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já é tarde. as ruas em silêncio sepucral. ouço o zumbido das lâmpadas públicas. tento ler, não tenho companhia a não ser o flamingo. ofereço café, ele bebe com prazer. dividimos a preocupação em manter estável a corrente elétrica da casa. pequenas piscadas. o flamingo olha para mim e diz para não me preocupar.
há no olho dele uma serenidade de coisa experiente.
o rádio marca as horas. me acordará se já não estiver. já é domingo. dia do senhor. todos ansiosos pelo dia improdutivo. imagino o parque cheio, dia difícil para o flamingo que disputará com pombos e rolinhas as migalhas de broas, pães e biscoitos. digo a ele que pode ficar, que não será incomodo se ele ficar em outros cômodos. minha leitura é preciosa. é necessário que termine até segunda de manhã. ele concorda. eu prepararei o café e ele, as torradas.
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