a million parachutes

for us

06 outubro 2009

27 agosto 2007

:: história

estou escrevendo uma história que fala das minhas gentes.
uma história que ninguém vai dar bola, mas que eu me reconheço.
nela há narrativas e impressões das coisas que não consigo dizer.
e em cada movimento há um ensaio de felicidade.

23 agosto 2007

:: breath your name

a cada dia que passa o que está em minha cabeça toma forma e se senta ao meu lado.

os amores do coração se transformam em lembranças vagas e para mantê-los perto -- porque sim, quero viver de algum amor, para manter próximos faço-os fantasmas.

os mortos acompanham meus passos, curiosos. compreendem muito pouco porque mantenho sua existência. eu também, cansado e triste, poderia deixar que me deixassem só, quieto em algum canto.

mas os mortos, assim como nós nos estarrecemos ao que é estático, também se horrorizam a respiração.

e minha respiração lenta os incita a curiosidade.

17 agosto 2007

:: satélites

a ana ama o longe.
os seus dedos são a vista
e o seu abraço é a palavra.

15 agosto 2007

:: ângulo

as coisas que eu vejo ficam impregnadas nas lentes deste óculos chamado lembrança.
:: mia couto

"no charco onde a noite se espelha, o sapo acredita voar entre as estrelas".

12 agosto 2007

:: gershwin

estavamos ana e eu ouvindo gershwin no teatro municipal: rapshody in blue e um americano em paris. passou pela minha cabeça cenas em preto-e-branco e uma vontade grande de ser um filme de woody allen.

07 agosto 2007

:: o que é o amor?

durante a noite, na minha vista cansada, vejo a rua.
penso no amor, mas não sei penso com exatidão.
o que é o amor? estas luzes velozes das lanternas dos carros?
ou as janelas apagadas nos prédios silhuetando a lua?
os namorados abraçados?
a fumaça das comidas sendo feitas em carrinhos?
os pneus que rodam em eixos estáticos? o troco, o cartão, o girar da catraca?
lembro-me vagamente de olhos curiosos sobre mim.
ela tinha dedos sinceros e olhos opacos.
tocava meu rosto como quem perguntasse:
- eu não sei quem é você?
e eu, tolamente, tirei suas dúvidas.

06 agosto 2007

:: harpist

aprender a tocar arpa não é voar.
mas os dedos atravessando o ar,
tocar a corda e fazer vibrar timbres,
quem irá dizer que não está indo para outro lugar?

01 agosto 2007

:: parachutes.filmes

está em fase de produção o documentário "a véspera de alice". a captação será feita em breve. e em fase de roterização "hermes baby", baseado nos zines da andrea yagui.

em breve, um site com mais detalhes.

30 julho 2007

:: ontem

a gente não cabe mais nas próprias lágrimas.
desfazemos as barras das calças e sentimos menos frios.

29 julho 2007

:: alice

2.

do seu nariz, escorre o universo.

os dedos ainda não servem para contar.
por eles as temperaturas anunciam um colapso.
alice atravessa as paredes,
em suas falangetas as rachaduras são ensaios.

3.

alice, como fazer rabo de cavalo
com tão poucos cabelos?

é preciso antes, o cavalo.

24 julho 2007

:: heartdrops

Privilégio é o amor dentro de si.
O do outro, mera coincidência feliz.

daqui.
:: lifetime

sempre preferi a vida toda numa piscada a uma piscada que vale toda vida.

23 julho 2007

:: centro

dar nome ao seu próprio umbigo é a tristeza da solidão.
:: chegadas e partidas

não é que tenha desistido de você. a questão é que nunca houve algo por que lutar. desisti apenas de um desejo de amor recícropo. com o tempo, tenho percebi que a luta vã é comigo mesmo. e não importa muito quem ganha ou perde ou se na próxima estação você estará comigo.

o que me importa é que o caminho esteja cheio de desejos e amores,
de desejo de amores,
de amores.
quero chegar.
chego.

19 julho 2007

:: anatomia

eu me movo entre suas pernas;
meus olhos se secam a tua falta de ar.
meus olhos cortados nos teus ombros horizontais.
teus olhos se perdendo nas peles.
caminho na neblina mas não me perco.

um som: acelero. um suspiro, rebito.
os teus dedos esmagam o meu braço;
os teus pensamentos entortam os meus.
a minha sobrancelha arqueia sem surpresa
a tua pele é um gatilho.

17 julho 2007

:: do livro das chuvas amenas e sol

"abandona teu amigo ao desvario das velocidades se já não podes mais acompanhá-lo".

:: café da manhã

no verso do pão,
o amido e o engenho amoroso das bolhas de ar.

mas a sua fome é de pão.

16 julho 2007

:: alice

alice nem nasceu e é a menina mais bonita do hemisfério.
ela é meio pessoa e meio sugestão.
- vais ser poetisa!
- a sua!

alice consegue se finger de ausente, mas seus ouvidos supersônicos
já perceberam a música do silêncio das notas graves.
- samba alice! no surdo do coração!
- bum! bum! bum!

alice cacofônica desenha na espuma da placenta
o abstrato que representa seus pensamentos.
- não presta atenção na metalinguagem!
- o gosto de língua é de verdade.

alice percebeu a variação de temperatura na sua barriga.
na abóboda, ela se encontrou em astrolábios e umbigos.
- uma sugestão? não esqueça do pessoa.
- eu gesto minha mãe para ser mãe.

12 julho 2007

:: do livro das chuvas amenas e sol

"acredito na pele que revida com violência as pedras atiradas sem precisão".
:: love stories

há tantas histórias por aí. gostaria de contar algumas delas. não porque são felizes e bonitas ou porque são trágicas e desesperadas. mas porque são histórias boas de serem ouvidas.

e fazem lembrar. e fazem imaginar que a solidão pode ser apenas narrativa.

09 julho 2007

:: sms da ana

"não importa que a tenham demolido. a gente continua morando na velha casa em que nasceu".

mário quintana
:: portas

a gente sonhava com mundos precisos, com políticas e regras próprias, cheias de justiças e amor. hoje não passamos de pedras impedindo que nos passem as várias águas que nos chegam em chuvas, enchurradas ou rios. não passamos de amores correspondidos com assinaturas e boletos bancários. não passamos de avisos de meditação que se impeça a loucura.

você me convidava para entrar e eu entrava. hoje não passamos de portas.
:: radiopassionados

foi mais ou menos na época em que os mp3 players se lembravam de muitas músicas e que os ouvintes só queriam as mesmas. alberta comprou um que lhe cabia o bolso. saía pela cidade ouvindo as pessoas cantarem as canções que ela escolhera. que bonito era ver as pessoas falarem de amor tão fácil pelas bocas, gestos e caos.

então encontrou um homem que não cantava. procurou no seu mp3 player alguma música que lhe coubesse, mas o homem não entrava no ritmo. foi quando percebeu que era ele quem anunciava as músicas, o locutor. de repente perdeu o poder sobre seu aparelho e deixou a revelia as escolhas.

e aquele som quase inaudivel do peito se tornou as vinhetas de passagem.

07 julho 2007

:: madrugada

o arco que faz o céu em auroras como estas fazem você parecer menos linear do que parece. por um instante me foco em seus lábios pintados de azul e imagino milhares de paráquedas chegando em solo, multicoloridos e cheio de mensagens de longe.

além do azul há estrelas. na madrugada desfragmentada não somos estrelas fugindo de supernovas e pousando em terra.

22 junho 2007

:: guitar hero

see you soon, fender stratocaster!
:: presentes de aniversário

- dvd da primeira temporada dos simpsons
- livro "nossas câmeras são seus olhos" - fernando barbosa lima
- livro "um velho que lia romances de amor" - luis sepúlveda
- uma caixa de lápis para escrever aquele romance nunca iniciado
- um cd gravado com músicas hits indies
- um poema
- 3 partidas de sinuca
- brejas
- tortinha de maçã
:: algum tostão

o que me entristece é você ter me esquecido por tão pouco.
:: animação

ontem eu assistia a um desenho animado do snoopy. chamava-se "a boy named charlie brown". em meio a tantas revoluções digitais em gráficos 3d, fiquei lembrando muitos dos episódios que assiti na infância. schulz é um gênio.

hoje almocei com uma querida amiga, a renata, e ela me deu a primeira temporada dos simpsons. outra animação que está no nível de genial também. sempre me lembro de um episódio em que os simpsons estão metidos em histórias de dias das bruxas. neste em questão, bart ressussita alguns zumbis por engano e o homer pega uma espingarda para proteger sua familia. já transformado em zumbi, ned flanders, o vizinho de quem homer não gosta muito, chega perto e diz:

-- vizinho, posso comer seus miolos.

homer, sem pestanejar, dispara contra o semimorto. liza, a filha do meio, diz:

-- pai! você matou o zumbi flanders!

e o homer retruca:

-- ele era um zumbi?