a million parachutes

for us

18 novembro 2003

:: a hora da estrela

no programa de tv da cazé, há o processo. ensaios, leituras, a própria autora aparece. clarice tem esse jeito estrangeiro para acentuar ainda mais a nossa sensação de estrangeiro de nós mesmos. no livro, o autor fica metade do tempo da narrativa decidindo-se pela narrativa ou não. até o próprio autor questiona a validade de se contar a vida de macabéa.

macabéa é triste, mas é potência de felicidade. há muitas macabéas, há macabéas que são muitas.

e a hora da estrela é esse momento em que a multidão vê seu próprio desespero. é o momento que chegará para todos e todos reconhecem. no programa da cazé, o final é diferente. chama-se o dublê. a cartomante erra acertando. e me espantou -- um espanto de alegria -- esse novo final com o qual sempre sonhei secretamente - quem sou eu para imaginar por clarice? -- mas que nunca imaginava ver.

e me deu esperanças pensar que clarice pudesse ter inventando outros finais que não esse. e me deu coragem ao perceber que esse escolhido é tão bom quanto qualquer outro que eu imaginava.