a million parachutes

for us

12 janeiro 2004

:: pertencimento

hoje eu estava gravando um documentário sobre festas populares numa igreja. não sou cristão e não conheço as liturgias e cerimônias. senti-me um estrangeiro perante toda aquela gente que sabia como se comportar e que se conhecia. sempre me senti um estrangeiro, percebi quando tive a sensação do que é estar entre seus semelhantes. lembro-me de algumas festas em que eram de predominancia de descendentes de japoneses. nunca me senti muito bem entre eles porque sempre pensei que não tinhamos aspirações parecidas. mas sabia que me tratavam como igual. conheciam a parte dificil da minha cultura e de como aquilo afetava o resto do meu mundo.

na igreja, olhei para todas aquelas pessoas e lembrei das meninas que eram apaixonadas por mim. deve ser mais fácil se apaixonar por pessoas parecidas ou com coisas em comum. foi eu que sempre considerei que não tinha coisas em comum. pensei que meus pais amariam que eu tivesse um filho japonês e que eu continuaria uma corrente que eles tentavam estupidamente preservar. mas já é tarde: ao contrário deles, eu me sinto um estrangeiro em todos os lugares que vou, com todas as pessoas que converso e sentindo toda vulnerabilidade que isso possa causar.