fazer bem para quem precisava sorrir num dia não muito bom só para manter seus créditos e balangandãs de menina séria e além?

ah, dora, agora que o amor lhe aceita, é você quem faz esse caso todo? não fuja, corra a favor. o que aprendi nessa vida contigo, dora, é que as lágrimas precisam de um bom motivo para serem derramadas. senão é sacrilégio, como você mesmo disse.

18 abril 2005

:: parachutes. radio . 01

+ radiohead + beck + drosóphila + los hermanos + muito mais...



p.s. não liguem para minha voz horrivel.
:: hoje estou sentimental

o quanto eu te falei que isso vai mudar.
motivo eu nunca dei.
você me avisar, me ensinar,
falar do que foi pra você,
não vai me livrar de viver

quem é mais sentimental que eu?!!...
eu disse e nem assim se pôde evitar.


de tanto eu te falar você subverteu
o que era um sentimento e assim
fez dele razão... pra se perder
no abismo que é pensar e sentir.

ela é mais sentimental que eu !!
então fica bem... se eu sofro um pouco mais.

"se ela te fala assim, com tantos rodeios,
é pra te seduzir e tever buscando
o sentido daquilo que você ouviria displicentemente.
se ela te fosse direta, você a rejeitaria."

eu só aceito a condição de ter você só pra mim.
eu sei, não é assim, mas deixa eu fingir... e rir.

rodrigo amarante
:: o tempo que passa

quanto mais o tempo passa, percebo melhor que dessa vida realmente nada se leva. antes de mais nada, tudo está perdido mesmo...
:: a casa dos prazeres de tereza

você sobe três andares e bate na porta.
se ela disser sim, será feliz por essa noite.
se ela disser não, tente outro dia.
e desça os andares sem contar o terreo
porque a casa flutua.
:: arte

eu nunca me dei bem com a arte. muito por que nunca a reconheci plenamente. praticos algumas artes, mas não sou artista. o meu braço treme, meu cérebro não sonha tanto e não sei tão bem das metáforas. e ultimamente acho que não estou me dando bem com ruídos.

acho que a verdade é que nunca saberei as coisas do artista, pq eu não me entrego a arte para saber ou não se é para mim. gosto de refletir tanto quanto de sonhar. acabo não me entregando a nenhuma das duas atividades. sou um meio termo que vive se abortando uma a outra.

sou bom em dilemas.

17 abril 2005

:: mochila

o menino leva nas costas uma mochila cheia de bichos de pelúcia.

todos eles comportados, cantando juntos uma música que o menino vai inventando.

que bom se pudéssemos levar nossos amores na mochila.

que bom seria se fôssemos levados nas mochilas deles.
:: pope

"wow happy is the blameless vestal's lot!
the world forgetting, by the world forgot.
eternal sunshine of the spotless mind!"


e o que o salvaram foi uma lembrança inventada: vá para mountak.

16 abril 2005

:: através da janela

a mulher que olha através da janela não espera pelos bons tempos que poderiam vir. não espera que lhe socorram ou alguém que lhe ame e seja amado. a mulher que olha através da janela observa seu reflexo fosco misturado ao mundo. e pergunta:

-- você quer se apaixonar?

15 abril 2005

:: na mais alta montanha da saudade, te espero com toda paciência
(a partir de um tema do cancioneiro popular do recife)

e foste e não disseste ao certo por que tinhas que ir,
se era mesmo necessário de dívida alheia,
ou era batalha brutal contigo mesma,
se era um tempo para decidir-se a bifurcação,
ou se era decisão tomada tal qual um sim.

assim abriste a geografia do meu coração,
e entrecortaste os caminhos da minha pele fraca.
nos vales, a solidão inundou vilas de namorados
nas montanhas, os exilados não sabem como recomeçar.
as ciências alertam para novos furações,
mas foste e não testemunhaste a beleza da dor.

eu fui um dos que morreram afogados,
fui também, ao meu modo, salvo pelas terras altas.
eu te vi dizendo adeus e não olhando para trás
até que desapareceste no horizonte ante à lua.
e na mais alta montanha da saudade,
te espero com toda paciência.

14 abril 2005

:: solidão

a solidão nos diz verdades que não gostaríamos de ouvir.
e muitas vezes fingimos que não é conosco,
passamos por ignorantes, fantasiamos presenças.
mas a solidão passa suas mãos pela nossa coluna
e nos revela a ciência de continuar de pé.

12 abril 2005

:: hiato

vou hibernar um tanto.
se eu não voltar,
reze para um santo.
:: janis

pensei que ela me diria um sim.
embora sins não seja coisa corriqueira na minha vida.
talvez por isso que esperasse por um sim.
porque sou desses que acha que será surpreendido pela vida.
mas essa vida não quer me surpreender.
e eu já desisti de ser surpreendido por ela.

esperava que dissesse não,
porque não é a coisa mais sensata.
a sensatez é um jeito de se posicionar no mundo
e enfrentar seus perigos e maldades.
e ela disse não
e eu queria que tivesse sido insensata.
:: insensatez

na naus dos insensatos, querer voltar é querer morrer.

11 abril 2005

:: bebida

parei de beber a partir de hoje.
:: mrs dalloway said she would buy the flowers herself

eu lhe disse coisas sobre o coração. mas são impressões. porque o coração fica dentro de outras caixas e para mim elas são opacas. não enxergo o coração dela, talvez ocorra o mesmo a ela sobre o meu.
:: beijo

beijos de cílios,
beijos de borboleta,
quais você dá
e quais você inventa?

08 abril 2005

:: flashes amorosos #04

mãos dadas no shopping. vitrines não aborrecem.

07 abril 2005

:: essencial

mesmo o mundo virtual tem suas limitações de espaço. pediram para apagar coisas que não são necessárias. a fartura faz a gente esquecer das necessidades. estou apagando dados, pistas, significados que não me soam essenciais.

o que é essencial? e aquelas caixas em que guardo papéis, cartas, bilhetes, desenhos...

neste momento eu estou pensando nas coisas que apaguei mas que teve gente que guardou cópias. quando reencontrá-las, saberei o que são?
:: letras

minhas letras não tem maiusculas,
nem itálicos.
não tem sublinhados,
cores diferentes
ou tamanhos.
às vezes falta acento,
outras tantas concordância.
minhas letras erram o gênero,
o número,
o grau.
fazem confusão com letras estrangeiras
e usam sinais de pontuação
ao deus-dará.

e assim, tortamente,
vão se inventando.

um dia, escrevo certo,
as coisas certas dessa vida.
mas por enquanto,
a vida fica com letra minúscula
não por causa da sua pequenez
mas pela sua possibilidade.
:: varal

não se enganem, a minha alma não é mais que um lençol.
:: sonhadores tem rinite

o sonho podia ser feijão ou repolho
já que nossos olhos nos enganam.
:: vida

essa vida que corre
pede licença,
abre caminho,
ultrapassa
quem não tem pressa
de viver.

corre e espanta as pombas.

corre para manter a forma,
ou buscar a melhor forma,
de estar em forma,
para quando isso não importar mais.

um borrão nas minhas vistas cansadas,
a vida que corre
chega primeiro e ainda está chegando
nunca quase sempre
perto da felicidade.

essa vida que corre
um dia cansa,
senta-se no banco
e vira pomba.

06 abril 2005

:: balão

lembro-me de um dia em que eu estava escrevendo alguns versos no ônibus enquanto voltava para casa, quando vi pela janela um balão se incendiando todo. era um ponto torto que por algum momento produziu sua própria luz enquanto caía tão agudo e vertical.

fiquei prestando atenção naquilo, olhando em volta para ver se alguém sabia o que se passava, se conheciam quem o lançava ao céu, se se orientavam pelo vento, se reconheceriam quem o havia feito. até que o balão acabou-se. nem chegou ao chão. queimou-se e apagou com orgulho de poucos: de não ter terra que lhe prendesse.
:: parachutes.tv e fotolog

vou tentar interagir melhor o blog, com o fotolog e a parachutes.tv. uma tentativa de dar mais dinamismo aos três já que todos andam meio caidos...

o parachutes.tv volta no formato videolog. como o lugar onde hospedo não tem muito espaço, então no decorrer das publicações, os antigos vídeos serão apagados.






05 abril 2005

:: o seu coração

o seu coração me cabe tanto que me protejo das tempestades. mas quando preciso de água, ele se deforma e deixa escorrer a chuva. faço uma cumbuca com as minhas mãos e tomo sua generosidade.

o seu coração que se entorta para se parecer com o meu.

03 abril 2005

ana,

começo agradecendo o tempo e a disposição para me levar a passeio pelo seu rio de janeiro. no arpoador, ver o mar foi um descarrego. sinto a beneficência desse momento até agora. pode estranhar, mas quem não tem convivência com as forças das marés sabe do que falo. sinto falta do mar quando vejo o mar. durante o dia-a-dia cruel de são paulo, há outros mares que embora não substituam as águas, amenizam as brutalidades.

tentei guardar todas as boas sensações percebidas, todas as suas falas e impressões. anotei algumas coisas enquanto voltava, mas boa parte ainda reside em alguma parte da cabeça e outra tanta no coração. esses fragmentos vão ser organizados aos poucos e com a devida atenção. assim guardo o melhor dos seus detalhes que tanto me encantaram.

dos seus olhos guardo profundezas. do seu cabelo, o jeito que arrumou depois que voltou do banheiro. da fala, a segurança e a desenvoltura. guardo sorrisos, muitos. mas acho que nem percebeu que sorriu tanto assim. não sei se foi eu quem viu tantos... serão tantos? mesmo no final do dia, aos cansaços, vi sorrisos.

a importância desse encontro não sei ao certo dizer. mas me deu felicidade. desses que a gente quer comentar, mas tem pudor de parecer bobo.

quando se for para mundo, ana, deixe pistas... cascas de pistaches, versos desconexos, fantasmas estranhos, outras anas... e se precisar que te encontrem, diga apenas que o arpoador anda bonito e alikan quer passear que irei te encontrar por lá.

márcio
:: ampliações

enquanto as fotos são lavadas em água corrente,
e vai levando o excesso de química
que mancharia o papel com o tempo,
penso se foram muitas as fotos perdidas
até que se percebesse que era preciso
que ficassem em água corrente por tanto tempo.

pergunto-me se não aceitaram as manchas
como próprias do tempo que passa
e altera a qualidade e textura dos papéis.

e por que eu não tiro da água
e não dou aos papéis a chance
de ter outro destino senão aquele anunciado.

mas vejo a figura que os grãos de prata formam
e me resigno com o desejo de que a pessoa ali representada
dure até a ocasião em que lhe possa mostrar a foto
e tirar outra.

:: movimento

o que me move são as montanhas.
:: rio de janeiro #02

quando já partia, pela janela, vi novamente o cristo redentor. sempre tive a sensação de que não me acostumaria com a cidade. em visitas anteriores cheguei a conclusão de que não gostaria de morar no rio de janeiro, apesar de achar a cidade muito linda e agradável.

era minha falta de amor.

desta vez, achei a cidade familiar. a ana foi muito amável e tomamos sorvete de pistache. longa caminhada pela orla (ok, procuramos sombras...) e o centro.

enquanto atravessava a noite e voltava para casa, ainda organizando as sensações das coisas percebidas, pensei que pudesse morar em qualquer lugar. que o lugar são as pessoas e a gente acaba morando em suas cabeças e corações.

qualquer lugar que eu possa colher detalhes, histórias e significados. qualquer lugar que tenha pistaches.
:: rio de janeiro

conheci a ana. e ela é tudo bom.