a million parachutes

for us

30 setembro 2005

# tsuru #04

passarinho, vem fazer um ninho aqui ó!
:: ten love stories song

#01

-- o seu batom está borrado.
-- conserta.

#02

julia arrumou a aba do chapéu e ajeitou na cabeça de marcelo. ela tinha ciúmes do sol.

#03

flávia era o tipo de pessoa que sabe quem é o amor de sua vida só trocando três ou quatro frases. mas prefere que a tomem pela mão e que não digam coisa alguma.

#04

melissa atravessou a janela e disse ao seu amor: abra porta.

#05

por que você me trata assim? assim como se não importasse? por que deixa a cama desarrumada de manhã mas arruma chinelos para minha volta?

#06

me amar em sussuros como em segredo. como se não acreditasse, mas tivesse esperança.

#07

a boca de cecília diz um eu te amo sem gravidade. mas seus olhos modificam a densidade dos significados.

#08

o que sei sobre seu coração é que de noite ele sonha com você.

#09

-- você está andando torto.
-- e quem disse que estou andando?

#10

sarah comprou passagens só de ida porque seu amor lhe disse que o mundo é redondo.
:: seja

não me vença, o relógio.
não me perca, o dia.
não me ame, o momento.
entristeça-me, a alegria.

não me coma, a ferida.
não me toque, o beijo.
não me lembre, a saliva.
faça-me que eu deixo.

não me ame, a hora.
não me ame, a tristeza.
não me ame, agora.
vença-me amor e seja.

29 setembro 2005

:: tsuru #03

e esses gizes de cera, para o que são?

28 setembro 2005

:: rosa

a rosa que ria num jardim de tristeza
incomodava tanto os convivas
que foi posta de canto com destreza
e ninguém soube por que ria.
:: contagem regressiva

andei pensando no parachutes. há 2 anos o mantenho. já me deu alegrias e tristezas. foi um bom companheiro. já tive pretensões literárias com ele. mas hoje em dia é só um registro de acontecimentos, sentimentos ou qualquer coisa. nesse tempo todo, nunca tive um grande público. isso nunca me incomodou. mas hoje penso no propósito desse espaço.

isso aqui não vai mudar muita coisa no mundo. às vezes me soa brega e de auto-ajuda. melodramático quando pode. penso na utilidade desse blog. não encontro. é ruim. não tem estilo. literariamente muito pobre. há poesia, não desmereço. mas nada que se leve para vida.

por isso, decidi fechá-lo de vez. vou investir em vídeo, roteiro, cinema, sei lá. escrever sempre foi uma paixão que tive. mas essa sensação de ser ruim vou guardar para mim mesmo.

vou deixar completar 3 anos. uma amiga está providenciando um template bacana. uma festa de encerramento para não desmerecer as alegrias...

27 setembro 2005

:: silêncio

acho que esse silêncio vem de algum medo...
acho não, espero.
porque é melhor do que o silêncio da indiferença.

deseje-me sorte, o silêncio.
:: tsuru #02

um céu de brigadeiro.
uma noite de conversas.
um amor verdadeiro,
mas sem muita pressa.

26 setembro 2005

:: tsuru #01

a cada dobra de papel, a cada forma peculiar, eu seco uma gota da sua solidão para os dias que se cuidar.

p.s. tsuru é uma prece para a chris se cuidar.

25 setembro 2005

:: bilhete

enquanto arrumava os meus cd´s -- época essa em que cd´s se tornaram memória guardada -- encontrei um bilhete com poucas mas afetuosas palavras. ajeitei os livros, apaguei arquivos redudantes, organizei os dvds, apontei os lápis de cor e passei alguns minutos longos afinando a guitarra e o baixo. mas durante toda tarde, pensei nesse bilhete. papel amarelado e manchado. letra arredondada. alguém que se esvaiu da minha rotina, mas que se escondeu em um cd que talvez nem soubesse se iria ser tocado novamente.

não me lembro do nome dela. mas lembro de seu rosto claramente. isso porque eu fixei-me um momento em observá-la profundamente e deixei que queimasse o suficiente as retinas de minha memória porque sabia que não era o tipo de pessoa que pudesse reencontrar. seus pais eram separados e ela mesma estava se tratando depois de uma tentativa de suícidio. tentativa que ela mesma dizia que era ridícula pela falta de noção física e química dos artefatos. pediu-me para ensinar as exatas e ela aprendeu bem os cálculos estequiométricos (regra de três).

ela tinha cabelos encaracolados não muito longos. o seu rosto era liso, mas sem extragâncias. o seu sorriso não era intenso, mas delicado. o bilhete agradecia por uma noite que não me lembro. mas que havia lhe feito algum bem. não me lembro de seu nome, nem do bem que fiz. o que tenho em mãos é esse bilhete e sua imagem na minha memória. amanhã, talvez nem a memória mais.

mas o bilhete, esse, deixarei que as forças do tempo destruam segundo a finitute do carbono. enquanto isso, deixarei em algum lugar que possa acidentalmente achar em outro domingo em que estiver arrumando a casa.


24 setembro 2005

:: sangue pela manhã

o sangue é a tinta da nossa fragilidade.
o meu nariz é um pincel
e desenho a pequena agonia dos seres mortais.

23 setembro 2005

:: jesus cristo fugindo do céu

"A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas".

alberto caeiro
:: alegria

muitas vezes já lhe disse que gostaria
que tivesse me conhecido em outros tempos.
em tempos mais amenos,
tempos em que o humor era extravagância boa.
porque os meus cabelos estavam melhores.
o olho mais aguçado.
as mãos faziam paródias. e eu sabia cantar.

hoje eu te peço, amor, que me conheça.
não cresci para te alcançar.
nem sei usar roupas significantes.
a minha poesia ficou extraviada
e deveras obliqua e chata.
mas eu tenho alegria.
a alegria que você merece receber
nos tempos que sobrar tristeza.


22 setembro 2005

:: costa marítima

gosto de ser barco para ir para o mar.
gosto de ser o mar nas pequenas ondas que bate no barco.
gosto do homem que coloca as ondas com o barco.
porque eu sou o vento
e desse jeito aconteceço nas coisas visíveis.
:: de quando eu falei com meus demônios depois de umas pingas com os amigos

-- you gotta pay the dues if you wanna sing the blues.
-- i pay só se for em real e com troco pro busão.

21 setembro 2005

:: lucia

lucia entrou na minha camisa, enquanto eu a vestia. deixou que seu tórax se acomodasse ao meu. os botões ficaram tensos. ela se jogou para trás para ver se a camisa aguentava. os botões partiram, mas meus braços a seguraram.

lucia então costurou os botões com as mesmas linhas que são feitos os meus braços.

:: corpo

da queda lenta,
ao vôo rápido,
pés sem sapatos.
:: a leveza dos corpos sincronizados

escorro pelo teu braço, minhas pernas na tua nuca;
o beijo sustenta os teus seios, a sola do teu pé na minha boca.
o quadril costela amor espinha a minha pelvis a tua coxa.
tão leves, os vapores. a minha fome paralela a seu vestido.
eu arranco teus sabores, me amas em tiaras e cílios.
os pulsos desconexos, a rigidez frenética da tua língua.
vou dançar meus versos desde a maciez da tua barriga
a leveza dos corpos sincronizados.

20 setembro 2005

:: 32

Eu não quero mudar o mundo.
Não tenho tempo para isso.
Quem quer mudar o lugar do mundo actua como quem muda o lugar de um móvel:
Empurra primeiro para um lado,
foi força demais,
empurra então para o outro lado,
agora com força de menos,
depois mais um pequeno toque para lá
e um ainda mais pequeno toque para lá,
e agora sim: o móvel está no lugar.
Depois abrimos o móvel e vemos que os copos que estavam lá dentro se encontram todos partidos.
Estão a ver?
Os copos todos partidos.

Que aborrecimento.
Não nos lembrámos da fragilidade do vidro.

Gonçalo M. Tavares

19 setembro 2005

:: agenda _ atualização

+ 22 de setembro - maria bethânia
+ 23 de setembro - los hermanos
+ 25 de outubro - kings of leon, strokes, mundo livre s.a. e arcade fire
+ 23 de novembro - madeleine peyroux
+ 26 de novembro - sonic youth, flaming lips, iggy pop, nin e nação zumbi
+ 2 de dezembro - pearl jam
:: de cama

[ escrevo errado. são tristes os meus passos. eu acho que posso, mas é tudo esperança vaga. assopro o trompete, dedilho o violão. o que faço não é música, é som tentativa. sou todo projeto. algo que podia acontecer. coisa de papel com vocabulário sonso. vaso que não tem o tamanho da terra mas acolhe bem as goteiras. os meus dedos são curtos, não chegam. o meu cabelo é tosco, não diz. conheço de tudo, um pouco, muito pouco. quase nada. meu verso não é demônio, nem é enfrentamento. é lamento, resignação. luta perdida. alguém que não nasceu. alguém que já foi e ninguém percebeu. não há quem me queira o verso. sou uma pessoa que valoriza o bom. apenas isso. e que há virturde nisso, há sim. mas quem precisa de virturde quando o mundo é paíxão e representação? vou dormir. um sono longo. com poucos sonhos. e viver a vida como se deve. como se a vida nos devesse algo.]

16 setembro 2005

:: melhor assim _ poléxia

sinto falta do escuro
quando preciso me enxergar
me tirem da tomada
começou a trovejar

às vezes é melhor
chorar do que sorrir
às vezes é melhor
calar e ressentir

o som cada vez mais alto
e nem por isso ouvem mais não ouvem mais
melhor assim

alguém passou aqui
transbordando solidão
secando minhas dores
que escorrem pelo chão

às vezes é melhor
sorrir do que chorar
se o quadro é em preto e branco
colorir é disfarçar

é tanta coisa nova
que é melhor nem relembrar
não relembrar
melhor assim

14 setembro 2005

:: tudo se transformou _ paulinho da viola

Vai, meu samba
Tudo se transformou
Nem as cordas do meu pinho
podem mais amenizar a dor
A razão dessa tristeza
é saber que o nosso amor passou
Violão até um dia
quando houver mais alegria
eu procuro por você
Cansei de derramar
inultimente em suas cordas,
as desilusões desse meu viver
Ela declarou recentemente
que ao meu lado não tem mais prazer

13 setembro 2005

:: cisco

você lambe meus olhos atrás de um cisco para tirar.
você lambe meus olhos para tirar essa hesitação que tenho
das suas lambidas e de que me torne eu mesmo um cisco.

11 setembro 2005

:: loveless

eu posso estar nos seus sonhos.
mas não estou em seu mundo.
você não ouve meu nome dito na boca de suas pessoas.
e eu não deixei de lhe fazer estratosferas.
sou um sonho seu ou faço parte de um.
mas em sua vida, eu nunca disse respeito.

nunca serei mais que isso: um nunca disse respeito.

10 setembro 2005

:: óculos

eu não vejo o futuro.
eu vejo um presente inventado.
:: odete cap. 03

há tempos, aconteceu em odete, uma epidemia silenciosa. a noite, as pessoas se esqueciam de si mesmas e para aliviar mágoas, fugiam de suas casas. chegavam tarde, quando seus estados não deixavam reconhecer sua própria casa. por algum tempo, odete conheceu uma outra odete, refratada por olhos de morfina secreta. alguns diriam que foi o momento mais criativo de odete, embora não se tenha registro de muita coisa. outros prefiram fugir da cidade a fugir de si mesmos. em jornais, há relatos de sonhos aflitos muito mais que do acontecimentos. odete estava triste e a tristeza não se via pelos olhos de seus moradores.

até que um dia, o sol brilhou diferente em odete. a epidemia se dissipou. os moradores que haviam fugido, trouxeram mudas diferentes para os jardins. os que haviam sobrevivido as mágoas cortaram os cabelos um dos outros e recomeçaram.

com os cabelos, uma moradora, que tinha o mesmo nome da cidade, tricotou uma colcha chamada "desperta".

09 setembro 2005

:: house

"achava que você era perturbado demais para amar alguém.
mas estava enganada.
você ainda pode me amar."

há esperança para quem fala quanto para quem ouve.
deve ser isso que chamam de diálogo.

06 setembro 2005

:: o diário onírico de kamie

ela mantêm anotações dos sonhos que teve.
para saber o que é mais absurdo:
a vida sonhada ou a vida vivida.
:: um casal no metrô

no metrô, vejo um casal e me soa duas solidões companheiras. o casal não tem pressa de chegar, são como fugitivos a espera do triste exilo. a cada estação, as pessoas entram e saem. mas o casal se protege da agitação. há hematomas invisíveis por todos os braços que se protegem. chegamos a estação final, deixo que o casal saia primeiro, não me atrevo a desmanchar qualquer harmonia que exista. penso na minha solidão e acho que não estou fugindo para lugar nenhum...

nenhum.

05 setembro 2005

:: josefina

josefina está cantando no meu telhado uma música de desvario. dentro da sua garganta mora uma cigarra e nos seus pés há anti-derrapantes. não me espere, josefina. porque eu não me arrisco no meu telhado... só em alheios.

e ela canta e canta. a cidade adormece lullaby. se a janela fosse uma cama, eu adormeceria também. mas josefina me pediu para que não deixasse de aplaudir o dia em que lúcida iria dizer sim a mim e ao meu telhado.

04 setembro 2005

:: ivone

as mãos de ivone cheiram pastel. quando beijo seu rosto, percebo seu suor misturado aos sabores dos recheios. ela se envergonha de que a beije nas horas de trabalho, mas diz não resistir ao meu recheio.

03 setembro 2005

:: agenda - tim festival

21 de outubro

mundo livre s.a.
kings of leon
strokes

22 de outubro

the arcade fire
wilco

23 de outubro

television
elvis costello

01 setembro 2005

:: quando a chuva cai

Chove torrencialmente em São Paulo
e no caos da cidade sinto-me em casa.
Irritadiços estão todos nas ruas, ônibus,
automóveis, metrô, boteco, padoca.
Leio algum livro sobre alguém que pode ser feliz
tenso para que as luzes não se apaguem.

E me perguntando, a cada semáforo,
se a vida me reservará mais do que espero.
:: some other spring

Agora que você se foi, vou sentar um pouco e acalmar a tremedeira da mão. Guardar suas coisas numa caixa e arrumar a velha casa. Vou mudar a posição do chuveiro para inverno, trocar os cd´s pelos livros e a marca do café. Toalhas secando no varal. Algodão para limpar sua maquiagem. Bacia de descansar pés que andaram o dia todo. Agora que você foi embora, as cortinas se abrem cada vez menos.

Comprei uma secretária eletrônica que toca Billie Holiday até onde deixarem. Deixe seu recado que eu ouço em outra primavera que vier.
:: the aeroplane flies high

Erga suas asas, incline de modo a fazer diferença de pressão do ar. Corra o máximo que puder em uma rua sem muitos postes. Quando levantar vôo desvie dos pássaros. E em um coração alheio, peça permissão para pousar.
:: depois de um samba

sabe o que acontece, lu? é que eu já perdi quase todas as minhas esperanças de ter uma vida sonhada. de que exista uma felicidade para a qual fomos destinados. ou que alguém me ame o tanto quanto eu amo. há muitas dificuldades, muitos obstáculos, tijolo que se não é para dar alicerce, acaba sendo pedra no caminho. há muito tempo eu já decidi que essa tal felicidade é artigo de luxo para mim. e almejá-la -- como tanto já almejei -- só me fazia sofrer a ponto de eu deixar de me existir.

fiquei pensando sobre essa coisa da emoção versus o racional. como tosco duvidador, eu me pergunto se é tão válida acreditar tanto na emoção assim. eu disse: tanto. porque irracionalidade não são só coisas belas como o amor, é também coisas dificeís como o ódio. e o que dizer dos seus principios? dos valores? porque todo mundo acredita em alguma coisa. e isso passa um pouco pelo filtro do racional. "faço bem para quem amo", é um principio. assim como: "sou fiel aos meus amigos verdadeiros". essa ladainha toda que apesar de soar tão ultrapassado, é o que nos norteia o cotidiano, as pequenas aventuras do dia-a-dia. é o que me faz gravar cd´s e não ficar tão preocupado assim se vão gostar ou não.

e digo mais, lu. o que eu descobri nesses anos de infelicidade é que eu construi uma felicidade muito própria. porque viver infeliz é uma grande merda. você me diz que eu rio demais. mas o riso, a graça, o sorriso é o que mantêm essa humanidade um pouco mais humana. que emoção maior de que quando tudo está uma merda, você poder sorrir porque há algo de belo na tristeza? ou perceber que mesmo na merda, você encontra pessoas maravilhosas que lhe dirão coisas boas? eu que te acuso, lu querida, de separar do seu dia-a-dia a sua inteligencia de seus sentimentos ou vice-versa. sempre me perguntei porque o amor tem que ser burro, porque cego até entendo. mas burro ele não precisa ser. dar releituras para o amor é um ato amoroso consigo mesmo.

pq dar releituras é dar outra chance. e dar outra chance é acreditar um pouco que as coisas podem ser melhores. não digo que serão, mas se você não der outra chance, não vai saber.

lu, eu não faço desdém dos seus sentimentos. eu faço desdém da situação que você mesmo se deixa porque acha que está fazendo certo em sofrer. como se sofrer fosse uma penitência para o tamanho do seu amor. hoje em dia, para mim o que importa, é exteriorizar nesse mundo tão falso, um amor um pouco mais sincero. concretizar através de algumas práticas de que amo sim, apesar de não soar tanto. e eu descobri, lu, que esse lance de praticas e exteriorzar é muito divertido. e não tenho nenhuma culpa em rir. quero ver um sorriso grande quando estiver na merda para ser meu norte, para que me mostrem onde quero chegar.

e do mais, pague-me um café e recomecemos.
:: odete



o que existe debaixo de odete são perguntas, corações e cabelos.