a million parachutes

for us

29 junho 2004

:: plese, shine

o acaso às vezes nos detém com sua destreza. encontrei-me com uma velha amiga por acaso. era uma dessas amizades que poderiam ser qualquer coisa. poderíamos vencer os exércitos americanos ou inventar novos sabores para frapês. poderíamos ser bons parceiros de dança de salão ou bons subversivos da solidão. mas a vida nos afastou e o acaso fez das suas.

ficamos encabulados. talvez por essa sensação do que poderíamos ter sido ou uma certa reserva para pensar se ainda tínhamos os assuntos, forças e desejos que poderiam nos fazer voltar a ser. conversamos por uma boa meia-hora. nem pude dizer as coisas que agora aqui organizo. tem certas pessoas com quem o cérebro se eleva a pedido do coração. lembrei-me de todas as canções comuns, cores e formas. comecei a ter idéias, mas que ficaram só para mim. a gente chega numa certa idade que acha ridículo compartilhar certas coisas com medo de ser ameaçadoramente chato ou deselegante. percebi o incomodo dela também e apressei a despedida.

ela me deu um abraço leve, mas que dizia que éramos duas pessoas boas, aquele gesto de quem diz: "não mudei tanto assim, ainda é meu assim como sou sua também". a gente se afasta das pessoas por coisas bobas, mas que fundamentam nossa vida hoje em dia. resolvi que, ao contrário dos fundamentos, vou revê-la. serei mais acaso.