a million parachutes

for us

26 julho 2003



hello, hello

um grito surdo como se implodisse.
anda chorando para dentro e não achando solução.
odeia quando lhe dizem o que fazer;
odeia ainda mais quando não sabe o que fazer.
as pessoas percebem e vão embora.
você as sente indo. é o que pode sentir.
ameniza com caras e cheiros
e não conta para ninguém.

é o seu tempo estático:
tem nítida sensação que em você o tempo parou.
enquanto as coisas vão envelhecendo ao seu modo,
você continua com medo e desaprendendo.
há quem goste de você, mas você não se importa.
há com quem você se importa, mas se sabe muito pouco.
representar a si mesma é a tarefa mais difícil que lhe coubera,
por isso representa outras tantas personagens
profundas quanto ao mar,
mas não é o seu mar.

e se sente solitária
como se não existisse mais ninguém como você.
e não existe ninguém como você.
porque só você tem esse modo de sentir medo de si mesmo.
outros tantos tem medos parecidos, mas você não são os outros.
os outros estão aqui para outra função:
para que lhe reconheçam e para que os reconheça.