a million parachutes

for us

31 maio 2003

:: enquete

você tem mais medo das certezas ou das dúvidas?

(por favor, respondam. é importante).
:: do caderno secreto de olga camus

cadernos encontrados numa lata de lixo, perto do masp. capa pintada com esmalte, guache e caneta hidrocor. todo conteúdo à lapis. na contracapa, apenas: olga camus e o ano de 2002. um telefone que segundo a telefônica não existe. referências da cidade através de desenhos. últimas folhas rasgadas para recados. na primeira folha, dois lembretes: "não esquecer de pagar o inglês" e "ligar para luis?".

um


eu amo você
e não sei o que isso significa.
sei que amando você
sinto parte de um todo
e não intervalo fragmentado.

dois


amo seus dedos que teclam
e sua voz interna que dita.
minhas mãos aquecidas
valeriam mais que suas palavras
se eu tocasse as suas.

três


considero o fato de que te amando, me deixo um pouco.
e me deixando, existo de outra forma.
pare de escrever sobre mim e para mim.
amanhã mesmo posso amar outro.
amanhã posso ser outra forma.

29 maio 2003

:: thinking about you _ parte 01

depois que desliguei o telefone,
pensei que falávamos de eclipses, aranhas e jantares.
se o repeat dos aparelhos de cd's era uma invenção boa ou ruim.
que banana co era o título de um post,
mas que thinking about you era mais conveniente.
que ainda tínhamos tanta coisa para dizer.

há nesse mundo muitos sonhadores.
sonham que estrelas possam teclar números de telefones
e completar a ligação a distância de ano-luz
e dizer que estão bem, que pensaram em você
por alguns momentos no dia.
mas que o ano luz representava uma descontinuidade
ainda inabalada, uma falta de frescor.
como se demorasse 31 anos para que uma pergunta pudesse ser respondida,
dada a distância tão criminosa.

há nesse mundo muito realistas.
que reconhecem a ferida na carne e o desespero.
realizam suas feitorias e se firmam no mundo
e conseguem a muito custo, uma felicidade de suor.
uma felicidade que tem cor, gosto e cheiro.

depois que desliguei o telefone,
pensei em mudar o playlist com músicas do radiohead
dos primeiros discos para coldplay.
mas aí deixei, pensei que me diriam algo.
talvez tenham dito, mas não compreendo ainda.

há algo nesse mundo de sonhadores e realistas
que fazem com que eclipses, aranhas e jantares façam sentido.
e isso é um sim.

(parte 2 em oneilove.blogspot.com)

28 maio 2003

:: hoje estou all star pra vc.

All Star
(Nando Reis)

Estranho seria se eu não
Me apaixonasse por você
O sal viria doce para os novos lábios
Colombo procurou as Índias
Mas a Terra avisto em você
O som que eu ouço são as gírias
Do seu vocabulário

Estranho é gostar tanto
Do seu All Star azul
Estranho é pensar que o bairro das
Laranjeiras
Satisfeito sorri
Quando chego ali
E entro no elevador
Aperto o doze que é seu andar
Não vejo a hora de te encontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem
Ficou pra hoje

Estranho mas já me sinto
Como um velho amigo seu
Seu All Star azul combina com o meu,
Preto de cano alto
Se o homem já pisou na Lua
Como eu ainda não tenho o seu endereço?
O tom que eu canto as minhas músicas
Para a tua voz parece exato

Estranho é gostar tanto

faz tempo que eu não via uma letra em português tão boa... e a música é lindíssima.

27 maio 2003

:: parede

pelos tijolos percebe-se que nessa parede existiu uma passagem.
talvez tenha-se tentado até portões e grades.
mas hoje só há a parede.
q situação extrema foi preciso para chegar a isso?

é como os caminhos de seu rosto;
mesmo que vc diga que não chora mais.
:: motoboy

era um embrulho grd.

o motoboy pediu para que amarrassem em suas costas pq não tinha como colocar em sua mochila. o homem que solicitou o serviço, um senhor de barbas malhadas, pensou em entregar de outra maneira. o motoboy adiantou-se e disse que daria conta do recado.

o embrulho era de papel pardo e cheirava a galinha. tinha selos com línguas estranhas.

seu destino: paraíso.

qdo andava pela rebouças, um carro desgovernou-se e capotou. o motoboy não conseguiu frear e a moto bateu no carro e ele foi atirado para frente.

em seu vôo, pensou nas prestões que ainda não pagou; na penúltima namorada e no fato de nunca ter conhecido belfast.

então o embrulho que tinha em suas costas abriu-se. eram asas. alçou um vôo rasteiro desviando carros que vinham na contra mão.

depois ninguém mais o viu.

o homem que solicitou o serviço deu queixa à policia, mas o policial arquivou o caso pq não sabia escrever "alçar".

:: ela não escreve canções para vc

ela não escreve canções para vc
e vc vive aborrecido com isso.
ela inventa a si própria
mas não tem tempo de te inventar.
ela faz nissin-lamen
e uma xícara de chá.
ela não sabe que vc gosta de lamen
e diz que, se quiser, a água ainda está quente.
ela não te convida para os filmes,
ela não te informa sobre as séries de tv.
ela não escreve canções para vc.

(to be continued...)

26 maio 2003

:: postcard

vc andando perto do lago.
as árvores começando a plumar.
garotos improvisando traves
e babás discutindo amenidades.

cachicóis a mostra, corações vestidos.
namorados passando rápido,
casais evitando chegar,
o cachorro espera sua parte do bolo.

o starbock está movimentado,
talvez alguém fazendo aniversário.
amigos em volta da mesa rindo,
embebedando conversas de cartão postal.

25 maio 2003

:: o sol

o que eu quero é amanhecer com você.
ninguém entende porque isso é tão importante: amanhecer.
sentar e ver o sol aparecer lá no fio.
sentir um calorzinho no rosto e fechar os olhos para não queimar a retina.
amanhecer é provocar a descontinuidade,
viver dois dias em um.
é vencer o cansaço por algo belo
e ser acompanhado nesse ato é uma das formas mais sublimes de companherismo.

é como se olhássemos o futuro aparecendo para nós.
estamos testemunhando o dia seguinte.
e não estou só nessa visão.
você está comigo.
você também quis ver,
mas só fazia sentindo se fosse comigo.
e para mim,
só fez porque estava com você.

e imagino a gente perdendo para o cansaço e o sono.
mas a merda, a subversão já foi feita.
quando acordarmos será o mesmo sol que deixamos.
desta vez, não foi ele quem nos deixou.


24 maio 2003

:: o jardim secreto

existe um jardim com flores azuis, vermelhas, amarelas, malhadas de mtas. o sol lhe é mto gentil e a chuva, amena. se ficar em silêncio, poderá ouvir o coração que bate. e se prestar atenção, ter calma, poderá distinguir o que é movido pelo vento e o que não é.

existe uma porta que te olha de soslaio. a principio pede: não se aproxime. mas se você ver de perto, é marca de lâminas de outros. o jardim ressente, mas se você souber que muros e grades de nada adiantam, poderá girar a leve e macia tranca e entrar.

por favor, limpe os seus pés do mundo.

e o jardim vai te dizer coisas sobre outras pessoas que lá estiveram. pessoas que já se foram e o esqueceram. pessoas que o perderam num momento de desvario. pessoas que o amam, mas que se calam. pessoas que plantam uma semente diferente cada dia, esperando que crie pernas e que não seja só pisado por elas.

há bancos para se sentar e falar sobre amenidades. o jardim teme o repetitivo, mas o ciclo da vida nunca se repete igual. diga ao jadim: somos todos os dias reiventados! e traga flores diferentes que ele agradecerá.

existe um jardim secreto, quase invisível. os olhos tímidos pedem muito pouco. a feiura dos calos, a região entre o nariz e olhos, os ombros largos. o dia já vai tarde e ele se aborrece. os pássaros construiram seus ninhos, deu tempo. o pequeno lago, pequeno espelho deformado, avisa que a lua já é alta. e todos estão serenos. o jardim triste nessa pequena solidão da noite mal sabe que velam, também secretamente os seus sentimentos que são metáforas das flores.

existem um jardim para onde as horas chegam diferente. um jardim secreto que é sonhado e mtas vezes vocativo. se tiver humor, de manhã, fique em silêncio.

quando ouvir um sussurro feito voz e feito vento, diga apenas: obrigado por existir.


22 maio 2003





O Rouxinol e a Rosa
Herbert Vianna

Sob o céu frio e cinza
Um impasse e poucas opções
Não há rosas no jardim
E há tempos não se ouvem os rouxinóis

Se eu soubesse amar, eu cravaria
Um espinho ao meu pobre coração
Vermelha então seria a rosa
E entre as outras brilharia como o sol

Mas por um instante eu duvidei
E o sangue então se derramou em vão
Morreu por nada o rouxinol
E a rosa não chegou às tuas mãos
:: tique

vc com esse tique no olho,
e a vontade gorfar tudo que anda preso aí no seu coração,
nem percebe que ando tendo tremedeiras e insônias.
e vive tropeçando e achando natural,
porque é da natureza que às vezes as coisas não vão bem.
e sempre tento te convencer que essa sua tristeza infinita
é bem finita se soubesse nãao se incomodar com o tique no olho,
se soubesse gorfar tudo de mal que há em você.
mas vc prefere segurar tudo quieta
e esconder o tique no olho piscando o outro.
:: sentimentos imaginéticos

você se sente assim:



e eu me sinto assim:



e minha amiga ficou assim:



depois que parou de ter sonhos assim:


21 maio 2003

:: a vida é engraçada

parece que eu sei o que anda passando na sua cabeça: os textos andam pesados, principalmente pq vc tenta e não consegue encontrar neles alguém que pareça de verdade. vc olha pela janela e pensa que deve ter outra vida lá fora; talvez tivesse outra menina com o mesmo nome e aparência vivendo outras coisas que embora não pareçam importantes, são mais significativas.

aí vc olha para dentro da sala e pensa qtos estarão com coisas semelhantes na cabeça; qtos estão compenetrados na leitura desses textos e qtos vão ter a oportunidade de viver outras vidas. olha para dentro de si e percebe que nunca escreve a caneta para qe sempre possa retocar. a sua invenção corre num grafite e o poder de apagá-lo te dá segurança. "undo history" é uma das poucas invenções boas da informática, como o mp3.

aí vc perde a tarde para me escrever um email. talvez para contar o qto foi ousada hoje, tentando me convencer que ser ousar também faz parte de resistir. e eu não tenho como não acreditar porque é como se tivesse aberto seu coração que imagino ser pequeno por fora, mas um abuso de grande por dentro.

aí eu digo que você é uma pessoa boa. vivo dizendo isso para as pessoas boas. não tenho argumento para dizer isso... é uma certeza estúpida quase infundamentada, mas que acho necessário dizer às vezes.

a vida é engraçada. a vida é tosca. você vendo as coisas perdendo o sentido e correndo na mesma velocidade para inventar outros. aí você inventa outras vidas com lápis para ficar retocando, decidindo o que é ousado e o que é subversão. aí vem outros com outros lápis e canetas e escrevem outros argumentos sobre. e você acredita porque é para você.

19 maio 2003

:: one i love

sabe qdo vc gosta de uma banda e parece ninguém entende porquê? e quando você encontra alguém que gosta mais que você? e quando você descobre que esse alguém é uma pessoa muito muito especial? fala sério... tem sido uma semana muito boa, apresento-lhe o blog:

oneilove.blogspot.com

com uma revisão faixa-a-faixa do parachutes muito bem feito pela liza, minha companheira de blog e coldplay, para começar!

p.s. liza, se vc cantasse, eu me casaria com vc!!!
:: o mar mais silencioso daquele verão

quando me sentei na poltrona do cinusp para assistir "o mar mais silencioso daquele verão" era com se dissesse oi para alguém com quem tive apenas uma única conversa, mas que fora mto boa. alguém que está de passagem e que a circunstância pedisse uma dedicação maior. alguém limitado pela inexperiência, mas que faria tudo para não ser limitado. era esse nosso acordo: ele contaria a história de fomra mais sincera e eu me emocionaria de acordo.

* * *

e kitano, esse cara escroto, voltou a contar a história de um jovem lixeiro surdo que encontra no surf algo para resistir a sua rotina e de sua namorada que reinventou o conceito de companherismo.

os planos de kitano abusam do uso de perspectiva quebrada com perpendicularidade. ninguém finge nos confrontar. ou estão nos olhando de frente ou encaram a eles mesmos. só o mar é absoluto, só o mar a lente não consegue colocar em perspectiva.

* * *

a personagem da menina é que mais emociona. arruma sempre as roupas do namorado quado ele está no mar. espera-o. até que nos inquietamos quando as roupas estão jogadas, ela não veio? o que terá acontecido?

* * *

há uma cena perturbadora. ambos compram uma prancha nova; a velha que havia encontrado no lixo e concertada parte-se na aprendizagem. quando embarcam no ônibus, o motorista diz que não pode porque a prancha atrapalha os outros passageiros. a menina que já havia pago, parte. não sabe bem o que fazer. o lixeiro vai então sozinho para casa. o ônibus vai se esvaziando, ela continua de pé, indecisa, o que fazer? perto de casa, desce e começa a correr para encontrá-lo. na sua frente pára. ele agradece com um sorriso esses minutos a mais de companhia.

* * *

o surf começa a tomar mto tempo do lixeiro. seu companheiro de serviço o alerta para o perigo de ser demitido. dá uma bronca, bate em sua cabeça e o arrasta para o trabalho. a roupa de borracha se torna cômica enquanto ele joga o lixo no caminhão, descalço.

mas esse mesmo companheiro revela-se uma amigo ao pedir para o patrão que deixasse o garoto participar de um campeonato de surf. acaba trabalhando pelos dois.

* * *

a trilha sonora belíssima ressalta a melancolia e por contraste acentua as cenas cômicas. sim, é naturalmente engraçado as situações, as armadilhas, os desentendimentos.

* * *

até que o mar o traga.

* * *

na seqüência final, kitano usa um golpe baixo mto semelhante ao de tornatore em cinema paradiso. quando achamos que tudo acabou, retorna em uma sequencia de fotos mas em movimento: a menina sobre a prancha na areia fingindo ser ela a surfista; retratos dos amigos que fez com o esporte; o companheiro lixeiro, ele e a menina num bar comemorando um troféu de sexto lugar; a menina aceitando para si o troféu que ele deu como se isso a fizesse parte da vida dele.

* * *

saio quando aparecem os créditos. não tenho coragem de me despedir, choro compulsivamente, tento evitar mas não consigo. vou escrevendo essas linhas com os olhos vermelhos. penso: por quê?

não sei se espero ter a perseverança do lixeiro ou uma companheira como a menina; ou ter amigos como seu companheiro de serviço ou a oportunidade de dividir um troféu.

difícil pensar quando se está chorando de felicidade.

:: satélites



quanto mais te vejo, menos as coisas parecem o que realmente são.
te vejo nas linhas dos trópicos, mas te encontro nos circulos polares.
a cada fração de segundo, a cada fração de atrasado,
a cada movimento repetido, em cada pixel desesperado,
em cada corte seco e fundo chroma key,
tento ler sua escrita, seus dizeres, o chamar querido,
o sentido pela ausência, a cor pela saturação.

e teu rosto viaja células ópticas até chegar aqui.
no bairro de periferia escondido entre rios e córregos sujos.
está longe, mas muito próxima. em suas palavras publicadas
ouço um coração quente e macio. um lisura de coisa pouca.

e fico em órbita, cobrindo e descobrindo sua face.
e captando sua fala e distribuindo sua fala.
no ar rarefeito, alucinógeno e frio, trabalho e repito.
até que me perceba num céu muito claro
a reentrada, a queda segura em terreno deserto
para deixar de ser realmente satélite.

18 maio 2003

:: amorosa cia pneumática

nova edição!!! a #03!!!

http://www.amorosa.tk
:: cartas

eu reli todas as suas cartas antigas
e entendi muita coisa diferente.
pensava que suas letras redondas e laçantes,
sua falta de cuidado em terminar as linhas
e desenhos de esferográficos
eram só brincadeiras para passar menos tempo no papel
e deixar as cartas menos ralas que telegramas.
pensei ter lido telegramas, sempre.

e sempre me foi aborrecido saber sobre seus laços
ou seu sonho de ter entrado no mackenzie.
creme para as mãos, meias com desenhos da hello kitty,
programas da mtv e chocolates com menos calorias.
reli todas as suas cartas antigas e percebi que não falava de calorias.

envelopes impecáveis, a letra mais cuidado no envelope
para que os correios não se engassem porque você não se engava,
você tinha planos e arquiteturas. você nem precisava mandar cartas,
mas mandava assim mesmo. para acabar aquela coleção de papéis de carta
que deixavam você com cara de menina e não de mulher.

e eu perdi o hábito de responder. e você foi perdendo a vontade de mandar.
e perdeu a vontade de escrever também.
e perdeu a vontade de que não enganessem o meu endereço.
e eu perdi seu endereço novo.
e você esqueceu de me ligar para dizer o seu endereço novo.
e eu então reli as suas cartas antigas
e entendi muita coisa diferente.

entendi que era para eu ter o cuidado em responder tanto quanto
você tinha de escrever. mas não era para ser descarado,
porque ambos éramos pessoas difíceis. e agora mais velhos, ainda mais.
entendi que era para que eu guardasse seu endereço novo
porque se precisasse, podia mandar eu uma carta ao invés de uma resposta,
porque você também queria responder cartas, com o mesmo cuidado
das pessoas que lhe enviaram. mas que eu não seria o único,
mas o mais esperado, porque eu sabia de seus laços,
de seu creme e de suas meias, dos seus videoclips
e da sua vontade de ser um pouco mais bonita

para mim.

16 maio 2003

:: para elisa

vinicius nasceu de 5 meses e sua mãe morreu em seu parto. seu pai se embebedou de tanta melancolia. um dia se matou para que vinicius recebesse um seguro de vida modesto mas que lhe garantiria a faculdade.

vinicius tinha 3 desejos: ter uma mulher direita, escrever um livro direito e não cometer os mesmos erros que seu pai.

teve algumas namoradas direitas, mas por quem se apaixonou pouco. escreveu 3 romances inacabados e desistiu da vodka por causa do estômago.

estudava jornalismo de dia e era barman a noite. não reclamava, tinha uma vida boa comparada aos desafortunados do brasil.

foi quando conheceu elisa, uma puta que lhe cobrou 600 reais na primeira trepada, mas que depois só fez com ele por amor. ele trocou o parágrafo pela estrofe e cerveja por café. ele fazia hora extra para que ela não fizesse. estragou o ano letivo e bombou na faculdade. mas deu entrada em plano de saúde familiar e só precisou que elisa disse sim.

elisa não disse sim e nem não. disse que iria pensar e sumiu. vinicius a procurou e na sua empreitada escreveu o mais belo livro de verso sobre sua volta que nunca aconteceu. mas casou-se para ter 2 filhos. um médico e uma professora que publicou seu livro logo depois de sua morte, aos 78 anos.

ligia, a filha professora, procurou elisa para lhe entregar um exemplar. demorou quase dois anos. encontrou-a num asilo quase esquecida pela familia a não ser pela neta.

ligia não teve coragem de lhe falar. deixou o pacote na entrada e foi embora. a neta de elisa estranhou o embrulho e ao abri-lo surpreendeu-se com alegria e perguntou para sua avó quando o namorado dela havia decidido publicar aquele manuscrito velho que elisa guardava em sua gaveta.
:: vingança

quando sergio saiu da prisão, prometeu a si mesmo se vingar do verdadeiro culpado do seu crime.

completou o segundo grau e fez direito a noite. trabalhou de boy e conseguiu montar um escritório, prosperou.

depois de 10 anos, na mesma data em que completou 10 anos de confinamento, mandou rezar uma missa para seu pai que vivia com outra familia na bolivia.
:: pais e filhos

ambos estão em frente de uma loja de instrumentos musicais. o pai, contador, pergunta ao filho:

-- mas o que você quer ser quando crescer?!?

-- mas, pai, sua vida é meio chata.

-- não, filho. eu tenho uma banda.
:: julia e bruno

julia estava na 5º série; bruno na 8º. julia era apaixonada por bruno desde que ele a ajudara quando ela fraturou o braço num jogo de volei. bruno nem era o mais baixo ou o mais frio. nem o mais burro, nem o mais inteligente. nem o mais rico e nem o mais pobre.

julia o amava secretamente, mas achava estupido o que suas amigas faziam: mandar bilhetes; contar para os amigos do pretendido; ficar parecendo as mães.

um dia julia estava esperando no carro a sua mãe que estava na casa de uma amiga, quando avistou bruno vindo na calçada; pensou em se esconder, mas ele já a tinha visto. ele disse oi, ela respondeu sem graça. quando percebeu que ele ia, disse:

-- quer ver uma coisa?

ele não tinha o que fazer.

-- quero.

convidou a entrar no carro e ela se sentou no banco do motorista.

-- o quê? ele disse.

-- o que o quê?

-- o que você ia me mostrar.

ela pensou em lhe mostrar os seios, mas ficou com vergonha. ficou nervosa... ligou o carro. bruno se assustou. julia engatou a primeira e saiu andando.

-- sabe o que é? é que você tão legal, tão gente boa...

bruno estava ficando bege:

-- olha o sinal!

-- então, você não é que nem os outros garotos, sabe? você é especial. você não diz coisas bonitas, mas você é divertido.

-- a gente pode ir mais devagar?

-- e você tem esses olhos que são uma gracinha. alguém jã te disse que seu bumbum é cute cute?

-- olha, minha casa é... era aquela ali.

-- o que eu quero te dizer é que eu sou apaixonada por você, sabe? apaixonada.

-- é.. eu também...

a freada foi o inicio de um namoro que durou 4 horas: o tempo das mães buscarem na delegacia.



:: meu cachorro skip



não é um grande filme. mas essa cena é linda, perfeita se é que isso existe, tenra e me fez chorar mais que o final que achei meio forçado. não achei a imagem propriamente dita, mas é quase igual a essa só que de um ângulo diferente.
:: triste fim de um amor desiludido

amanda amava pedro. pedro já havia deixado de amá-la. o tempo fez com que pedro amasse drica que amava pedro.

amanda então escondeu em uma caixa que sempre carregava no bolso o seu amor por pedro. era uma caixinha resistente de carbono e coberto por borracha, ótimo isolante elétrico. era leve a caixa, podia carregá-la sempre. e foi o que fez.

durante séculos a manteve em seu bolso, mas cada dia que passava lhe pesava cada vez mais. trocou de caixa por outra mais leve mas não menos resistente e continuou essa manutenção também por séculos.

em seu caminho de solidão encontrou muitas pessoas que se apaixonaram por ela, mas sua caixa aprontava alguma e ela desistia. teve um episódio em que um menino ia lhe dar o seu coração mas a caixa caiu num barranco, ela foi buscar. o menino com o coração na mão morreu porque não tinha quem mais bombeasse o sangue até as células para fazer respiração.

até que um dia reencontrou pedro. era uma pessoa feliz com drica. os séculos pesaram naquela cena. pegou a caixa e pensou em arremessá-la contra os dois. mas amanda era pessoa boa, virou-se e foi embora. alguns meses depois encontrou carlos que se apaixonou por ela. ele também já tivera muitas caixas e sabia alguns segredos de sua feitura. deu a ela uma ainda mais eficiente e disse:

-- amo-te, mas não posso te negar essa caixa porque é minha única forma de dizer. toma.

e foi embora. amanda pensou em amar carlos, mas não o fez.
:: conselho

conselho da fernanda para um dilema existencialista meu:

"não endureça o coração!"

eu amo a frasca.

15 maio 2003

:: os anjos

aparecida era uma anja, mas não parecia uma.

andava de golinha em vodka e não dizia quem estava em sua guarda. comprava revistas de moda e dizia que nada daquilo tinha a ver com anjos. seus caracóis eram irritadiços, armavam-se para cima feito chifres, mas jurava que era coisa de nosso senhor. apesar de ter um corpo médio, era dona de mãos extremamente delicadas que não representavam a vida dura que levava de empregada doméstica. por isso que todos acreditavam em sua anjelicalidade.

dificilmente usava branco. gostava dos tenis coloridos e tinha coleção de meias que comprava semanalmente no largo da concórdia. às vezes, olhava pro céu, meio desiludida por não terem vindo buscá-la ainda. olhava para as meninas que acreditavam e dizia:

-- há muito para fazer nesta terra nefasta! vão estudar, suas vadias!

e soltava gargalhadas contagiantes. as meninas nunca revelaram de onde aprendiam tantas palavras deselegantes, mas aparecida também nunca contava onde a maioria encontrava seus namorados. era um criatura estranha. quando hesitava em jogar futebol (era goleira de primeira) dizia que iria cuidar de suas asas e descansar. já fazia um tempo que aparecida não andava tão entusiasmada, até os palavrões deixou de usar. todos pensaram que foi o namorado bandido que a largou.

-- nem. foi eu que larguei, eu sou anja, eu posso fazer isso sem me machucar.

e foi num dia como hoje que aparecida sumiu. fazia um eclipse lunar, todas as garotas preparavam para assistir e fazer um relatório para a aula de ciências. aparecida fez sucos e sanduíches. e foi dormir. no dia seguinte, já não estava mais lá no seu quarto. suas roupas também não. um bilhete: o eclipse me levará.

procuraram por muito tempo, mas nada. disseram que voltou para casa. mas ela nunca disse onde era sua casa. então o telefone toca:

-- voltei!

era aparecida. disse que estava por aí, tentando ser anjo. as meninas reconheceram mas não acreditaram. anjos não existem.
:: born a different cloud

hoje acordei uma nuvem quase liquefeita,
num céu poderosamente azul,
um céu que forçava seu azul contra meu cinza,
para torná-la branca.

estou só.
os movimentos me levam prá lá inutilmente,
pois lá não estarei menos só.
hoje nasci uma núvem diferente da de ontem,
porque hoje não quero ser nuvem.

:: a noite

existem coisas na noite que tornam qualquer lugar um outro lugar.
esse frescor que amortece os desânimos, um silêncio sorrateiro, os animais noturnos.
eu olho para janela e estou no portão.
eu olho para o portão e estou na rua.
eu olho a rua e já estou do outro lado,
tentando me virar para ver a minha própria noite.

14 maio 2003

:: fugidio

uma coisa que percebi nesta semana é como as pessoas se afastam quando você está mal. parece meio uma doença contagiosa. por favor, não estrague meu dia com suas tristezas futeis. ou faça-me o favor, de novo, não!

fico imaginando de quantas pessoas a gente se afasta para nos preservar, se é que isso é se preservar. ou eu sou muito orgulhoso para pedir ajuda, ou os outros são orgulhosos para não oferecer. acho que no final, são poucas pessoas de quem nos orgulhamos e a quem não temos um orgulho atravessado.

ou pior, quando todos são só indiferentes.


:: reconectando...

depois de uma baita bronca muito bem fundamentada com direito a fundo musical, chantagem emocional quase crime de lesa-humanidade (não paro de rir depois que ouvi essa expressão) e tapas fortes (lembre que a força é igual a massa multiplicado pela aceleração e completo: vezes a quantidade de golpes) vou reconectando para evitar atritos.

coagido?
e não?

amizade é um bem muito precioso. não sei porque ainda me surpreendo com isso. às vezes, a gente nem percebe o quanto alguém está fazendo algo por você. depois, é um tranco. aí você enxerga as coisas dele por aí. muita gente não comenta, amigo comenta. tem uns que fingem que não. mas está lá ele presente falando de ceboulas quando quer falar de paráquedas. aí a gente fala de ceboulas pensando em paráquedas.

os amigos não te chamam para festas, eles te fazem uma festa lúcida. uma festa vagabunda para não te gabar. e são pessoas dedicadas, mesmo quando o embrulho do presente é a própria sacola da loja. você ia abrir mesmo! aí ele te manda manda emails mandando ir a merda e depois telefona com uma voz muy serena. ele quase não pergunta se você está bem, porque ele sabe de alguma forma. muitos deles não estão no seu dia-a-dia, mas se você prestar atenção, ele mostrará que você está no dele, em pequenas coisas quase abusivas de tão ordinárias. no trijeitos de falar, na cor da camiseta, nas músicas, nas letras, nos lugares-comum que deixam de ser não-lugares, nos gostos e principalmente, na aceitação ou não de algo que os envolve.

pensei que fechar esse blog me traria algum tipo de alivio e de certa forma trouxe.

mas há aqui nesse blog o fomento de algo que é muito caro para mim: a invenção das "minhas" coisas ordinárias. não ficções de cinema ou televisão ou sentimentos de livros. ou a atmosfera das músicas ou as catedras das críticas. há aqui uma ficção que faço com esses meus amigos. e que por eles fui eleito como um dos seus documentaristas (basicamente porque eles são preguiçosos e tem mais o que fazer). um ofício tão necessário para a identidade não só minha, mas de todos que nele se sintam envolvidos.

a todos os amigos que vivem me socorrendo, meu agradecimento. desculpe-me pela crise, mas tenho sentido muita ansiedade da vida. escreverei com afinco para merecer tanta responsabilidade (nem tanta assim, não é? ou é?).

márcio

p.s. abaixo os textos que já estavam postados, mas que hesitei em publicar.
p.s.s. e vai ter festa de 1 ano de blog, sim.

* * *

o que acontece a você que anda tão machucada?
que pára para descansar antes do primeiro salto?
que vai construindo paredes fortes ao invés de desenhos para proteger seu coração?
e a sua voz que sai difícil, sai quase mentirosa?

o que aconteceu com seus cabelos que caem facilmente querendo cair?
e os joelhos que não se dobram? e o seu braço que não acena mais abraços?

o que fez com o sol? o que fez com os caminhos?
por que o céu escuro e tempos atrasos?
e a temperatura que congela minhas mãos usualmente quentes?

o que acontece a você que anda tão faltosa?
que anda com falta de apetite e vitamina b-12
tão fora de mim e tão desvivida?

* * *

você é esse meu lábio seco e esquecido
que conspira com a saliva
os bens dizeres de uma esperança aguda.

você são esses meu olhos tortos
que enxergam cada vez mais diferente
e cada vez menos tridimensional.

você é esse meu pé e tornozelo
que tropeçam em pedras cada vez menores.
você é a garganta; os dedos que
escrevem prejuízos; a falta de ar nos brônquios.

você é a minha palma da mão fechando.
você é o primeiro passo quando estou no segundo.

você é esse espaço aqui em mim:
entre a aorta e a comiseração.

* * *


vem...



vem.

vem fazer barulho com a boca
compassado com sua falta de saber.

por favor,
pare de estar querendo estar parada,
nós temos muitos casamentos e festas de criançar para ir.
oportunidades; falsas convicções; tiros surdos.
se você sorrir, deixe os olhos abertos,
para desviar do soco... tenha epifânias enfim.

vem.

* * *


amor,
você me teve
mas eu não te tive.

então, eu quero te dizer: adeus.

amor,
você me deixou
mas eu nunca te deixei.

então, eu quero te dizer: oi.

amor,
volte para casa.
quando você vai voltar para casa?

então, eu quero te dizer.

12 maio 2003

:: encerramento das atividades

o blog encerra, mas o parachutes não. muitas coisas pesaram pró e contra para tal feito. mas o fato é que o blogueiro-autor não vê mais razão para o objetivo primeiro a que esse blog se colocou: uma declaração de amor.

mas o parachutes continua como mailist. ao menos uma vez por semana mandarei email com textos meus e de outras pessoas, esboços, notícias, imagens e afins. é um novo desafio que me proponho depois de ouvir opiniões várias de leitores desse blog.

começarei também um grande esboço para um romance prometido há muito. para entrar na lista mande um email para:

marcioyonamine@yahoo.com.br

com o assunto: parachutes. ou me avise de alguma modo. tentarei colocar diretamente os leitores mais assíduos.

aos fiéis leitores, um agradecimento muito especial e a prova de que estas palavras não são tão vãs assim.

márcio yonamine

08 maio 2003



:: as músicas que quero dançar com você _ ouça

você prepara a sua festa, sra. dalloway, a sua vida é um eterno preparar de festa. se me viro, lá está você cuidando de seus detalhes, com ternura (1)e insistência de tempos. se me volto, você não volta. continua seu processo. as bebidas levemente doces, os salgados sem fritura e as cadeiras, se estão de agrado. é um cuidado como se nunca estivesse pronto, como se sempre faltasse algo, talvez na big band faltem trompetes -- como se um já não fosse o bastante. nunca é o suficiente para que comece a sua festa, sra. dalloway, nem os convite mandou imprimir porque se os tivesse feito não teria volta. calmante como a calma fosse o ingrediente fundalmental. e se a calma não for calma, mas medo de que seus convidados não gostem de sua festa? estou inquieto, a noite parece longa e eu espero que você se desocupe de suas outras tarefas para que dance comigo.

de la para cá, de cá para lá. numa correria sem sentido. cada vez que sinto a proximidade (2), mais fugidia pareço te reconhecer. vai se esquecendo de mim, eu também me distraio com outras atividades. o piano sendo afinado, cada nota que se assemelha as músicas que vão ser tocadas e você percebendo o inevitável de acolher a festa e seus convidados. a cada nota que se afina, vou riscando dessa lista de músicas que quero dançar com você algumas que me parecem impossíveis. tão próximas foram, e você, sra. dalloway, tão próxima vejo elas sendo perdidas para outras festas se estas vierem algum dia.

e como acaba essa história? (3) não sei. o florista a chama e o maestro diz que a acústica desse salão não é boa. vim lhe ser útil e fico aqui sentado, não sabendo o que fazer. talvez se importasse menos com os aborrecimentos dessa festa, deixaria para outros os serviços mais maçantes e cuidaria de si mesma. mas prefere se virar e esquecer essas reflexões que elas só fazem atrapalhar. atrapalho?

fico pensando se tenho sido bom para você (4). se tenho sido conveniente escrevendo essas coisas. sentimental. é o que me faz estar aqui. mesmo que ache que essa festa só lhe traga aborrecimento e pensamentos maçantes. tenho essa lista e acho que acabarei não dançando (5). não dançarei. sim, eu tenho medo também. tenho medo de dançar tão descompassadamente como se afrontasse a toda essa dedicação tola que você tem por essa festa. e mesmo que concorde com você que colocando a pista de dança lá fora para privilegiar as estrelas e não seus convidados seja uma boa idéia, não dançarei! tudo bem, não faça essa cara.

imagino em sua festa belos romances iniciados (6). outros tantos engenhosos e engraçados. uma big-band para que todos dancem, porque sua festa é sempre para os outros. as justificativas são sempre os outros. nunca é sua. que belas luzes coloridas e que tapeçarias, sra. dalloway, tudo para que todos possam se sentir reconfortados de si mesmos.

nesses tempos para cá, sempre acho que estamos desentendidos. cada vez falamos coisas diferentes (7). ou falamos coisas parecidas, mas com sentidos diferente. ou tentando acreditar nas mesmas coisas, mas no fundo temos outras coisas para acreditar. se estou disposto? sim, por que não? estou disposto em deixar minhas gírias para falar as suas, se você começar a realmente dizer as suas. você diz que vai deixar essa festa para fazer outras festas. para ir em outras festas desconhecidas, entrar de bicão, fingindo ser amiga do dono. posso ir junto.

é um dia lindo mesmo (8). você já foge do assunto. mesmo que chova, mesmo que pouca gente venha, a sua festa está começando. as pessoas estão chegando e você não tem mais nada que preparar. aí está. é um dia agradável. a temperatura amena. e você esperando o inevitável é uma imagem difícil de não se ater. olha para o portão, perdendo-se. o dia tem sido agradável mesmo, estar ao seu lado. a banda já começa a tocar. já há muitas pessoas. vou-me perdendo nesta imagem sua, amável. mas você vai, o seu dever de anfitriã a chama.

por favor, sr. trompetista, deixe o solo de summertime (9).

sra. dalloway, você tem tanta coisa com que se orgulhar, o trabalho lhe rende convivas, seus amigos a amam, profundamente. por que a tristeza, por que essa tristeza escondida em finas estampas coloridas? não me diga adeus, parece me dizer adeus, outros tempos virão, se é por isso que me diz adeus, não diga. você amanhecerá e terá destroçado meu coração (10). mas o trompetista é uma pessoa amiga e combinou com a sua big-band para que tocassem que até corações urbanos e machucados possam dançar. sim, dançarei com você até que se satisfaça. depois, podemos andar um pouco pela cidade (11), não é londres, não é san francisco... são paulo oprimi. mas quantas pessoas já a fizeram linda só por ser a morada de quem se ama?

o nosso amor ficará aqui (12). mesmo que suas festas sejam em outros lugares. amanhã nem se lembrará e já é quase amanhã. as pessoas se divertem, sua festa está sendo um sucesso. percebe? é preciso abrir os olhos. sua festa acaba, sua festa precisa acabar para serem feitas outras. outros sonhos (13) precisam ser vividos. amenos como você sempre quis que sua festa fosse.

estou exausto. todos parecem rir de mim (14) que não me levantei dessa cadeira. minha lista fica cada vez mais pequena. não consigo deixar de enxergar uma outra festa além dessa que vejo. não consigo ver que ainda, sra. dalloway, suas preocupações banais te possuem deveras que não possa deixá-la mais desocupada. a festa vai acabando e com ela vem uma tristeza (15) de fim. as mesas começam a se esvaziar, a pista. há um alivio de estar só, mas há um angústia de não ter feito direito. e a lembrança vai apoderando você, prevendo que a festa não acaba até que comece de fato outra.

o que se há de fazer? preparo-me para ir embora também. amasso o papel em que as músicas que quero dançar com você estavam escritas. o trompetista sorri "fica para a próxima", concordo com um outro sorriso. vou me despedir:

-- mas não vai dançar comigo? você diz.

surpreendo-me. você sinaliza algo para o trompetista e todos retomam seu instrumentos e começamos a dançar. não consigo dizer o que meu coração quer expressar (16). a mesma felicidade fugidia que vi no começo da festa, está em mim, prestes a fugir. acho que posso amar todo o mundo. a música vai acabando...

-- hey, louis.
-- hey, ella.

playlist:

1. tenderly
2. the nearness of you
3. can't we be friends
4. gee baby i ain't good to you
5. i won't dance
6. a fine romance
7. let's call the whole things off
8. isn't a lovely day
9. summertime
10. until you break my heart
11. foggy day
12. our love is here to stay
13. dream a little dream of me
14. they all laughed
15. learnin' the blues
16. cheek to cheek

04 maio 2003

:: falência

a maior prova de minha falência é que não tenho pra quem ligar para falar sobre amenidades.

01 maio 2003

:: recesso

vou dar um tempo em blogadas, internet, icq's, messengers, https, players, asp, etc... e me concentrar no meu tcc. estarei no no scrubs, nuvoletas, balika etc...

deixo uma música que gostaria q todos os posts aqui pudessem ter sido.