ana,
nem faz tanto tempo que não nos falamos, mas já sinto saudades. acho que já sentia saudades de ti antes mesmo de te conhecer. lembro-me do primeiro contato com suas letras e me confundia com tanta gente que há por aí. e de repente não era uma na multidão, mas uma multidão em uma. quem era aquela e suas ousadias? pensava entre preocupações e suspiros tenros. a minha cabeça estava cheia e seus versos criavam espaços. por um momento fiquei feliz pela contemporaniedade.
hoje percebo que o tempo nos favorece apesar das armadilhas e desencontros. falava do sumo de estar presente, da casa invisível e jardim de metáforas. o coração era aberto para os neologismos amorosos. na noite fria, não era o conforto cinico do cobertor, mas a brisa doentia quem revelava a pulsação. as crises de asma. o risco de ser muito triste era o reverso da surpresa da alegria. o tempo nos favorece porque já não há mais tanto tempo.
vou sentindo saudades, evitando ao máximo sentir falta. mas é possível? alikan late baixinho.
marcio
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