a million parachutes

for us

11 março 2005

:: a noite

vou deixar que a noite me encubra com seus signos
e desloque em mim a consciência do fim.
que me confuda em meia-luz o começo e o meio
e não reste a necessidade de esperar.
o vôo cego do pássaro através dos prédios,
ouço as rufladas entre tosses e gritos de torcida.
no meu coração vazio, o espaço para ecoar
mensagens de amores que não se realizaram
por pouco, muito pouco. amores de vésperas.
amores cuja única condição era apenas um encontro.
vou deixar que o sol refaça os caminhos
que há muito já abandonei por falta e judiaria.
deixar que me queime, a chama, o calor
que transforma, executa e joga para a atmosfera
outras esperanças e teses conjugais.

vou deixar que me leve a tarde,
na troca de guarda. no intervalo morto.
onde uns perdem todas as fés.
e outros as conquistam.