a million parachutes

for us

24 dezembro 2003



ana,

sempre que me fala de música, me dá cosquinhas de curiosidade de sua voz. não aquela afinada e competente, mas a imperfeita das conversações. risos, silêncios tensos. respiração. billie holiday era como uma rocha quando cantava, não se mexia, a figura deveria ser mto tensa: uma voz poderosa de um corpo inerte. mas acho que não deveria ser ruim conversar amenidades com ela. falar sobre preparos de temperos e poetas tristes em vésperas de natal. vou procurar uma biografia mais precisa embora me encante mais pelas romantizadas.

baixei da internet suas recomendações de mp3's. edu lobo e sua canção triste está entre elas. muito bonita mesmo, embora triste. paulinho moska é difícil encontrar e estou preparando um texto sobre a saudade e brigitte bardot. soube que em alguns cinemas de são paulo, há posters dela para serem vendidos. procurarei um caseiro que não ache estranho pendurar posters de brigitte bardot dizendo adeus nas paredes dessa casa invisível. poderia ser o móvel inaugural.

dançaria com prazer "cheek to cheek" com você. é uma dessas músicas de esquecer. rodopia-se a dois e deixa a pista (que pode não ser uma pista, mas telhados) ser uma máquina do tempo, dessas tratantes com o mundo ordinário; que paraliza os sentidos e conceitos ao nosso redor. uma big band de amigos não deve ser tão cara...

tenho algumas cordas extras de violão. posso lhe enviar se precisar. quando partir, convença-se de que não há nada de errado ou certo. o que existem são notas mais agudas e graves. é de seu violão que sai a canção.

é natal, veja só. só dizendo isso, a cor dessa carta fica vermelha. mas vou insistir no amarelo, porque se posso acreditar que voltará ainda melhor, também é possível que você reivente a cor amarela de coisa medrosa para coisas de ana.