:: sheila
sheila vendia pastel na feira. sua alegria dava-lhe sustento. não havia quem não comprasse pelo menos pela simpatia. a sua patroa sempre lhe aumentava alguns reais o salário para que não tivesse idéias comunistas. vivia bem assim.
até que um acidente derramou o óleo quente pelo seu corpo. todos na feira ouviram seu grito. ficou um mês no hospital e dois anos em casa. desistiu da escola e de alguns amigos. ficava a tarde inteira vendo tv. de quando em quando, ameaçava voltar aos estudos, mas se perguntava para quê?
encontrei outro dia no metrô. não me reconheceu. usava roupas bonitas, provavelmente trabalhava num desses escritórios na paulista. procurei pelas cicatrizes e as encontrei no pescoço e em parte do braço. sorria, tentei reconhecer, mas não pude.
na baldeação, pegou o sentido contrário ao meu. provavelmente nunca mais vou vê-la. mas me ocorreu essa ferida serena: seu sorriso lindo, na minha memória cicatrizada.
sheila vendia pastel na feira. sua alegria dava-lhe sustento. não havia quem não comprasse pelo menos pela simpatia. a sua patroa sempre lhe aumentava alguns reais o salário para que não tivesse idéias comunistas. vivia bem assim.
até que um acidente derramou o óleo quente pelo seu corpo. todos na feira ouviram seu grito. ficou um mês no hospital e dois anos em casa. desistiu da escola e de alguns amigos. ficava a tarde inteira vendo tv. de quando em quando, ameaçava voltar aos estudos, mas se perguntava para quê?
encontrei outro dia no metrô. não me reconheceu. usava roupas bonitas, provavelmente trabalhava num desses escritórios na paulista. procurei pelas cicatrizes e as encontrei no pescoço e em parte do braço. sorria, tentei reconhecer, mas não pude.
na baldeação, pegou o sentido contrário ao meu. provavelmente nunca mais vou vê-la. mas me ocorreu essa ferida serena: seu sorriso lindo, na minha memória cicatrizada.
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