a million parachutes

for us

31 julho 2005

:: moto-perpétuo

não faz muita diferença o que sei dos outros porque não poderei mover uma pedra, não subtrairei o sentido dos ventos e não mudarei o gosto de meu beijo. no final, me perderei no círculo moto-perpetuo dos que amaram e não disseram ou não foram amados ou não valeram a pena.

29 julho 2005

:: olhando para os dedos

estou ficando invisível.
:: eternity

a primeira coisa que eu queria ter perguntando a ela era: onde estão os seus ombros? havia quase uma década que não a via, embora nossas casas não sejam tão longe. ela era o meu grande amor e ainda está em fragmentos nas minhas coisas. qdo somos jovens, temos essa vontade liquida de não ter quem seja perene. mas o fato é que a juventude molda nosso mundo de significados. e ela, até então, sempre ditou o meu senso de beleza e amor.

ela não me reconheceu. usava um desses terninhos de quem trabalha em banco. achei-a mais baixa apesar do salto. e os ombros haviam se resignado -- lembro-me de seus ombros que projetavam o peito, sempre me foi a imagem certa da coragem. eu a observei ir embora e percebi que nesses dez anos morava um fantasma na minha cabeça. não a amo mais e deixei que fosse.

mas esse desencontro me causou um tremor. como se os mundos invisíveis da memória se fizessem vibrar o tempo em que eu acreditava em amores eternos. o coração continua, já versou o poeta. e penso se a eternidade não está na sucessivas falências do meu amor ao contrário da continuidade linear da paz que anseio.
:: concha



. na palma da mão, eu mergulho em base para a aparência sadia, cremes e amavios. com uma concha que quase abraça porque quase pede um afago ou proteção. mantêm dentro o que se ama, mas é pouco quando se transborda o amor. na palma da sua mão cabe o mundo .

28 julho 2005

:: lost in translation

vou me encontrar com a ana em tóquio. na estação central de trem. para onde todos vão e de onde todos partem.
:: o castelo animado

o que é o sonho senão a fonte mais clara de si mesmo.

24 julho 2005

:: pairar

na minha bandeira está escrito: você e eu.
::eco

ela tem os cabelos curtos e vermelhos e um sorriso que chega fácil. fala articuladamente discursos com uma voz cristal. me pede para trocar o chuveiro pelas placas fotosensíveis e para separar o lixo. fala-me da economia que eu tenho se apagar metade das lâmpadas que costumo usar. me convence com facilidade que não preciso usar metade das lâmpadas que costumo usar. não sei pensar no próximo, mas costumo pensar nela pensando no próximo. ela me acha engraçado e que falo coisas boas. digo que não jogo lixo no chão. ela me diz que pega o lixo do chão e coloca em seu devido lugar.

ela sabe que eu não estarei por muito tempo em sua vida. ela tem essa noção do que é perene. por isso, quando lhe dou alguns versos, ela memoriza e joga o papel num caixa para reciclar achando que, como o papel, eu voltarei com outras propriedades e funções em sua vida.

18 julho 2005

:: parachutes.radio.station.4

gostei dessa brincadeira de fazer podcast. morrissey, the delays, british ocean sea, zelia ducan, mombojo.



p.s. o link está disponível por pouco tempo...

17 julho 2005

:: careless love

ela anda pelo apê sem sutiã. prende o cabelo com elásticos e clipes. fica levando de um lado para o outro aquela xícara colorida com desenhos tipo bloomsday. ela gosta dos impressionistas, mas não sabe. os dedos do pé estão pintados de amarelo, nunca pensei que houvesse esses esmaltes. a sua bermuda está do avesso; a camiseta ela mesmo fez o silk: pegou da internet um desenho de fotolog e colocou uma frase que eu escrevi qualquer dia desses. eu não pergunto por que fez isso, ela também não sugere que eu tenha escrito. no vaso perto do telefone, não há flores. e pelas marcas da parede, penso se já foram fechadas as persianas alguma vez desde que foram colocadas. ela me aponta a orelha e mostra que o furo fechou de novo. ela sorri feliz da segurança que é saber que sua orelha sempre vai se recompor. ela vem para cima de mim querendo me abraçar, me derruba e suas pernas se perdem no meu rosto. gosto do gosto de suas pernas. ela corre para apagar o bule e prepara o nosso café. sei que no dela terá vodka, james joyce inspira seu lado irlandes. ela come uma bolachinha e se prepara para recitar algum trecho de sonho de uma noite de verão ou cantar flaming lips. ela sabe que eu gosto de flaming lips e fadas. meu café está bom, mas não digo. ela sabe.

eu quero chorar, mas ela não sabe.

14 julho 2005

:: parachutes.radio.station.3

especial rock n roll. presente para amiga aurea. stones, beatles, creedence e mais...



p.s. o link fica disponível por uma semana...

:: weezer e strokes

weezer vem para o curitiba rock festival! 24 de setembro. e os strokes para o tim festival. 21 a 23 de outubro.

vamos juntar dindin.
:: a noite

a noite esconde um circo.

pela janela do trem, o menino tenta exergar os calabouços dos elefantes sem desconfiar que os elefantes já sonharam com meninos passando de trem.

a noite esconde um trem.
:: music

"parece ser difícil, mas não:
está todo mundo dançando
a nostalgia do verão."

_mombojó


12 julho 2005

:: para um amor em recife

A razão porque mando um sorriso
E não corro
É que andei levando a vida
Quase morto
Quero fechar a ferida
Quero estancar o sangue
E sepultar bem longe
O que restou da camisa
Colorida que cobria minha dor
Meu amor eu não esqueço
Não se esqueça por favor
Que eu voltarei depressa
Tão logo a noite acabe
Tão logo esse tempo passe
Para beijar você

(paulinho da viola)

p.s. a gente quer dar concretude a sonhos e a própria vida e quase esquece que a vida também nos torna concretos quando toma e enfraquece... tosse, tosse. a vida é frágil, a dor também pode ser.
:: quem planta vento, colhe tempestade

sempre pensei que as minhas raízes fossem a minha identidade. mas talvez eu não precise de raízes, nem de identidade. talvez se perder seja se encontrar de alguma forma.
:: i´m gonna sit right down and write myself a letter

peguei nankim, papel cartão e mata-borrão e comecei a escrever uma carta. cabeçalho, querido, amado, quanto tempo, faz muito tempo. o tempo é muda rápido, corre, faz de dificil. sinto saudades, muitas, falta um pouco. e das redondas e caprichadas, alguns erros e manchas de quem está pensando em como transpor as batidas do coração em palavras exatas. ando um pouco triste com os acontecimentos, com a solidão e a dificuldade que tenho de encontrar alguém como você. faz frio. a mão treme um pouco. o papel vacila, a noite retoca. não estou sozinho em beijos, mas as mãos... ah, as mãos andam desacompanhadas. assino. é uma carta que escrevo para alguém de mim que se foi. volte logo. o endereço está no verso do envelope.

11 julho 2005

:: tosse

estou adoentado. uma gripe forte. quem cuida de mim?

09 julho 2005

:: parachutes.radio.station.2

madeleine peyroux. gorillaz. pato fu. jamiroquai. beck. e mais na segunda edição do programa.



p.s. o link está disponível durante uma semana.

:: projeto londres 2007

depois de algumas desilusões e um tempo perdido consegui elaborar um projeto de vida simples: londres 2007! apesar dos atentados terem tirando um pouco da minha empolgação, acho que é hora de levar isso para frente. sempre pensei em passar um tempo por lá. minha irmã bruna mora lá também. tenho alguma energia ainda e acho que devo me concentrar mais em mim. se não der nada certo, pelo menos eu melhoro meu péssimo inglês!

07 julho 2005

:: cecília

ela que compôs aquela música tão bonita acha que é uma pessoa errada, dessas que tem problemas emocionais acima da conta. só digo: prefiro pensar que eu tenho problemas por não saber escrever músicas de coração como ela.

04 julho 2005

:: landscape

eu te abraçava sob uma chuva forte, tensa e libertadora.
e achava que te abrançando
estava me desfazendo do que havia sido até então,
abria confortos e nova felicidade.
sentia sua pele lutar contra a fria temperatura da água.
e vencia.

eu te abraçava um longo oi, como vai?,
estou aqui, não precisa se preocupar.
e você sorria, como nunca sorrira antes:
"não escolhi a chuva. mas escolhi você.
vim para ficar".

e as minhas chuvas pararam.
e botei para secar nossas roupas molhadas.

03 julho 2005

:: oriland

para chris e sua terras de papéis dobrados

imagina morar num lugar em que as coisas são criadas com dobras:
'vou passar um café"
aí vc pega um papel e faz um bule
"espera q vou pegar água"
aí vc faz um balde
para buscar água
"mas tá quente lá fora"
aih vc faz um chapéu
e um guarda-sol
"não quero ir sozinho"
aí vc faz um cachorrinho.
e se ele souber só latir
vc faz palavras de papel para ele dizer
e se ele for mto bravo
vc faz um coração.
:: rock n roll music

fiquei olhando aquela stratocaster velha e fudida. as cordas das tarrachas estavam todas para fora e dava para perceber que os adesivos que o cara colou eram para esconder arranhões. a correia era curta e o que faltava era emendada com barbante. o cara só tinha uma palheta, deu para perceber porque ficou procurando nos bolsos da calça. então o cara começou a tocar foxy lady do hendrix e a galera se empolgou e começou a pular junto com a banda. de repente, o cara e aquela stratocaster fudida estavam fazendo um barulho de quem se diverte. os breaks eram os melhores, dava para sentir a corda mais fininha rindo da nossa cara.

poisé: os riffs são conselheiros também.