a million parachutes

for us

14 novembro 2006

ana querida,

concordo contigo sobre a raridade das cartas. eu pensava que eram os tempos modernos e suas velocidades nos roubando oportunidades para escrever ou qualquer coisa assim. mas lendo sua carta percebi que é mais uma prática que se deve acostumar do que propriamente um esforço para se comunicar. digo isso porque nas linhas que escreveu quase pude sentir as disrtmias do teu coração. pude sentir o olhar como uma lente e as palavras como uma edição, as histórias se tornando poesia, crônica de uma cidade-casa. eu tento cultivar esse hábito em pequenos versos ou vídeos e de certa forma sempre acho que você os lerá. com sua útlima carta, não me veio apenas notícias boas, veio-me também possibilidades para te escrever.

nestes últimos meses comecei a plantar algumas flores. nesta semana tenho uma boa coleção de cravos e girassóis. na minha pretensão a agricultura, também plantei legumes como a cebola e algumas frutas como o tomate e, com mais ambição, melancias. tornou-se um hábito bom regar e fornecer adubo às plantas, um exercício de paciência a este mundo tão tecnico. cada dia aprendo algo novo como o tamanho das raízes e o tempo de floração. cada coisa tem seu tempo, até o ser humano, mas dentro do que lhe é dado, o homem é um subversivo! o que poder algo ruim ou bom.

aqui em paulicéia city as coisas vão indo como sempre. eu pego atalhos na cidade para não perder em mim mesmo. ganho tempo mudando meus horários e itinerários e gasto numa caminhada na avenida paulista a noite. ando pensando muito em seres imaginários. em seres memoriais. em seres de longe. e quando dou por mim os vejos muito perto. a lente do meu cansaço às vezes os faz muito tristes. mas como eu, são todos sugestivos a felicidade.

os dias vão indo. é um exercício de vivência cada manhã. fazer do cílio caído uma melodia. depois ser destroçado pelo trabalho, mas com aquela cílio-nota zumbindo no ouvido. você é um cílio, ana.

bjs

márcio