a million parachutes

for us

24 abril 2005

:: amanheço

estou colhendo estes feixes de luz
que clandestinamente atravessaram a janela,
para fazer um arranjo com folhas e frutos.
assim, a mesa do café da manhã
fica bonita e podemos melhor nos acomodar
para contar os nossos sonhos.
narrativas de além-mar, além-terra, além-além.
contar as histórias que antes
líamos em livros, antes da nossa decisão
de ser um. abre a primeira página
desdobra o primeiro plano, toca o primeiro acorde
que daqui a pouco preciso trabalhar.
como poderíamos escapar?
não, não fuja porque podemos vencer!
ouve as personagens,
veja a imensidão da paisagem (cenográfica).
que importa as técnicas,
as falácias e os bem-dizeres?
os críticos nos odeiam... mas eu te amo.
acorda vai, acorda...
que já é tarde, o café não está pronto
e o ônibus já vai passar.

acorda para dormir de novo.

_2002