a million parachutes

for us

01 setembro 2005

:: depois de um samba

sabe o que acontece, lu? é que eu já perdi quase todas as minhas esperanças de ter uma vida sonhada. de que exista uma felicidade para a qual fomos destinados. ou que alguém me ame o tanto quanto eu amo. há muitas dificuldades, muitos obstáculos, tijolo que se não é para dar alicerce, acaba sendo pedra no caminho. há muito tempo eu já decidi que essa tal felicidade é artigo de luxo para mim. e almejá-la -- como tanto já almejei -- só me fazia sofrer a ponto de eu deixar de me existir.

fiquei pensando sobre essa coisa da emoção versus o racional. como tosco duvidador, eu me pergunto se é tão válida acreditar tanto na emoção assim. eu disse: tanto. porque irracionalidade não são só coisas belas como o amor, é também coisas dificeís como o ódio. e o que dizer dos seus principios? dos valores? porque todo mundo acredita em alguma coisa. e isso passa um pouco pelo filtro do racional. "faço bem para quem amo", é um principio. assim como: "sou fiel aos meus amigos verdadeiros". essa ladainha toda que apesar de soar tão ultrapassado, é o que nos norteia o cotidiano, as pequenas aventuras do dia-a-dia. é o que me faz gravar cd´s e não ficar tão preocupado assim se vão gostar ou não.

e digo mais, lu. o que eu descobri nesses anos de infelicidade é que eu construi uma felicidade muito própria. porque viver infeliz é uma grande merda. você me diz que eu rio demais. mas o riso, a graça, o sorriso é o que mantêm essa humanidade um pouco mais humana. que emoção maior de que quando tudo está uma merda, você poder sorrir porque há algo de belo na tristeza? ou perceber que mesmo na merda, você encontra pessoas maravilhosas que lhe dirão coisas boas? eu que te acuso, lu querida, de separar do seu dia-a-dia a sua inteligencia de seus sentimentos ou vice-versa. sempre me perguntei porque o amor tem que ser burro, porque cego até entendo. mas burro ele não precisa ser. dar releituras para o amor é um ato amoroso consigo mesmo.

pq dar releituras é dar outra chance. e dar outra chance é acreditar um pouco que as coisas podem ser melhores. não digo que serão, mas se você não der outra chance, não vai saber.

lu, eu não faço desdém dos seus sentimentos. eu faço desdém da situação que você mesmo se deixa porque acha que está fazendo certo em sofrer. como se sofrer fosse uma penitência para o tamanho do seu amor. hoje em dia, para mim o que importa, é exteriorizar nesse mundo tão falso, um amor um pouco mais sincero. concretizar através de algumas práticas de que amo sim, apesar de não soar tanto. e eu descobri, lu, que esse lance de praticas e exteriorzar é muito divertido. e não tenho nenhuma culpa em rir. quero ver um sorriso grande quando estiver na merda para ser meu norte, para que me mostrem onde quero chegar.

e do mais, pague-me um café e recomecemos.