a million parachutes

for us

04 janeiro 2004

:: cidade

esta cidade ainda tem seus encantos. estão espalhados, desfocados, quase desagrádaveis de tão invisíveis. novas obras públicas, carros que foram provocados a andar em outras vias.

sobre o lodo do rio do tietê há flores mutantes, quase uma rede nervosa. os prédios espelhados, a criança com sua miniatura de parque, lagos artíficiais. a cidade vai acontecendo nas esquinas, nos apês bauhaus, nas padocas e mesas de bar.

os grandes cinemas sendo fechados, as casas de peep show. nos palcos dessa cidade se apresentam o mendigo e sua bebedeira com forte sotque nordestino e puxando rrrrrrrr. quem usa gravata não come a mortadela. para o céu falta a profundidade e paciência de querer conversar. a cidade corre em seus trólebus. o congestionamento é um deixe estar.

muitos sotaques e y, k e w. há muitas pessoas pretenciosas, mas a maioria só sonha dias melhores. a maioria nem é daqui. mas é para onde todos acabam voltando, seja para ficar, seja para dar um olá. se me perguntasse eu diria: faltam pistas de dança, big bands, espaços de lazer e oportunidade para as cores.

esta cidade tem seus encantos. eles se movem nas linhas de transporte urbano, carros e a pé. os rostos satisfeitos por terem quem visitar e ter uma paisagem, enfim, familiar para atravessar.