a million parachutes

for us

28 julho 2003



mandou a ele esse poema do drummond, mas estava com grafias em japonês, erro do windows98 ao instalar os caracteres. resolveu procurar no google o poema com grafia e acentuação corretas. encontrou uma outra versão mais longa que dá outro sentido. não sabia da autencidade dessa continuação. reinviou para aquela que mandou a primeira versão para um parecer. talvez se convença da disparidade e transformação até das imutáveis palavras publicadas.

acordar, viver

como acordar sem sofrimento?
recomeçar sem horror?
o sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.

como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança
das coisas ásperas de amanhã
com as coisas ásperas de hoje?

como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento que lembra a terra

e sua púrpura demente?
e mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz do inocente que não sou?

ninguém responde, a vida é pétrea.
em teu crespo jardim, anêmonas castanhas
detêm a mão ansiosa: devagar.

cada pétala ou sépala seja lentamente
acariciada, céu; e a vista pouse,
beijo abstrato, antes do beijo ritual,
na flora pubescente, amor; e tudo é sagrado


c.d.a.