a million parachutes

for us

06 outubro 2004

:: dry your eyes



o cachorro olha para mim.
- seu moço, vai lá.
- aonde?
- não sei, um lugar seguro ou que soe seguro. que você possa ser você mesmo, abanar o rabo quando estiver feliz e mostrar ofegação com a língua. eu digo coisas através do corpo, você precisa das palavras.
- preciso porque a carne não me cabe os sonhos. você sonha, cãozinho?
- sonho sim. olho tanto para você aqui de baixo que já olho através de você. sonho com o céu. falam de cores e me confundem. cores existem?
- cãozinho, o essencíal é invisível aos olhos. é próximo do cheiro quando o cheiro se parece com uma casa ou o cheiro que você gostaria de ter como casa.
- a casa tem cheiro de pão. gosto de pães amanhecidos, ração é monótona.
- vou-lhe deixar então pães amanhecidos de um forno que me é muito caro.
- au! onde está?
- estará perto quando seu rabo balançar.
- au!