a million parachutes

for us

12 dezembro 2005

ana,

mais um ano chega ao fim. com este dia 15 que se aproxima, serão 2 anos que nossos palavreados se encontraram. faço um esforço para disfarçar a memória ruim e não cometer gafes sobre palavras que disse e não lembro ou palavras que nunca foram ditas mas me soam escritas.

nesta terra vasta não sobrou muito do nosso jardim e também alikan deve ter feito família em outro lugar. eu imaginava seu rio de janeiro um pouco bossa-nova e fazia contraste com a minha são paulo tão cheia de vícios e medos. eu sonhava com são paulo com outras caras. mas quem multiplica as almas não é o espaço e sim, o tempo.

já havia combinado com o feirante dos pistaches que lhe guardasse algum. mas ana querida, nos desencontramos. confesso que fiquei um pouco triste de não tê-la visto porque tenho essa mania de olhar. mas o feirante, assim como eu, sempre tem pistaches. os plantadores dessa iguaria nem imaginam o quanto de esperança alguns grãos podem significar.

eu ando um pouco perdido. umas vezes tenho impressão de que estou adiando a minha vida. outras é que ela já está acontecendo e só falta saber disso. tenho estado preocupado com a minha saúde e já me propus algumas atividades que tanto fazem bem à alma quanto ao corpo. penso em escrever algo com mais fôlego. ou fazer um mestrado. ou ter aulas de trompete. ou qualquer coisa que me mantenha com essa sensação de lúdico como quando escrevo para você.

mande-me relatos, fotos e notícias. sei que sua solidão é nuvem que apesar de constante, liquefaz-se em chuva e trovoada às vezes. agasalhe-se. falaram-me do frio. não quero que se adoente, principalmente quando a primavera chegar. mande-me postais da primavera que lembrarei bem.

beijos,

márcio