a million parachutes

for us

21 março 2005

:: boa tarde, eugênia

agora que você deixou de culpar a vida atribulada pelos seus horários horrorosos, anda dormindo até tarde sem culpa e nem cartório. faz vestidinhos de pijamas e usa pantufas de salto.

não corre para pegar o ônibus, usa óculos escuro de noite. manda preparar café quando cheira pão fresco da padaria. empina pipas logo após as grandes chuvas e ensaia mamobras de skate em muros alheios. você nem sabe o quanto tento falar contigo, mas esse seu celular fica carregando a carga todo dia. já esqueceu que também serve para falar. mando mensagens eletrônicas e você responde em branco esperando que eu adivinhe se é um leve aceno de sim ou um imperativo de não.

e eu sempre acerto.

já viram você de tarde, comprando o jornal de amanhã. logo, você eugênia, que já esqueceu que existe o amanhã -- ou muito certa está de que ele não existe tanto assim. anda escrevendo para caralho, as coisas transbordadas do coração. apaixona-se de 24 em 24 horas, como um seriado de tevê. falsifica carterinhas de estudante e consome litros e litros de novas cervejas cariocas.

eugênia, boa tarde, aqui quem fala é alguém que você pediu, em outra existência, para lhe comprar algum engov e não deixou trocados.