a million parachutes

for us

16 maio 2003

:: para elisa

vinicius nasceu de 5 meses e sua mãe morreu em seu parto. seu pai se embebedou de tanta melancolia. um dia se matou para que vinicius recebesse um seguro de vida modesto mas que lhe garantiria a faculdade.

vinicius tinha 3 desejos: ter uma mulher direita, escrever um livro direito e não cometer os mesmos erros que seu pai.

teve algumas namoradas direitas, mas por quem se apaixonou pouco. escreveu 3 romances inacabados e desistiu da vodka por causa do estômago.

estudava jornalismo de dia e era barman a noite. não reclamava, tinha uma vida boa comparada aos desafortunados do brasil.

foi quando conheceu elisa, uma puta que lhe cobrou 600 reais na primeira trepada, mas que depois só fez com ele por amor. ele trocou o parágrafo pela estrofe e cerveja por café. ele fazia hora extra para que ela não fizesse. estragou o ano letivo e bombou na faculdade. mas deu entrada em plano de saúde familiar e só precisou que elisa disse sim.

elisa não disse sim e nem não. disse que iria pensar e sumiu. vinicius a procurou e na sua empreitada escreveu o mais belo livro de verso sobre sua volta que nunca aconteceu. mas casou-se para ter 2 filhos. um médico e uma professora que publicou seu livro logo depois de sua morte, aos 78 anos.

ligia, a filha professora, procurou elisa para lhe entregar um exemplar. demorou quase dois anos. encontrou-a num asilo quase esquecida pela familia a não ser pela neta.

ligia não teve coragem de lhe falar. deixou o pacote na entrada e foi embora. a neta de elisa estranhou o embrulho e ao abri-lo surpreendeu-se com alegria e perguntou para sua avó quando o namorado dela havia decidido publicar aquele manuscrito velho que elisa guardava em sua gaveta.