a million parachutes

for us

29 julho 2005

:: eternity

a primeira coisa que eu queria ter perguntando a ela era: onde estão os seus ombros? havia quase uma década que não a via, embora nossas casas não sejam tão longe. ela era o meu grande amor e ainda está em fragmentos nas minhas coisas. qdo somos jovens, temos essa vontade liquida de não ter quem seja perene. mas o fato é que a juventude molda nosso mundo de significados. e ela, até então, sempre ditou o meu senso de beleza e amor.

ela não me reconheceu. usava um desses terninhos de quem trabalha em banco. achei-a mais baixa apesar do salto. e os ombros haviam se resignado -- lembro-me de seus ombros que projetavam o peito, sempre me foi a imagem certa da coragem. eu a observei ir embora e percebi que nesses dez anos morava um fantasma na minha cabeça. não a amo mais e deixei que fosse.

mas esse desencontro me causou um tremor. como se os mundos invisíveis da memória se fizessem vibrar o tempo em que eu acreditava em amores eternos. o coração continua, já versou o poeta. e penso se a eternidade não está na sucessivas falências do meu amor ao contrário da continuidade linear da paz que anseio.