a million parachutes

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08 outubro 2004

:: solidão

passei umas duas horas andando pela cidade, sem rumo. o sol que batia no meu rosto não me revelava coisa alguma. ademais, um vento de frio cortante perpassava meu braço de quando em quando - havia esquecido a blusa. senti novamente as tremedeiras na mão e uma sensação antiga de caimbra. era um duelo tolo entre o corpo e a cabeça. pensei nos rumos da minha vida e percebi que não há quase nenhum. me senti o próprio vazio.

olhava para as pessoas e o sentido que me vinha naturalmente, hoje, deslocou-se. acho que perdi a fé. não as amava mais, passava por elas com indiferença. pensei na noite com os amigos. podem não estar todos bem, mas são fortes. acabarão achando algum caminho que os valha. não preciso estar por aqui.

na minha caminhada, procurei passar na frente da casa de outros amigos. deveriam estar dormindo, era muito de manhã. tinha na cabeça que essa peregrinação poderia ser útil na escolha de uma casa nova. talvez houvesse algum lugar equidistantes às suas casas. atravessei os prédios com melancolia. não era me mudando os ares que eu mudaria o escopo das minhas atitudes. para eles também, tanto fazia. meu lugar não é aqui.

todos os meus planos andam perdendo o sentido. assim como vou deixando de acreditar nos livros, cinema e tv. talvez a música seja um dos poucos alentos, mas mesmo ela não tem me afetado.

a solidão anda refratando meus olhos e o dia, aniquilando o coração.