a million parachutes

for us

12 novembro 2006

:: 2 horas da manhã

o som em suspensão da madrugada,
os luxes rarefeitos das estrelas,
as nuvens que envolvem a cidade,
as àrvores móveis e subversivas,
sirenes ao longe, helicópteros tão perto,
o cheiro dos botecos recém-fechados,
alguém dorme, sou eu? não estou com sono.
a chuva começa lenta e amiga,
não a vejo, sinto através do pano úmido
da blusa desbotada em lugar que ninguém repara.
preciso de dinheiro, quero viajar.
vou entragar uma carta em mãos para ana,
vou ouvir novamente o som em suspensão
da madrugada de akihabara.
penso que meus olhos devem estar bonitos
para quem consegue enxergá-los assim no escuro
porque as pupilas dilatadas dão um ar atento.
a mochila pesada, os tênis sem sola,
caderno de anotações de versos sem rima,
uma lembrança tardia ao horário de telefonemas.
quem está me sonhando agora? é você?
estou me desfazendo na rotina desta cidade,
nos ângulos agudos dos prédios inacabados,
e no desejo de que a madrugada me refizesse.