:: daniel
encontrei daniel numa fila de banco. estava tirando o restinho da poupança para se mudar para poa. da última vez que vi há alguns anos, ele tinha cabelos compridos e não usava óculos. lembro-me de alguém dando a última de que ele fugira da escola.
as notícias que correram era que ele assumira a lavanderia do pai e que por algum tempo prosperou. até que se casou por ter engravidado a namorada. ouvi falar sobre a falência da lavanderia em tempos de lavagem a seco. o difícil, ele me contava depois da fila, numa padoca, era gastar pouco para esquentar a água.
não conversei com daniel sobre fellini ou livros surpreendentes. de política só comentamos que o pt não era mais o mesmo. ele gostaria de ter falado sobre mulheres e como as conquistava, mas inibiu-se. acho que nunca tinha visto ele se inibir com esse assunto. falamos de futebol (palmeirense adorando a gaviões cair e a macha subir no carnaval) e de como estava difícil arranjar um emprego. que era muita sorte ter um diploma e que tinha esperanças de voltar a estudar. ajeitou os óculos, olhou para mim e disse:
-- japonês, se isso tiver vazio não tem jeito.
apontava para o coração. deu dois tapas sonoros em meu peito e disse o boa sorte mais sincero que já ouvi. e foi embora. pensei que podia ter dito que nos reencontraríamos ou mesmo trocar telefones. mas ao contrário de mim, daniel sabe das coisas.
encontrei daniel numa fila de banco. estava tirando o restinho da poupança para se mudar para poa. da última vez que vi há alguns anos, ele tinha cabelos compridos e não usava óculos. lembro-me de alguém dando a última de que ele fugira da escola.
as notícias que correram era que ele assumira a lavanderia do pai e que por algum tempo prosperou. até que se casou por ter engravidado a namorada. ouvi falar sobre a falência da lavanderia em tempos de lavagem a seco. o difícil, ele me contava depois da fila, numa padoca, era gastar pouco para esquentar a água.
não conversei com daniel sobre fellini ou livros surpreendentes. de política só comentamos que o pt não era mais o mesmo. ele gostaria de ter falado sobre mulheres e como as conquistava, mas inibiu-se. acho que nunca tinha visto ele se inibir com esse assunto. falamos de futebol (palmeirense adorando a gaviões cair e a macha subir no carnaval) e de como estava difícil arranjar um emprego. que era muita sorte ter um diploma e que tinha esperanças de voltar a estudar. ajeitou os óculos, olhou para mim e disse:
-- japonês, se isso tiver vazio não tem jeito.
apontava para o coração. deu dois tapas sonoros em meu peito e disse o boa sorte mais sincero que já ouvi. e foi embora. pensei que podia ter dito que nos reencontraríamos ou mesmo trocar telefones. mas ao contrário de mim, daniel sabe das coisas.
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