a million parachutes

for us

09 dezembro 2005

:: viridiana

eu estava em pé no metrô, com uma das mãos de apoio em cima, quando uma moça pegou na minha mão livre e ficou segurando. olhei para ela esperando que me perguntasse algo, mas ficou assim de cabeça baixa. olhei para os lados para ver se eu tinha perdido alguma coisa.

ela tinha cabelos lisos e leves, vermelhos e presos. uma tez bastante pálida. carregava uma bolsa pequena e usava uma blusinha com dizeres anarquicos. eu ia perguntar se estava tudo bem. então ela apertou mais forte, deixou seu rosto sobre minha mão e pude perceber pela ofegação e pela umidade que chorava ou havia chorado.

passei a mão em sua cabeça. enrosquei meus dedos em seus cabelos. ela percebeu a minha falta de destreza e senti um pequeno riso.

cheguei a minha estação. ela beijou minha mão e largou, não me olhou. saí como se nada tivesse acontecido. pensei em me virar e olhar através da janela. mas segui o meu caminho.

nas minhas mãos senti a história dessa cidade. o beijo que se perdeu na primeira pia de banheiro. o afago que desfaz o cabelo caro. e o toque deixa dois estranhos menos sós.