a million parachutes

for us

26 julho 2003

_ pré-scriptium

a renata me disse que eu só escrevo história triste. não consigo me lembrar de uma alegre e acho que ela tem razão. se alguém lembrar, me comunique. procurarei outras histórias... fiquei um pouco receoso de colocar essa que vem a seguir por conta disso, quero mudar o final sem perder a essência. aceito sugestões.

:: o velho no parque

é um homem duro, sempre foi. precisou ser duro para vencer na vida. sua filha também sabia, talvez mais que qualquer um.

desde que sua mulher o deixou, prometeu que nada faltaria em seu lar que era assim que chamava o casabre em que morava com suas filhas.

a mais nova foi para o estrangeiro casada com um homem menos duro.

a mais velha sempre passeou com ele no parque. era a única mulher que ousava dar um beijo naquela barba suja de trabalho e lhe tomar o braço para acompanhá-lo. ela fugiu de casa um certo dia e 4 meses depois voltou grávida pedindo abrigo. o pai a aceitou como se nada tivesse acontecido.

voltaram a passear pelo parque, eram outros tempos, percebeu. ele pode ver a barriga crescer. procurou em suas lembranças algo parecido... nunca esteve presente.

foi um parto difícil. sua filha e sua neta não resistiram. sumiu do mapa durante uns 5 anos até que voltou a passear pelo parque.

encontrei-o no parque. semblante duro, quase avareza. no modo em que se apoia na bengala, um espaço denso e amoroso de dar o braço para que curem sua saudade.