:: caminhar
a moça já tinha a prática. o homem se deixava levar. ruas planas eram sempre mais serenas. fora os paralelepípidos! ela não era forte, tinha um corpo pequeno e delicado, embora seus braços parececem mais velhos. o homem também tinha braços fortes. seus olhos eram tristes e quase sempre fitavam o chão. era difícil para ele. talvez fosse mais fácil para ela.
cadeiras de rodas são metáforas de uma mobilidade imperfeita.
quando ela foi atravessar a rua, percebeu que a guia seguinte era mais alta. tentou pegar um impulso que não assustasse o homem mas que a levasse para o outro lado. conseguiu colocar as duas rodinhas da frente, mas não aguentou o peso do homem para impulsionar a cadeira. ficou no meio fio, esforçando-se.
o homem não podia com aquilo. angustiava-se, mas calava. qualquer coisa que dissesse poderia causar pena nele mesmo. encolheu-se na cadeira. a menina desesperada sentiu que não conseguiria. pensou que se o deixasse cair tudo ainda mais estaria perdido. o esforço que ela teve de fazê-lo acreditar nas coisas, as receitas que disse que ensinaria (havia convencido ele a ser confeiteiro), os objetos que produziriam com barro e vidro. amava-o. não tinha esperanças por si, mas deveria ter por ele.
ela pediu ajuda a um passante. o homem ainda mais humilhado nem quis ver o rosto de quem lhe ajudava. ouviu só a menina agradecer quando ambos já estavam do lado que objetivavam. ele cruzou seu braço esquerdo até o ombro onde estava a mão direita da moça. era um agradecimento. a moça apertou forte por alguns segundos; era um de nada.
a moça já tinha a prática. o homem se deixava levar. ruas planas eram sempre mais serenas. fora os paralelepípidos! ela não era forte, tinha um corpo pequeno e delicado, embora seus braços parececem mais velhos. o homem também tinha braços fortes. seus olhos eram tristes e quase sempre fitavam o chão. era difícil para ele. talvez fosse mais fácil para ela.
cadeiras de rodas são metáforas de uma mobilidade imperfeita.
quando ela foi atravessar a rua, percebeu que a guia seguinte era mais alta. tentou pegar um impulso que não assustasse o homem mas que a levasse para o outro lado. conseguiu colocar as duas rodinhas da frente, mas não aguentou o peso do homem para impulsionar a cadeira. ficou no meio fio, esforçando-se.
o homem não podia com aquilo. angustiava-se, mas calava. qualquer coisa que dissesse poderia causar pena nele mesmo. encolheu-se na cadeira. a menina desesperada sentiu que não conseguiria. pensou que se o deixasse cair tudo ainda mais estaria perdido. o esforço que ela teve de fazê-lo acreditar nas coisas, as receitas que disse que ensinaria (havia convencido ele a ser confeiteiro), os objetos que produziriam com barro e vidro. amava-o. não tinha esperanças por si, mas deveria ter por ele.
ela pediu ajuda a um passante. o homem ainda mais humilhado nem quis ver o rosto de quem lhe ajudava. ouviu só a menina agradecer quando ambos já estavam do lado que objetivavam. ele cruzou seu braço esquerdo até o ombro onde estava a mão direita da moça. era um agradecimento. a moça apertou forte por alguns segundos; era um de nada.
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