a million parachutes

for us

17 julho 2005

:: careless love

ela anda pelo apê sem sutiã. prende o cabelo com elásticos e clipes. fica levando de um lado para o outro aquela xícara colorida com desenhos tipo bloomsday. ela gosta dos impressionistas, mas não sabe. os dedos do pé estão pintados de amarelo, nunca pensei que houvesse esses esmaltes. a sua bermuda está do avesso; a camiseta ela mesmo fez o silk: pegou da internet um desenho de fotolog e colocou uma frase que eu escrevi qualquer dia desses. eu não pergunto por que fez isso, ela também não sugere que eu tenha escrito. no vaso perto do telefone, não há flores. e pelas marcas da parede, penso se já foram fechadas as persianas alguma vez desde que foram colocadas. ela me aponta a orelha e mostra que o furo fechou de novo. ela sorri feliz da segurança que é saber que sua orelha sempre vai se recompor. ela vem para cima de mim querendo me abraçar, me derruba e suas pernas se perdem no meu rosto. gosto do gosto de suas pernas. ela corre para apagar o bule e prepara o nosso café. sei que no dela terá vodka, james joyce inspira seu lado irlandes. ela come uma bolachinha e se prepara para recitar algum trecho de sonho de uma noite de verão ou cantar flaming lips. ela sabe que eu gosto de flaming lips e fadas. meu café está bom, mas não digo. ela sabe.

eu quero chorar, mas ela não sabe.