a million parachutes

for us

04 setembro 2006

:: simone

olá simone, como vai? lembrei-me outro dia, enquanto regava meus vasos, do quanto você gosta de cravos e girassóis. ficará feilz ao saber que andam saudáveis embora ainda não haja flores. segui seus conselhos e coloquei cascas de ovos quebradiços na terra. servem bem de adubo além de criarem mosaicos com as sombras das folhas. já sinto o perfume das flores transgredindo o cheiro de concreto e fumaça. você ainda não poderia ficar por aqui por que sua alergia é das crônicas. o seu pescoço longo incharia, deformaria o arco que faz com seus ombros e teria dificuldade em respirar. ainda com dificuldade de respirar?

eu nunca reparei neste artíficio feminino de contornar os olhos com lápis. seus olhos sempre foram muito belos, simone. o lápis era somente os pingos dos is. essa sua mania de não usar sutiã sempre me pareceu muito avançado. recusou sempre o batom. nunca me marcou com batom. seus olhos tensos e pedintes quase sempre foram mais convicentes que sua boca. até quando me disse coisas bonitas que tenho vergonha de ficar ouvindo. ofegante, quase chorando, dizendo que tinha dificuldades em respirar.

quero agradecer pelas sementes. daqui há uns dois meses virá a primavera e talvez floresçam os mais apressados. daí você pode vir para cá, instalar seu varal, desfazer sua maleta de maquiagens e respirar o que lhe falta.