a million parachutes

for us

30 junho 2006

:: moonriver

um dia,
quando você não estiver olhando,
vou cortar seu cabelo
e pintar sua boca para você
parecer mais com você.
e da sua garganta vai sair uma canção doce
com uma voz que é sua,
mas você não sabia.
sobre seus seios,
pousará a alça de um vestido
que você já desenhou muitas vezes
mas não teve coragem de costurar.
as sandálias compradas há tanto tempo
desistirão da ocasião certa.
vai calçá-las feito nuvem.
e você acreditará,
enfim, que é a pessoa mais especial
para você
e para mim.

28 junho 2006

:: 2 encontros

hoje eu a vi. ela vai se casar em breve. a lembrança de uma vida comum está bastante apagada, quase uma impressão. ela será feliz. desejou-me felicidade também. somos estranos conhecidos. sabemos um pouco a mais que o senso comum um do do outro. seria apenas isso, senão fosse o alívio de que para tudo tem remédio e o desejo sincero de felicidade. vejo-a numa foto, filme, literatura, a dois com seu par. o mundo é um espaço de combinações. umas melhores que outras. mas entrelaçados, assim, não é a perfeição que importa, mas as gravidades.

ela não tem outra vida. é a mesma só que sem mim.


:: parachutes.tv _ cílio



writen by tereza ruiz. edited by marcio yonamine. music by chara "broke these chains". inserts from "vanilla sky" directed by cameron crowd .
:: missão

fotografar a estrutura da bolha de sabão.
:: tereza

eu olho para tereza, mas ela não me olha.

quando ela acende a luz, é familiar o clicar dos interruptores. a luz lhe tira um pouco a solidão. mas ouça: não é silêncio... é o seu coração que tenta se disfarçar no bafo de trânsito da cidade. perder-se até no grave zumbido dos carros que trilham a noite. tereza, você está tão só... vou segurar sua mão.

27 junho 2006

:: espuma

que sabonete gostoso que usas no pulso e nos tornozelos.

25 junho 2006

:: banco

coloquei um banco de sentar na frente da casa. assim não será o cansaço da espera que nos fará desencontrar.

20 junho 2006

:: anivesrário

chega um momento da vida que a gente recebe mais cupons de desconto do que telefonemas de amigos.

:: queria que miranda july fosse minha cara metade.

sabe quando por alguns minutos você experimenta a sensação de que alguém, em algum lugar, sacou você e você, como cara valente que é, tenta e tenta argumentar o contrário e não consegue?
:: aniversário

pensar sobre o tempo é um jeito torto de pensar sobre o perecível. não é muito prático, mas nos dá uma medida amorosa da urgência. eu criei minha própria máquina do tempo. viajo com ela para épocas que não vi e não verei com a luz natural do sol. mas essa máquina não elimina a possibilidade do presente, ao contrário, ela transforma todos os tempos (presente, passado e futuro) no agora. na luz que ajuda a carne a perecer e que dá existência ao que chamamos de invisível.

e quanto mais eu quero ver, menos urgente é o tempo.

19 junho 2006

:: o amor e a cidade

os olhos são escassos, dois. são escassos.
as canções de amor são as mesmas, mas e o amor?
anotações feitas na palma da mão
desaparecem no transgredir usual das horas.
fotografo com câmera mínima a sorte de quem passa
e passa e não volta e não deixa e não sabe que passa.
não atendo o telefone de meu bolso,
só lhe dou atenção em dias que a solidão me liga.
eu respeito as faixas de pedestres, sou um pedestre.
mas não sei fazer horas em filas tristes
nas tristes horas perdidas que não converso com quem espera.
a pele da mão fica seca. nas farmácias, muitos cremes.
a cabeça quer entender. nas bancas de jornais, muitas revistas.
o coração quer presença. os feriados fazem lembrar.
e localizo o sol entre os prédios, faixas luminosas, semáforos,
entre carros, guindastes, mulheres de 2 metros, flores artificais.
os olhos com ardência. corretamente cansado.

mas e o amor?
:: id

o teu umbigo é teu abrigo.
no teu intimo, protege-te do mundo.
e nem sou eu que digo.
és tu e só tu, o eu profundo.

17 junho 2006

:: aniversário + cinema

Amigos,

Como é tradicional no dia de meu aniversário, vou ao cinema. Escolhi o filme "Eu, você e todos nós".

Eu assistirei no Espaço Unibanco de Cinema (Arght!) a sessão das 17h40, no dia 20 de junho, terça-feira. Quem quiser me acompanhar, será muito bem vindo.

Depois, podemos ficar em algum boteco por ali para os comes e bebes e conversas sobre copa do mundo, filosofia, cinema, música ou qualquer coisa que o valha.

16 junho 2006

:: nívea

quem conhece, já sabe. quem não, não sabe o que está perdendo.
quem mais você conhece que faz questão de ter uma lua-de-mel em las vegas?

15 junho 2006

:: a casa invisível

às vezes, sei que você passou lá em casa pela umidade da terra e pelo ajeitar solar dos vazos.
:: parachutes.tv _ eros & psiquê



a partir de poema de fernando pessoa

imagens: ana paula mangeon
edição: marcio yonamine
locução: maria bethânia

escócia, brasil - junho de 2006

14 junho 2006

:: copa do mundo

a bola é redonda. ela pode pender para qualquer lado.
o jogo tem 90 minutos. para o bem e para o mal.

há algo de impreciso e torto no futebol
que se torna belo como as notas foras de tom e a sincope.

duas pedras. uma bola de meia.
e não há como chutar bem para o gol sem olhar o horizonte.

12 junho 2006

:: amigos imaginários ou nem tanto

-- essa pujança de mulher espanhola, esse amor rasgado e cheios de adereços, essas sombrancelhas acentuando o frenesi dos olhos...
-- beija! beija! beija!

09 junho 2006

:: meio ana, meio eu.

perder-se não é demorar para chegar no castelo. é dar chance a uma praia.
:: oversea eyes

maybe my oversea eyes don?t need go away from heartache landscapes.
maybe i see the world as something new when i take some painkillers.
but if i move to dreamland, maybe i can wake up and know
what is my heart can see and what it can?t.

07 junho 2006

:: caminhadas

por uma dessas recomendações tardias, decidi caminhar em volta do parque perto de minha casa. é um quarteirão cheio de árvores que possui muitos frequentadores e é ótimo para a prática desse tidpo de atividade. já tentei algumas vezes criar o hábito, mas nunca levei para frente. encontro-me mais uma vez numa dessas tentativas, tendo agora um problema de ordem médica.

numa dessas voltas, encontrei-me com uma moça que aparentava uma fragilidade singular. fui ultrapassado por ela e tentei seguir o seu ritmo para tê-la em minha visão. tal foi a minha surpresa quando ela manteve o ritmo forte e eu não tive condições de acompanhá-la. chegou uma hora que simplesmente desisti da empreitada. talvez em um outro dia.

foi quando tive a idéia de desacelerar o meu ritmo. para que ela pudesse me ultrapassar muitas vezes. e ela, muito mais perspicaz, começou a andar em sentido contrário para que nos encontrássemos mais vezes.

a vida é a arte do anti-horário.

05 junho 2006

:: vestido

numa sexta-feira, dessas sexta-feiras compromissadas com a noite, ana paula recebeu um pacote pardo. como estava sobre a cama, ana paula pensou que pudesse ser um presente dos seus convivas, mas os selos e os rabiscos avisavam que vinha de longe.

abriu com cuidado dispensado pelo correio. era um vestido preto com bolinhas brancas. quem lhe mandaria um vestido? não havia remetente nem dentro do embrulho, só seu nome do lado de fora. achou tão belo e confortável que usou para sair a noite.

na semana seguinte, na mesma sexta-feira, um outro pacote estava sobre a cama. também um vestido tão belo quanto o primeiro. as sexta-feiras se passaram e ana paula se indagava quem pudesse tê-los enviado. começou uma investigação na cidade. a história correu a boca dos moradores. pesquisaram tecido, linha, corte, estilo e etiqueta. procuraram marcas no papel, nos selos, fizeram vigilia em agência. até que um dia, os pacotes pararam de chegar.

esperou pelas sextas-feiras. mas não havia mais compromissos.

ana paula pendurou todos os vestidos num cabide longo. tentava entender a lógica daquela coleção. até que um dia, quase dormindo, viu através deles todas as anas que vestiram. e soube que não havia vestidos para tanto amor.

:: parachutes.tv _ dia de festa



um clipe brincadeira com imagens de jules et jim do truffaut. a música é do casino.
:: parachutes.tv _ crossroad



a gente vive se cruzando. quando a gente vai ter um filho?