a million parachutes

for us

27 junho 2003

:: dreams

tenho tido insônias, continuidades.
a noite me encobre feito asa,
encontro abrigo no silêncio das estrelas
e faço personagens dos seres noturnos.

o zumbido das luzes públicas,
o desfilar dos cachorros sem dono,
o pulo dos gatos malhados,
tudo são metáforas de minha insônia.

horas na internet baixando músicas desconhecidas,
às vezes falando com desconhecidos em línguas desiguais.
o som do teclado me alenta. releio minhas mensagens.
releio suas mensagens. o relógio recomenda: durma.
mas eu não durmo. ainda resisto sem esforço.

deixo baixo o aparelho de som,
tocando esse hip-hop amigo.
penso que a academia desconhece
a quem serve. a academia se serve.
muitos livros para ler ainda
dentro da limitadíssima lista já feita.
uma lista que constantemente é refeita
segundo minha presunção, desejo e amor.

por que não durmo, meu deus?
para evitar o sonho?

não, a realidade já está impregnada de sonhos.
sou eu quem não quer me desfazer deles.