:: retrospectiva _ espera.nça
você sempre esperando.
correndo atrás de borboletas que irão perder na seleção natural dessa cidade cinzenta; de pipas enroscadas em fios de alta tensão; de pormenores inúteis que julga serem jóias raras; de empregos bons; de salada de frutas sortidas e de amigos.
escrevendo linhas que quase ninguém lê e mesmo lido, facilmente esquecido. versos que desgostam da intimidade e morrem em seus próprios pontos finais.
tomando por certo, sonhos absurdos e inventando o abuso de torná-los reais.
você espera.
ainda que o tempo já o tenha condenado e os sintomas denunciem o futuro colapso. mesmo que já tenham dito que resta pouco e quase tudo está perdido.
ainda que cansado e um pouco manco, você separa a água suja do arroz e alimenta seu jardim que seca conforme o inverno avança, você espera.
atribuindo nomes e se disfarçando em falsos cognatos. falando línguas do estrangeiro, sentindo emoções do estrangeiro. convocando para celebrar a diferença e condenar a desigualdade. descobrindo na pele as injustiças amorosas e o desfazer de flores colombianas.
vem a noite e você mais que ela persiste, move a peça errada, inverte a tensão e desconhesse a corrente alternada. abre mão da promiscuidade e das drogas legalizadas e passa mais tempo na janela. usa a janela como porta e perde a chave da porta.
você espera e me dá o conceito mais sombrio de esperança. não morrerá só e terá o que sempre esperou.
(julho de 2003)
você sempre esperando.
correndo atrás de borboletas que irão perder na seleção natural dessa cidade cinzenta; de pipas enroscadas em fios de alta tensão; de pormenores inúteis que julga serem jóias raras; de empregos bons; de salada de frutas sortidas e de amigos.
escrevendo linhas que quase ninguém lê e mesmo lido, facilmente esquecido. versos que desgostam da intimidade e morrem em seus próprios pontos finais.
tomando por certo, sonhos absurdos e inventando o abuso de torná-los reais.
você espera.
ainda que o tempo já o tenha condenado e os sintomas denunciem o futuro colapso. mesmo que já tenham dito que resta pouco e quase tudo está perdido.
ainda que cansado e um pouco manco, você separa a água suja do arroz e alimenta seu jardim que seca conforme o inverno avança, você espera.
atribuindo nomes e se disfarçando em falsos cognatos. falando línguas do estrangeiro, sentindo emoções do estrangeiro. convocando para celebrar a diferença e condenar a desigualdade. descobrindo na pele as injustiças amorosas e o desfazer de flores colombianas.
vem a noite e você mais que ela persiste, move a peça errada, inverte a tensão e desconhesse a corrente alternada. abre mão da promiscuidade e das drogas legalizadas e passa mais tempo na janela. usa a janela como porta e perde a chave da porta.
você espera e me dá o conceito mais sombrio de esperança. não morrerá só e terá o que sempre esperou.
(julho de 2003)
<< Página inicial