a million parachutes

for us

22 março 2004



ana,

há alguns dias esta carta matuta na minha cabeça. pensei que se eu desenhasse algo bonito poderia ser metade dela. mas não consigo tê-la completa, não sei onde terminar. e por isso não comecei direito a escrevê-la. penso que não é só respostas que quero lhe enviar, mas não evito o sentimento de aconchego que quero lhe passar. a carta da minha cabeça vai envelhecendo. as notícias deixam de ser notícias. e embora seja inédito, essas palavras soam reprises.

compartilho suas questões da alma como quem comenta livro ousado. não vou dizer que não seja pesado, porque estaria mentindo descaradamente. mas talvez fosse menos amoroso se falasse apenas dos desejos e não da angustia que os sustenta. recebo a generosidade de seus sentimentos com agradecimento. mesmo que as minhas falas sejam assim secas e rudes, elas quase sempre querem dizer "obrigado".

acho sinceramente que deve parar de fumar.

mais alguns dias e posso ir vê-la. não sei a data porque datas já deixaram de ser exatas. talvez essa carta que matuta na minha cabeça tenha horas, dias ou só alguns séculos.

minhas mãos andam tremendo menos. e há uma folga sinistra nos meus tênis. acho que estou encolhendo. ou é o coração que alarga. dizem que corações grandes precisam ser mais fortes. o pulmão ajuda. e o meu é mais forte que o seu (pára de fumar!!!rs).

vou comprar um outro cão para fazer companhia a alikan. um dia faço companhia a você. a carta da minha cabeça está aborrecida por esta que vai agora é o que pude. mal sabe que ela mesma nunca será mais que isso.

bj

márcio

p.s. são paulo anda tão só.