a million parachutes

for us

19 maio 2003

:: satélites



quanto mais te vejo, menos as coisas parecem o que realmente são.
te vejo nas linhas dos trópicos, mas te encontro nos circulos polares.
a cada fração de segundo, a cada fração de atrasado,
a cada movimento repetido, em cada pixel desesperado,
em cada corte seco e fundo chroma key,
tento ler sua escrita, seus dizeres, o chamar querido,
o sentido pela ausência, a cor pela saturação.

e teu rosto viaja células ópticas até chegar aqui.
no bairro de periferia escondido entre rios e córregos sujos.
está longe, mas muito próxima. em suas palavras publicadas
ouço um coração quente e macio. um lisura de coisa pouca.

e fico em órbita, cobrindo e descobrindo sua face.
e captando sua fala e distribuindo sua fala.
no ar rarefeito, alucinógeno e frio, trabalho e repito.
até que me perceba num céu muito claro
a reentrada, a queda segura em terreno deserto
para deixar de ser realmente satélite.