a million parachutes

for us

05 agosto 2005

:: ainda ela

o relógio que está na sala branca dela
se move exato tanto quanto pode ser
exato um relógio.
mas ela não respeita,
ela esquiva,
ainda e já,
síncope que é o tempo
do coração.

é o tempo encontrado,
que se quer encontrar,
que se quer perder
para depois encontrar.
o tempo dela é o agora
e diz muito sobre o que já foi
e o que ainda será.

se atrasou (caiu?),
levanta e corre.
se adiantou o relógio,
pára num boteco antes.
o que lhe suja a maquiagem
não é o choro das desilusões.
mas a inclinação que o tempo
faz sobre e dentro de si.

batom convexo,
vestidos de amarrar amor.
cachos de se perder.
cachos de se perder...

assim ela vai construindo seu tempo.
o coração torto que dita os segundos,
a cabeça sincopada de sentimentos,
e a esperança tensa de um eu infinito.