a million parachutes

for us

13 junho 2003

:: chá mate

a vida é mto curta. senti isso hoje tomando um chá mate. me deu um pânico repentino. pratos quebrando, ônibus apressados e visão imaginada de outra vida.

meu jeito desarticulado enriquece minha alma porque exagera os defeitos humanos. acho que não sou bonito e isso dificulta que as pessoas se apaixonem por mim, mas às vezes, sim.

fiquei com medo de acordar amanhã e enfrentar o dia. perdi meus parâmetros de bem estar e quase me torno choroso. a renata me diz coisas que me fazem pensar; reencontrei-a depois de mto tempo. falamos sobre amenidades. a liza me ligou dizendo para não me preocupar, está momentaneamente (e que haja infinito nisso) feliz.

e percebi que a vida é curta. que está tudo perdido, mesmo que se encontre agora. que qualquer luta contra a eternidade é realmente já vencida como o andré que desafiou as palavras.

e o que eu faço com esse blog e com outras coisas mais é inventar vidas para alongar essa, para perpetuá-la como os números irracionais.

está na hora de parar com isso. está na hora de tomar mais chá com a re, de visitar a liza, de sentar com o andré e enganar as palavras. está na hora de ligar para a bruna e ir assistir "a festa nunca acaba" com a priscila, de ensaiar e compor com a mari e almoçar mais vezes com a luiza. de sair com a frasca e bancar o alcoviteiro para o fudge; de planejar esbarrões com a ciça e conversar melhor com a dea. de mandar um email pro ponts e encontrar um modo criativo de dizer a helo o qto quero bem e tantas coisas mais que agora não consigo lembrar.

está na hora de juntar dinheiro e morar longe, longe mesmo, para convidar as pessoas a me visitarem.

a vida é curta para tudo que quero fazer. quero encontrar para a re uma bolsa para europa. quero ter uma máquina de xerox para o zine. quero um estudio para gravar as músicas da mari, quero fazer rádio com a luiza. quero entender de habermas, bordieu e certeau para falar com a pri, quero bandalheiras pro saji e frasca, quero estudar medicina para salvar a liza, quero jogar tudo que já escrevi no lixo, quero socar a cara do bush e dirigir a julia roberts. quero pular de paráquedas e ter a sensação de que talvez não o abra.

quero escrever um livro de poemas que possa ser dado de presente; quero descobrir uma maneira de estar no japão em menos de um dia. quero poder cantar, não quero mais dançar. quero me apresentar ao vivo com a banda. quero ter a chance de consertar meus erros, quero ter a chance de cometer outros.

quero a vida sonhada mesmo que saiba que ela é curta como qualquer outra.