a million parachutes

for us

26 julho 2003

:: a mentira tereza

a mentira tereza é um fato oblíquo.
quanto mais se prática, mais se é sincero.
homens caminham na lua; polímeros substítutos.
o que fazemos com nossos desejos
são esperas preces eternas.

o céu dessa cidade não tem estrelas,
as cores de seu rosto são desbotadas,
há nuvens que não vem para deságuas,
e construir casas não significa estar.

quanta ilusão há nas velocidades do metrô?
quanta falta há no banco do passageiro?
quanta saudade tem o espaço de tempo trabalhado?
quanta vontade me dá de estar ao seu lado?

a mentira tereza esconde a transgressão da conformidade.
sê feliz com o nada que tem. sê triste com a febre.
telefones perdidos; conhecidos encontrados.
andar pela cidade com os pés nos vidros dos prédios.

leio livros em que acredito pouco,
aceito sorvetes de sabores sortidos,
conto verdades parecendo mentiras,
a mentira tereza vai sumindo, escorregando...
até que conveça de que não existe.