a million parachutes

for us

23 dezembro 2003

:: retrospectiva _ flamingo

já é tarde. as ruas em silêncio sepucral. ouço o zumbido das lâmpadas públicas. tento ler, não tenho companhia a não ser o flamingo. ofereço café, ele bebe com prazer. dividimos a preocupação em manter estável a corrente elétrica da casa. pequenas piscadas. o flamingo olha para mim e diz para não me preocupar.

há no olho dele uma serenidade de coisa experiente.

o rádio marca as horas. me acordará se já não estiver. já é domingo. dia do senhor. todos ansiosos pelo dia improdutivo. imagino o parque cheio, dia difícil para o flamingo que disputará com pombos e rolinhas as migalhas de broas, pães e biscoitos. digo a ele que pode ficar, que não será incomodo se ele ficar em outros cômodos. minha leitura é preciosa. é necessário que termine até segunda de manhã. ele concorda. eu prepararei o café e ele, as torradas.

(julho de 2003)