a million parachutes

for us

31 janeiro 2006

# 821"on the beach"

qual foi a última visão do olho direito de dr. greene ao perceber que só o esquerdo conseguiria se fechar quando morresse?

:: cadeira

perguntei a ela se não era mais fácil que colocasse sua caixa de memórias em um lugar mais acessível do que na parte de cima do armário embutido. desse jeito a cadeira que ela mantém ao lado para alncançá-la pudesse ser levada para outro lugar mais útil.

ela respondeu que era um bom exercício alcançar aquela caixa e que a cadeira era usada em outros lugares também. mas que era uma idéia boa deixar a cadeira próxima a caixa por dois motivos: o primeiro era que nesses últimos tempos sentia-se muito saudosa apesar da correria do dia não lhe permitir tal capricho, então ela se sentava alguns minutos procurando alguma lembrança específica. o segundo motivo era que a cadeira também pertencia a caixa, mas pelo tamanho e forma não convinha colocá-la na parte de cima do armário.

30 janeiro 2006

:: renata

amor é transformar algo que se deseja em algo que é necessário.
:: landscape

eu escrevo paisagens que gostaria de estar, paisagens que gostaria de lembrar. cenas que gostaria de assistir e de fazer parte. às vezes enxergo tão bonito o céu que é difícil prestar atenção nas ruas, prédios e pessoas que não conheço e nunca irei. por capricho, às vezes escrevo em preto e branco, com uma nostálgica que não me pertence mas que transparece o quanto quero pertencer.

quanta tragédia há em escrever... essa impossibilidade trágica de não atravessar as paisagens escritas.

27 janeiro 2006

:: coser

tomei seu lugar na nossa cama.
não consertei a alça do seu vestido.
faz uma semana que tomam ar os lençóis.
e duas que nenhum verso é escrito.

eu não consigo mais falar direito.
vacilo o passo para chegar em casa.
fico horas em vitrines de livrarias
a minha palavra rasa.

sinto sua falta em coisas pequenas.
pasta de dente, dobradura,. bilhete.
mas vou consertar o teu vestido
com agulha fina e linha verde.

26 janeiro 2006

:: velhogismo

inventar palavras é um hábito que ando perdendo.
:: fade away

eu gosto muito dos ensinamentos dos mais velhos. até das coisas menos racionais como ditados populares. as falas das pessoas experientes tem uma pele cicatrizes de sabedoria. mesmo que eu me rebele e não acredite muito em algumas coisas, não há como ter encantamento para aquelas narrativas memoriais. eu procuro anotar boa parte, um pouco por diversão, um pouco por trabalho.

mas quando me falam sobre relacionamentos que acabam, sempre desconfio. mesmo com tantos anos nos ombros, a sabedoria dá um xeque em si mesma. vejo mais dor que sabedoria.

aos meus olhos que envelhecem o fato do amor acabar ainda soa muito duro.

25 janeiro 2006

:: coração

é a primeira vez que vejo a bagunça do meu quarto como sintoma de algo que não vai bem.
:: atlantis

a gente nunca sabe o quão importante é uma ocasião para alguém, porque não sabemos bem como dançam os significados e o coração dos outros. nosso próprio coração é tão vasto e irregular. mas felizmente existem os exploradores.

há os exploradores natos que se aventuram em terras desconhecidas e descobrem sua cultura. aprendem datas e canções de rua. mas passam porque há outros lugares. e há os que se tornam exploradores pela circunstância. aprendem a língua, os caminhos e a arquitetura. tem um desejo grande de ficar. os primeiros amam a aventura, os últimos amam a terra.

amam a terra e esperam o dia de deixaram de ser exploradores e comemorarem os feriados com amigos e música.
:: noturno.03

solidão maior é as pessoas saberem, mas não conhecerem a dor de sua solidão.

24 janeiro 2006

:: noturno.02

tiveram compaixão e me deixaram sonhando acordado por mais alguns minutos.

22 janeiro 2006

:: noturno.01

o medo noturno no encontro dos cilios de josefina se desfaz quando abertos os olhos tentam enxergar além dos olhos.
:: tsuru.50

quando ela inclina a cabeça deixando ainda mais exposta e curvea o pescoço ao vento, não se sabe o que está mais para orla ou mar: se o pescoço ou o vento.

21 janeiro 2006

:: falta tanto amor

falta tanto amor nesses linhas
que a curva sonsa da cedilha
do coração não venta "s".

que palavra me desnudará
o espírito
e quais me prejudicam
o afeto?

na ponta do palavrão,
juras de felicidade.
no abraço circunflexo,
você.

falta tanto amor nas minhas janelas
e sobra tanto acortinados em adjetivos.

que corte e respiro-verso
é o breque desse samba canção só
e qeu pontuação faz insistir
que essa falta perdure?

na nave irregular da oração,
uma vontade de amor.
no beijo de línguas entreadas,
silêncio.
:: tsuru.48

na lâmpada azul que ilumina o aquário, chris desenha estrelas. e sua visita freqüente aos peixes lhe dá a condição de enluar-se.

20 janeiro 2006

:: c.s.i.

o homem é seus resíduos.

14 janeiro 2006

:: back

voltei. o parachutes vai além de mim. bom sinal.