a million parachutes

for us

09 maio 2004

:: city lights

faz frio em são paulo. posso tirar as blusas e cachicóis e luvas do armário. quando o sol dá ares de sua graça, as pessoas aplaudem para dentro. esse é um brasil que as pessoas não se importam muito. nem é triste e nem é alegre. hoje em dia é uma obrigação ser triste ou alegre. gosto dessa são paulo que se deixa caminhar sem palpitações constantes. o metrô é pontual. o café é um pouco forte. as livrarias vendem o que faz bem. os namorados discutem horários e lavanderias. as mostras de cinema são redutos. os shoppings tem aquecedores.

penso nas pessoas que amei. são paulo no frio é convidativa a isso. e ao invés de calcular as falhas que tive, imagino se essas pessoas amadas estão sentindo o mesmo frio que sinto agora. talvez estejam tendo a mesma idéia de ir tomar um chá ou café. lembro-me dos sorrisos, sim, os sorrisos são como calefação das almas.

uma moça em outra mesa convesa com sua amiga sobre as inseguranças do seu amado. acho primeiro que é coincidência, mas depois penso que deve ser o tema de nossas vidas. se não for por qualidade, é por número, já que tantas vezes pensamos no amor e seus opcionais. ela limpa as lágrimas como se ninguém tivesse notado que chorava. há um tratado de ignorar choro de constrangimento. paga o café da amiga também e ambas saem para nunca mais.

o amor é cego, penso. mas não é cegueira.