a million parachutes

for us

16 novembro 2003

--- Sentenças ---

Nós nunca mudamos

Ela não liga pra luxos, nem luxos ligam pra ela, mas por um breve estouro decidiu que seria princesa.
E tentando descobrir como prendia a pequena coroa de strass, a quebrou.
Não chorou mas percebeu que nunca ia ser princesa, por que não lhe cabia esse papel. Ela não cabia ali.
Era mais, mas não muito.
Nunca aprenderemos a sangrar, mas nos aperfeiçoaremos na arte de encontrar novos machucados.

Olhos verdes

Embora a música acomode-se nos seus sonhos,ela já não sabe exatamente onde ela começa e a música termina.
E vice-versa.
O sol pode ser de qualquer cor, mas os olhos, estes serão pra sempre verdes, mesmo que não.

Dormir

As esperanças cansadas. O copo que faz marca no apoio, porque o gelo derrete. E o sono, e o sono.
Eu queria cantar pra você dormir, mas eu já não sei mais músicas.
Já que vamos fugir da luz, deixe-me pelo menos brilhar junto contigo.
O bem querer, você não sabe que eu não consigo dormir de noite? Daí eu chamo seu nome.


Amsterdam


Whisper a little pray for me my babe.
Prostitutas no subterrâneo, pombos nas grades, chãos imundos e nós poderíamos estar satisfeitos.
As coisas não justificam os chás, os folheados recheados de queijo ou coisa que o valha, os amanteigados com geléia.
A vida se auto-justifica em amsterdam e a gente praguejando contra as coisas que queríamos fazer especialmente por nós.
Todo mundo precisa, eu também.

Você só vive uma vez

"Isso é dedicado ao 'um' que eu amo". Enquanto repete acaba acreditando e pára de súbito e corre do palco.
Não entendendo, batem palmas, enquanto chora atrás de cortinas em frente a espelhos, puxa fios de cabelos de outros passados.
Aonde começa a chover e termina o arco-íris há muito mais que um pote de ouro e um duende safado.
Talvez haja alguém a quem ame, ou a quem cante.
Pede algo bem forte, e fuma pela primeira vez. Tosse, engasga, e os olhos enchem de lágrimas. Fez isso pra poder confundir choro
com os mecanismos do corpo que trazem lágrimas aos olhos e pra lembrar que amanhã talvez seja hoje.

Mundos bonitos

Eu deixei você me pintar da cor que preferia pra alegrar um pouco seus súbitos de apaixonar.
Você podia colocar as flores aonde quisesse, desde que soubesse aonde estariam quando estivessem mortas e fosse preciso
desfazer-se delas.
Podia haver campainhas, sinos ou rádios portáteis espalhos por todos os cômodos, cada um tocando uma música diferente.
Você podia ter colocado Beethoven, ou Mozart, mas você insiste nas letras que cisma cantar.
Segundas-feiras passaram a ser promessas. Domingos eram as estampas e as tintas.
Eu desenhei em post its mundos perfeitos e você os grudou na geladeira pra lembrar da felicidade quando o mal te acometesse.
Tenhamos destinos fabulosos e nos ocupemos das vidas perdidas por aí.

[Para Liza Sera-fim e Márcio Yo.]

from cristiane conti. muito grato, querida.