a million parachutes

for us

15 abril 2004



ana,

nem faz tanto tempo que não nos falamos, mas já sinto saudades. acho que já sentia saudades de ti antes mesmo de te conhecer. lembro-me do primeiro contato com suas letras e me confundia com tanta gente que há por aí. e de repente não era uma na multidão, mas uma multidão em uma. quem era aquela e suas ousadias? pensava entre preocupações e suspiros tenros. a minha cabeça estava cheia e seus versos criavam espaços. por um momento fiquei feliz pela contemporaniedade.

hoje percebo que o tempo nos favorece apesar das armadilhas e desencontros. falava do sumo de estar presente, da casa invisível e jardim de metáforas. o coração era aberto para os neologismos amorosos. na noite fria, não era o conforto cinico do cobertor, mas a brisa doentia quem revelava a pulsação. as crises de asma. o risco de ser muito triste era o reverso da surpresa da alegria. o tempo nos favorece porque já não há mais tanto tempo.

vou sentindo saudades, evitando ao máximo sentir falta. mas é possível? alikan late baixinho.

marcio