a million parachutes

for us

19 março 2004



ana,

recebi suas chuvas e paráquedas como quem aterriza também. dos lápis aquarelados você faz brincadeiras e visões. a paisagem lá fora está borrada, não sei se sou eu quem as borra ou se elas choronas vão decantando em si. ainda estou procurando os gizes pastel, até segunda-feira talvez desista de desenhar se não encontrá-los. falaram-me que manchar com algodão umedecido dá um ar expressionista aos desenhos. e agora eles me deram essa possibilidade remota de monet e eu só queria fazer um desenho invísivel para você...

todo dia leio um pouco seus manuscritos. preciso organizar meu tempo e dar mergulhos na sua piscina. não sei nadar, mas quero aprender. disse a mim mesmo que aprenderia a cantar também. o ano é feito de promessas. na minha cabeça passa tantas outras que fiz; se as cumpri não importa tanto agora. pois sim, eu as cumpri.

na noite seguinte da sua angústia, pensei na possibilidade de que eu também poderia ficar angustiado. no começo era vontade de partilhar a sua, depois me deu medo. todavia, é só. nada mais. nesse mundo medroso, não serei eu mais a rodar essa história de terror e cale-ses. quero ser daqueles, como você, que resistem as atrocidades com desenhos, palavras e boas receitas.

hoje estou preguiçoso. não quero chamar de cansaço que desse mal já reclamo muito. é uma carta rala, quase sem sentimento. mas era só para dizer "oi" enquanto volto a procurar o que ultimamente não consigo encontrar.

márcio

p.s. cachorinho rules!